Entenda por que Elon Musk defendeu o uso de petróleo e gás natural
Existe um abismo entre nossas intenções e os efeitos práticos de nossas ações. O economista norte-americano e vencedor do prêmio Nobel de economia Milton Friedman disse uma vez que um dos maiores erros que se pode cometer é avaliar uma política pública por suas intenções, e não por seus resultados. E sim, isso tem tudo a ver com o título desta análise.
Confira a seguir o comentário de Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe e sócio-fundador da casa de análise Levante Ideias de Investimento, sobre o tema. Todos os dias, Bevilacqua traz notícias e avaliações de empresas de capital aberto para você tomar as melhores decisões de investimento. Este conteúdo é acessível para os assinantes do UOL. O UOL tem uma área exclusiva para quem quer investir seu dinheiro de maneira segura e lucrar mais do que com a poupança. Conheça!
Nas últimas décadas, governos ao redor do planeta, especialmente em regiões mais desenvolvidas, como a Europa, têm promovido incansavelmente uma agenda ambiental que tem como principal pauta a transição das matrizes energéticas poluentes e não renováveis para fontes limpas e renováveis. Em outras palavras, a ideia é trocar petróleo, carvão e até mesmo a energia nuclear por energia solar, eólica, hídrica, dentre outras.
A ideia é, sem sombra de dúvidas, muito bem-intencionada. Afinal, os combustíveis fósseis emitem um imenso volume de poluentes na atmosfera do nosso planeta, enquanto a energia nuclear gera resíduos tóxicos e cria um risco, embora pequeno, de acidentes desastrosos.
Contudo, o processo de transição energética não é nem rápido e nem fácil. Gostemos ou não, ainda somos altamente dependentes de fontes "sujas" de energia, e algumas das metas estabelecidas como parte desse processo são bastante irreais.
A Alemanha, por exemplo, vem seguindo um plano de redução gradual da dependência de energia nuclear ao longo dos últimos anos, e tem atualmente apenas três usinas nucleares em atuação. Contudo, o fechamento de usinas tornou a Alemanha completamente dependente do gás natural russo, outrora barato e abundante, e agora escasso e caro, em virtude da invasão do país governado por Vladimir Putin à Ucrânia.
Outro caso curioso é o dos automóveis. Boa parte dos países desenvolvidos tem estabelecido metas para pôr um fim no comércio de veículos movidos a combustão, projetando que o futuro da mobilidade urbana será elétrico. Elon Musk é o CEO da montadora de veículos elétricos Tesla (Nasdaq: TSLA), e, portanto, é uma das pessoas que mais tem a ganhar caso esse cenário se concretize.
Contudo, Musk também sabe ser pragmático. "De forma realista, precisamos usar petróleo e gás no curto prazo porque, caso contrário, a civilização desmoronará", disse o bilionário durante um evento na cidade de Stavanger, na Noruega.
De fato, é impossível tentar estabelecer metas irreais para o abandono dos combustíveis fósseis, uma vez que essa fonte de energia foi uma das mais importantes bases da economia global ao longo de todo o século 21.
Os produtores norte-americanos de petróleo e gás têm enfrentado oferta cada vez menor de capital, em ambiente regulatório hostil, junto de escassez de materiais e mão de obra que, somados, apresentam obstáculos significativos a novos projetos.
Os bancos estão cada vez mais relutantes em fornecer linhas de crédito rotativo ou facilidades de empréstimo para a indústria de petróleo e gás. E vêm cortando linhas de financiamento impulsionados por fatores econômicos e políticos.
Em linha com o movimento dos princípios ambientais, sociais e de governança (ESG), mais de 100 bancos, que representam 38% dos ativos bancários globais, assinaram a Declaração de Compromisso da Aliança Bancária Net-Zero da ONU.
Nele, eles se comprometem a fazer a transição de suas carteiras de empréstimos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e atingir emissões líquidas zero até 2050 ou antes. Vários bancos dos EUA aderiram à iniciativa, e isso está drenando recursos necessários para manutenção e ampliação da oferta.
Portanto, Musk está certo nessa. Mesmo que desejemos viver em um planeta mais limpo e sustentável, é preciso fazer essa transição de maneira responsável, com metas realistas e respeitando sempre as necessidades da economia global.
Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo estrategista-chefe e sócio-fundador Rafael Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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