8 altas seguidas: Bolsa continuará subindo? Pode chegar a 125 mil pontos?
Especialistas estão otimistas com a Bolsa. O Ibovespa acumula oito altas seguidas, com uma valorização de 7,10 % no período. Esse evento não ocorria desde março de 2022, segundo a Trademap.
Com dados positivos tanto na economia do Brasil quanto dos Estados Unidos, além do avanço da nova regra de controle de gastos do governo e redução de incertezas com a Petrobras, eles acreditam que a Bolsa tem potencial para subir ainda mais até o fim do ano. Além disso, as ações estão baratas, o que pode atrair os investidores.
Para onde vai a Bolsa?
A previsão da Toro é de 125 mil pontos.
Já a XP é mais otimista. Prevê 128 mil pontos até o fim do ano. Também é a visão da Manchester Investimentos.
Já a Frente Corretora é mais conservadora. Ela acredita que, até o fim do ano, a Bolsa fique entre 116 mil e 117 mil pontos.
Vai voltar aos 130 mil pontos? Dificilmente o Ibovespa volta ao patamar que alcançou em junho de 2021, dizem especialistas. "A Bolsa chegou a esse patamar quando a Selic estava em 2% ao ano. Mas, com a taxa a 13,75% ao ano, o investidor prefere não tomar risco", diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora
O que impulsionou a Bolsa? Parou de cair?
Desde o começo do ano, a Bolsa caiu 0,64% No mês de maio, porém, já ganhou 4,40%, segundo o fechamento do dia 15. Hoje, está em alta de 0,21% às 13h, aos 109.261,60 pontos.
A inflação ajudou a Bolsa. Em abril, a taxa ficou em 4,18% no acumulado dos últimos 12 meses, a menor em mais de dois anos.
Com essa queda, o Banco Central poderia começar a baixar os juros, o que ajuda a Bolsa. O BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sexta reunião consecutiva. Além disso, disse que não hesitaria em voltar a subir os juros caso a inflação não caia como o esperado. Mas o mercado espera que os juros comecem a cair no segundo semestre deste ano.
Inflação também caiu nos EUA. Além disso, a economia americana está encolhendo. Com isso, o Fed pode amenizar um pouco a taxa de juros do país. No início de maio, o Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou que deve pausar os aumentos.
Outra notícia que animou os mercados foi a nova regra de controle de gastos do governo. O novo arcabouço fiscal foi enviado pelo ministro Fernando Haddad ao Congresso em abril. Ontem, 15, o relator do novo arcabouço fiscal, deputado federal Claudio Cajado (PP-BA), apresentou os detalhes do projeto aos líderes partidários. A votação da urgência do texto ocorrerá na quarta (17) para acelerar a tramitação da proposta na Casa.
Ficar sem regra de gastos era um risco para o país. Isso poderia fazer com que a dívida pública aumentasse muito, o que deixa o país mais arriscado para investir e afasta grandes fundos da Bolsa, diz Velloni.
Até então, a visão pessimista da XP era de cair até os 90 mil pontos. Os investidores estavam preocupados com as incertezas sobre a economia global e os gastos do governo. "Qualquer notícia boa já ajudou a Bolsa a subir, porque o cenário era de muito pessimismo", diz Jenni Li, estrategista de ações da XP.
Mercado está mais otimista. Os dados econômicos e de inflação no Brasil e no mundo podem fazer com que o Banco Central comece a reduzir a Selic. "Tudo isso trouxe à mesa a discussão do corte da Selic. Nosso time projeta uma taxa de 12% no fim do ano", diz a estrategista.
Incertezas são menores. "As incertezas no Brasil em relação ao governo estão menores que no começo do ano, e foram dissipadas nos últimos meses", diz o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.
O que deve mexer com a Bolsa?
A economia global está andando melhor que o esperado. "A China finalmente reabriu, o que pode ajudar os setores de materiais", diz a especialista da XP.
EUA, porém, podem ter recessão. É o que indicou o presidente do banco central americano, o Fed. Não há informações, porém, sobre qual vai ser o tamanho ou a duração dessa crise.
Mas juros ainda estão altos, no Brasil e no mundo. Velloni diz que os juros altos ainda reduzem muito o potencial de crescimento econômico e atrapalham as empresas em Bolsa. E, com uma queda gradual dos juros, a ida de investidores para a Bolsa nem sempre é imediata.
Juros nos EUA podem atrair investidores para lá fora. Por aqui, o Banco Central deve cortar os juros até antes do Fed, nos EUA, acreditam os analistas. Isso pode levar investidores a colocarem dinheiro na renda fixa americana, que rende bem e com baixo risco. Assim, a Bolsa aqui perde investidores e cai.
O avanço da regra de controle de gastos no Congresso pode animar o mercado. "A tentativa de ter um limite para os gastos públicos, mesmo sem ter clareza sobre as fontes de receitas, já é um aspecto positivo", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, de Belo Horizonte. Ele diz que isso é importante principalmente para os investidores estrangeiros.
Devo investir?
É uma boa hora para entrar na Bolsa. Para quem olha para o médio e longo prazo, e consegue lidar com o sobe e desce, é uma boa hora para começar a investir, diz Noernberg. "Mas Bolsa é um universo gigantesco, precisa analisar a empresa em si", diz.
A Bolsa está barata. Ainda que, de maneira geral, as empresas continuem dando lucros, as ações estão muito baixas. "Desde a crise global de 2008, quando a Bolsa chegou aos 30 mil pontos, nunca se viu preços tão baixos na Bolsa", diz Noernberg.
Hoje, o investidor comum está fugindo da Bolsa. Prefere aplicar em títulos da renda fixa. Quem mais investe na Bolsa brasileira é o investidor estrangeiro, que acredita que a Bolsa está barata.
Quais os setores mais devem se beneficiar?
Empresas privadas de petróleo são aposta. O preço do combustível está em alta, o que pode ajudar empresas como a 3R Petroleum e a PetroRio, diz Serra.
Petrobras é mais arriscada. No caso da estatal, a empresa pode ter risco de interferência do governo, diz Noernberg. Também é a preocupação de Velloni.
Mas mercado aprovou nova política de preços da estatal. Hoje, 16, a Petrobras anunciou uma nova regra para seus combustíveis, acabando com a paridade de preços internacional. O mercado viu a regra com bons olhos e acredita que a empresa pode se tornar mais competitiva. As ações estão subindo.
Até empresas de varejo podem subir. As pessoas estão muito endividadas e inadimplentes. Mas, com a queda dos juros, os consumidores voltam a parcelar compras caras e o crédito fica mais acessível. "Elas estão sendo negociadas a preços abaixo até dos piores momentos da pandemia. Com a redução dos juros, podem se beneficiar", diz Serra. Além disso, essas empresas, como Magazine Luiza, Via e até Petz, estão com preços bem descontados, diz ele.
Construção civil também pode crescer. As construtoras também vendem menos quando os juros estão altos. Então a queda dos juros pode beneficiá-las, diz Noernberg. Isso ajuda até empresas de commodities, como a Vale.
Um risco para a alta tanto das empresas de commodities quanto de combustíveis é se a economia não crescer. Com risco de recessão tanto nos EUA quanto na Europa, essas empresas podem ter vendas limitadas. É o que diz Velloni. "A China ainda está tentando incentivar a economia, e enfrenta uma crise imobiliária. Isso reduz demanda por commodities, principalmente as metálicas."
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