Prestações do financiamento caindo na conta, cartão de crédito cheio de compras parceladas, cheque especial no limite. Quem nunca se viu endividado ou enrolado com dívidas, pagando juros em cima de juros? Mas como começar a sair do buraco?
No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, a planejadora financeira Lueny Santos diz qual a dívida que tem o custo mais alto e fala sobre como amortizar o financiamento imobiliário para reduzir o saldo devedor. Ela mostra ainda qual dívida pagar primeiro e como fazer portabilidade de empréstimo.
"Cada dívida funciona de uma maneira. Financiamento é diferente de empréstimo. No financiamento, você tem algum bem relacionado ao valor da dívida e, geralmente, tem taxas menores que as de um empréstimo", diz.
Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo do dia 3 de novembro, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido semanalmente, às quintas-feiras, das 16h às 17h.
Para também ter sua dúvida respondida no programa, envie sua questão para o Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br.
Financiamento imobiliário: tabelas SAC ou Price?
Lueny explica que as tabelas SAC (Sistema de Amortização Constante) e Price (Sistema Francês de Amortização) são sistemas de amortização de um financiamento a longo prazo, pagas ao banco ou à construtora na hora de financiar a compra de um imóvel.
"No sistema SAC, ao pagar a parcela, você vai reduzir sempre o mesmo valor daquele capital principal que você pegou com o banco. Por isso, o valor da parcela vai reduzindo ao longo do tempo, pois a amortização no saldo devedor é sempre igual", diz. Ou seja, as parcelas são mais altas no início e menores no final.
Já no sistema Price, as parcelas são constantes, segundo Lueny. "Você paga sempre o mesmo valor. O valor da primeira parcela vai ser igual ao valor da última parcela. Nesse sistema, você consegue saber a previsibilidade de quanto será a parcela ao longo de todo o contrato", afirma. Geralmente, diz ela, os juros pagos na tabela Price são mais altos.
Para ela, vale você comparar os dois sistemas, antes de fazer o seu financiamento imobiliário. "Daí você consegue visualizar os dois cenários, para ver o que melhor cabe no seu orçamento", declara.
Qual é a pior dívida que posso fazer, com o maior custo?
É o parcelamento da fatura do cartão de crédito, diz ela.
Segundo Lueny, os juros podem chegar a 400% ao ano, em média, de acordo com o levantamento feito com todas as instituições. "Já imaginou a bola de neve que isso vai virar?", diz a planejadora financeira.
Segundo ela, os juros do parcelamento da fatura do cartão de crédito não são fixos; eles vão mudando mensalmente.
"Por isso é tão importante controlar os gastos no cartão de crédito. Muita gente fala que o cartão de crédito é o vilão do nosso orçamento. Na verdade, nós é que somos os vilões do nosso orçamento, porque quem usa o cartão de crédito somos nós", afirma.
Para Lueny, você não deve considerar o limite do seu cartão de crédito (muitas vezes bem acima do que você ganha) como extensão do seu salário.
Vale tomar cuidado, diz ela, com a possibilidade de parcelar uma compra no cartão. "Muitas vezes você compra algo cujo valor total não está dentro do seu orçamento, mas o valor das parcelas, sim, o que faz você adquirir aquele produto", afirma.
Ela diz que o maior problema é quando você vai acumulando várias parcelas no cartão de crédito, até a fatura vir com um valor mais alto do que você pode pagar, o que te leva a parcelar a pagamento.
"Se isso acontece com você, vale dar uma olhada, primeiro, no seu padrão de vida; segundo, na forma como você está usando o seu cartão de crédito [como extensão do salário ou sem controle financeiro]; e terceiro, como resolver para pagar uma fatura alta, sem ser o parcelamento", afirma.
Como pagar mais rápido um financiamento imobiliário de 30 anos?
A planejadora financeira diz que uma opção é aumentar o valor do seu pagamento mensal. "Além da parcela que você paga, você pode pagar um outro valor para aumentar a amortização do seu saldo devedor", afirma.
Ela diz que, na tabela SAC, "você paga um valor para o seu saldo devedor diminuir, consequentemente os juros que vão incidir serão menores, e a sua parcela vai ser menor também."
"No sistema Price, geralmente você paga as últimas parcelas, onde os juros são menores, para ir pagando o financiamento mais rápido", explica.
Lueny diz que, para quem consegue se organizar financeiramente, essa é uma estratégia que vale a pena. "Isso porque financiamento é uma dívida, e você está pagando juros por essa dívida. Então, é interessante você conseguir pagar menos juros. Se você conseguir aumentar o valor do seu pagamento mensal, você consegue quitar o seu financiamento mais rápido", afirma.
