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Dólar perto dos R$ 5 e Bolsa em alta: o que animou os mercados?

Inflação em desaceleração faz mercado acreditar em queda de juros - Shutterstock
Inflação em desaceleração faz mercado acreditar em queda de juros Imagem: Shutterstock

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/04/2023 12h55

Com a inflação abaixo do que o mercado esperava, os juros podem cair. Por isso, a Bolsa de Valores está em alta nesta terça-feira (11), e o dólar está caindo.

O que está acontecendo?

A inflação oficial para 0,71% em março. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 0,84%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A projeção do mercado era de 0,77%. Foi a primeira vez desde janeiro de 2021 que o IPCA acumulado em 12 meses fica abaixo de 5%, chegando a 4,65%.

Às 16h20, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), subia 4,19%, aos 106.109,94 pontos.

Aéreas estão disparando. As maiores altas eram Gol (GOLL4), com valorização de 12,69% para R$ 6,84, Azul (AZUL4), subindo 10,84% para R$ 11,96 e Magazine Luiza (MGLU3), com elevação de 8,06%, para R$ 3,62.

Já o dólar está perto dos R$ 5. Por volta das 16h20, o dólar está em queda de 1,16%, a R$ 5,008. Na mínima do dia, por volta das 10h15, a divisa chegou a ser cotada abaixo dos R$ 5 pela primeira vez desde 2 de fevereiro.

Inflação menor pode levar a juros menores

Inflação deve continuar em queda. Pelo menos até junho, o IPCA deve ficar menor, segundo Claudia Moreno. Daqui para a frente, segundo ela, deveremos ver uma desaceleração acentuada no IPCA de bens industriais, enquanto o indicador de serviços permanecerá caindo em passos lentos.

Mas combustíveis podem encarecer. No entanto, o IPCA deve voltar a acelerar a partir do segundo semestre, quando o efeito da redução de impostos adotada pelo governo em 2022 tiver saído completamente da base de cálculo do índice", diz a economista.

A possibilidade de queda dos juros fica mais próxima. Com a inflação desacelerando - crescendo em um ritmo menor - a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) pode ser mais leve, diz André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital

Juros altos podem estar próximos do fim. Vai ficar difícil agora para o Banco Central sustentar os juros em 13,75% ao ano, segundo Breno Bonani, analista da OnTick Invest, de Vitória (ES). Ele acredita que, no começo, haverá diminuição leve da taxa, nada tão abrupto.

Queda pode vir apesar das questões políticas. A taxa deve cair mesmo que a nova regra fiscal ainda não tenha sido aprovada pelo congresso e que a reforma tributária ainda esteja longe, afirma Bonani.

Bolsa ganha com queda dos juros

Juros menores ajudam as empresas. Isso favorece principalmente as mais endividadas, porque a dívida delas cresce menos. É por isso que as companhias aéreas encabeçam a lista das altas. Só a Gol tem uma dívida de R$ 27,074 bilhões (em 31 de dezembro de 2022).

Também auxiliam o consumidor. A dívida fica mais barata, e ele pode ter melhores condições de financiar uma compra. E assim as vendas podem melhorar. Isso explica porque Magalu está entre as maiores altas.

Se as companhias faturam mais, o investidor ganha mais. "Como as ações na Bolsa estão muito baratas, o Ibovespa reage rápido, subindo bastante", diz Romero Oliveira, diretor de renda variável da Valor Investimentos.

O que mais mexe com o dólar e a Bolsa

Outro fator que faz as ações subirem hoje é a China. Foram divulgados dados de que o governo chinês vai continuar investindo na construção civil e isso beneficia empresas brasileiras como a Usiminas, explica Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Velha Investimentos.

Investimentos serão de US$ 2,4 trilhões. A China irá investir em grandes projetos, como infraestrutura de transporte, geração de energia e parques industriais este ano, de acordo com uma análise da Bloomberg de declarações do governo e reportagens da mídia estatal

Exportadoras também ajudam na queda do dólar. Com safras recordes, as exportadoras estão com os ganhos em alta - e trazem boa parte desses recursos em dólar para o país. Isso aumenta o fluxo da moeda e contribui para a queda em relação ao real, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.

Todos os olhos estão voltados para a inflação nos EUA. Qualquer número forte divulgado na quarta-feira deve alimentar apostas de que o Federal Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio, o que faz com que o dólar se valorize.

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