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Investimentos no exterior: veja se vale ter conta em corretora fora do país

Vinícius Pereira

Colaboração para o UOL, em São Paul

13/05/2021 04h00

A busca por uma carteira de investimentos ideal faz com que ativos no exterior, principalmente dos EUA, sejam levados em consideração pelo investidor na hora de investir. Mas, antes de estudar quais ações de empresas estrangeiras deve comprar, o investidor precisa definir de qual forma esse investimento será feito: em conta de corretora lá fora, por um banco ou por meio de uma corretora brasileira mesmo? Qual vale a pena?

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, antes de tomar a decisão sobre investir por meio de corretoras brasileiras ou estrangeiras, o investidor precisa analisar os custos envolvidos, taxas e, também, se ele investirá em ações ou BDRs (Brazilian Depositary Receipts, em inglês), recibos negociados na B3 de papéis listados no exterior.

Confira abaixo a análise dos especialistas e veja se vale ter uma conta em corretora no exterior.

Antes de decidir, avalie que tipo de investimento quer fazer

O investidor já entendeu a importância de diversificar a carteira com fundos multimercados, ações, FIIs [fundos imobiliários], mas ainda há uma resistência de diversificar geograficamente. Mas a forma vai depender muito de cada pessoa.
Arthur Constancio, especialista de produtos e alocação na BlueTrade

Caso o investidor que queira fazer investimentos no exterior escolha por manter uma conta em uma corretora no Brasil, as opções de investimentos dele são BDRs, fundos de investimentos e ETFs —fundos ligados a índices. Nesses casos, já existem opções com ativos estrangeiros.

Já caso ele decida abrir uma conta no exterior, seja em uma corretora lá fora ou por meio dos bancos, poderá comprar ações e fundos diretamente nas bolsas estrangeiras, e ainda tem opções de títulos de renda fixa estrangeiros, que não existem no mercado brasileiro.

O investidor precisa avaliar as duas possibilidades e levar em consideração as vantagens e desvantagens, e buscar o que faz sentido para ele em relação aos custos e, principalmente, tributação.
Wagner Varejão, sócio da Valor Investimentos

Corretoras no exterior abrem espaço para brasileiros

O maior apetite dos investidores por ativos no exterior fez com que as corretoras estrangeiras abrissem espaço para o público brasileiro, dando a opção de o investidor brasileiro comprar as ações de lá de fora diretamente.

Na Avenue, por exemplo, uma das mais famosas corretoras voltadas ao investidor brasileiro, mas com sede no exterior, as taxas variam de acordo com o tamanho das compras, além do imposto e da diferença no câmbio entre o real e o dólar.

As ordens para compras de ações vão de US$ 1,00 por ordem a US$ 8,60, a depender do valor da operação. Além disso, há ainda o valor do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38%, e uma margem da empresa sobre o câmbio, que não é revelada.

Além da Avenue, há outras que têm atendimento para brasileiros, como a Passfolio, a Stake e outras.

Corretoras e bancos brasileiros ajudam a investir no exterior

Os bancos e as grandes corretoras do Brasil, por exemplo, oferecem a possibilidade de clientes de alta renda abrirem contas no exterior e, assim, investirem diretamente em ações nos EUA, por exemplo.

A XP Investimentos informou que conta com um time nos EUA "para o atendimento do cliente Private, que abrange desde processos digitais para abertura de conta até o acesso a um time global de investimentos". A corretora não informou qual o montante necessário para que o investidor possa abrir uma conta no exterior por meio da plataforma, mas disse que não cobra taxas de manutenção, custódia ou de abertura de conta.

Procurados pelo UOL, Bradesco e Santander afirmaram, em nota, que já disponibilizam contas no exterior para clientes de alta renda, mas não informaram os custos envolvidos. Já o Banco do Brasil, Caixa e Itaú Unibanco não se manifestaram.

Já para quem deve optar por uma corretora brasileira, geralmente as taxas para BDRs são as mesmas do que para ações brasileiras. A XP, por exemplo, cobra R$ 2,90 para operações com BDRs de day trade e R$ 4,90 para demais. Já corretoras como a Clear ou o Banco Inter, por exemplo, oferecem o serviço gratuitamente.

BDRs ou ações no exterior? O que compensa mais?

Caso o investidor já conheça os custos envolvidos, deve decidir se opta por comprar BDRs via corretoras brasileiras ou ações diretamente no mercado dos EUA.

Para Wagner Varejão, sócio da Valor Investimentos, o BDR é menos líquido do que as ações norte-americanas. "Os BDRs possuem uma diferença no preço de compra e venda do ativo, que gira em torno de 0,15% a 0,3%, mas isso tende a diminuir com o amadurecimento do mercado", diz.

Em relação à compra direta nos EUA, o investidor terá que pagar IOF, além do spread da corretora em relação ao câmbio. "Há IOF sobre o valor enviado para a conta lá fora, além de um spread no fechamento do câmbio, que varia muito, não é como dólar turismo, mas ainda há algumas taxas
salgadas, que chegam a 3%", afirma Varejão.

O especialista destaca ainda que, em caso de morte do investidor, as ações nos EUA devem ficar sujeitas à tributação de heranças no país, que pode chegar a 40% do total - o que não incide, por exemplo, no caso de BDRs e fundos comprados no Brasil.

Se você tiver o recurso lá fora, para fim de sucessão, você estará enquadrado na legislação americana e lá o imposto sobre herança para investidores não-residentes pode chegar a 40% do valor que você tem investido.
Wagner Varejão, sócio da Valor Investimentos

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