Lueny diz ainda que é possível usar o saldo do seu FGTS, a cada dois anos, para amortizar o seu financiamento imobiliário.
Grana extra: quito o financiamento imobiliário ou aplico o dinheiro?
"Depende da taxa de juros do seu financiamento imobiliário", diz Lueny.
Segundo ela, a taxa de juros de um financiamento vai mudando de acordo com a taxa Selic. "Quando a Selic está alta, geralmente as taxas de empréstimos e de financiamentos também estão altas, como no momento atual", explica. A taxa Selic hoje está em 13,75% ao ano.
O que você precisa avaliar: A taxa do seu financiamento imobiliário é maior do que a rentabilidade que você vai conseguir nos seus investimentos?
"Se a taxa do financiamento for maior, é melhor quitar o financiamento. Não faz sentido você colocar o dinheiro em um investimento que está rendendo um valor menor", afirma.
No cenário inverso, vale a pena deixar o dinheiro investido por um tempo e continuar pagando as parcelas do financiamento. "Depois, você pega o valor acumulado do investimento para amortizar o seu saldo devedor do financiamento ou até quitar a dívida", diz.
Como escolher os investimentos para isso? Para ela, vale neste caso escolher investimentos mais conservadores.
"A Bolsa é um investimento um pouco mais arriscado porque tem mais volatilidade. Quando você coloca dinheiro na Bolsa esperando uma rentabilidade fixa, você está correndo um risco muito grande de isso não acontecer", afirma.
Montar estratégia para pagar a dívida Lueny diz que, se você tem financiamentos, empréstimos, consórcios ou cheque especial com taxas de juros alta, o recomendado é montar uma estratégia para quitar essa dívida o mais rápido que puder. "Ninguém quer jogar o dinheiro fora com juros", declara.
Para ela, é preciso olhar com atenção para essa estratégia. "E não buscar investimentos achando que existem investimentos milagrosos", afirma.
Bancar estudos: vale pegar empréstimo ou fazer financiamento?
A planejadora financeira diz que há outras formas de parcelamento para custear a pós-graduação, mestrado, MBA, entre outros. "É melhor você avaliar com a própria instituição quais as formas de pagamento possíveis dentro do seu cenário", diz.
Segundo ela, as taxas atreladas a estudos são, em geral, menores que taxas de empréstimos e financiamentos.
Outra opção é começar a juntar, com antecedência, o dinheiro em uma reserva para pagar o curso. Para isso, vale fazer um planejamento financeiro para poder realizar esse projeto.
Vale começar a pagar as dívidas pela mais cara?
Lueny diz que o primeiro passo é fazer o levantamento de todas as suas dívidas (empréstimos, consignados, financiamentos, cheque especial, dívida de cartão de crédito, etc.), colocando:
- Saldo devedor
- Valor da parcela
- Quantidade de parcelas
- Taxa de juros
- Valor que você vai pagar ao final do contrato
"Começar a pagar as dívidas começando pela mais cara é uma boa estratégia. Você paga, primeiro, a que tem a maior taxa de juros", afirma.
Ela diz, no entanto, que há outro ponto a ser considerado, ao montar a sua estratégia para sair das dívidas: olhar para a taxa de juros, para o saldo devedor e para o valor da parcela.
"Isso porque pode existir uma dívida que a taxa de juros não é a mais alta, mas a parcela é a maior e o saldo devedor é o menor. Vale priorizar pagar essa dívida, para você quitá-la mais rápido e ter uma maior folga no seu orçamento, já que está pagando a dívida com parcela maior", declara.
Portabilidade de empréstimo A planejadora financeira diz que é possível fazer a portabilidade de empréstimo —o que é diferente de refinanciamento de empréstimo.
Para ela, vale fazer a portabilidade de empréstimo para outro banco com uma taxa de juros menor. "Do ponto de vista dos juros, é interessante. Mas é preciso avaliar os custos também", diz.
Lueny diz que na portabilidade você mantém o valor da sua dívida inicial. "Se você tem uma dívida de R$ 50 mil a uma taxa de 5%, você leva o valor de R$ 50 mil a uma taxa de 2%, por exemplo. Essa é a portabilidade", afirma.
Segundo ela, o refinanciamento da dívida funciona diferente. Você vai fazer o refinanciamento do valor total da dívida, não apenas do saldo devedor.
Por exemplo, o saldo devedor é de R$ 50 mil, mas o valor que você vai pagar no final é R$ 80 mil. "Você fará o refinanciamento desse valor total, que será parcelado em mais vezes com uma taxa de juros menor. Só que daí sua dívida já aumentou em R$ 30 mil neste exemplo dado", explica.
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