Baseada em pesquisa, RH da Natura cria novos benefícios e oportunidades
Resumo da notícia
- Nova abordagem do RH utiliza resultados das pesquisas de clima para criar soluções em parceria com colaboradores
- Novo programa estimula funcionários com alto engajamento com a empresa a se tornarem "embaixadores da marca"
- Pesquisas também fomentaram novas políticas de diversidade e inclusão, como a seleção de 50% de estagiários negros em 2019
- Baseada nos feedbacks, Natura também fez mudanças nas recompensas, nos modelos de trabalho e de aprendizado corporativo
Há alguns anos, a Natura começou a perceber uma oportunidade em suas pesquisas anuais de clima organizacional. "Elas sempre indicavam uma conexão muito alta dos colaboradores com nossa cultura e nosso propósito", conta Mariana Talarico, diretora de cultura e desenvolvimento do grupo Natura&Co para a América Latina. "Eles gostam de falar da empresa e dos produtos para outras pessoas. Entendemos que eles queriam ser embaixadores da marca". Dali surgiu o grupo interno "Por um mundo mais bonito", que oferece ferramentas para funcionários falarem da Natura nas redes sociais.
Esse tipo de insight reforça a importância da pesquisa de clima organizacional - como a Employee Experience, metodologia exclusiva da Fundação Instituto de Administração (FIA) que serve de base para o Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar. Qualquer empresa pode realizá-la gratuitamente: basta realizar sua inscrição até 12/9.
A Natura realiza pesquisas com o quadro de funcionários desde 1985, mas apenas recentemente começou a utilizá-las sob uma nova filosofia. "Nos últimos anos, entendemos a importância de gerir essa informação", diz Mariana. "Antes, havia benefícios em função do que a empresa achava, em função das políticas em que a empresa acreditava. Hoje, temos um comportamento que chamamos de cocriação: cocriar soluções para diferentes públicos", explica.
O dilema do ônibus fretado
Um exemplo foram as novas recompensas para os trabalhadores. "Muitas vezes, você fala: 'Ah, vou dar um prêmio X'. Mas o colaborador não quer isso. Ele quer tempo, quer espaço, quer descanso com a família. Então, em vez de darmos um voucher, damos um dia de folga, por exemplo", afirma Mariana.
Para isso, a conversa é essencial. "Antes de propor algo unilateralmente, sento com um grupo de pessoas para cocriar algo que seja realmente efetivo. É disso que eles precisam. E esse foi o maior aprendizado que tivemos nos últimos anos: deixamos de criar processos para criar soluções", avalia a executiva.
Nem sempre é fácil. Mariana relembra o caso do novo escritório na Argentina: para ajudar colaboradores que estavam com dificuldades para estacionar, a empresa passou a oferecer fretados. Mas a logística para criar itinerários que não durassem muito tempo ou que não tivessem veículos muito cheios ou muito vazios demorou para ser acertada. Só foi resolvida com a mudança dos modelos dos ônibus e uma cocriação: um aplicativo para reservar assentos.
"A consequência é o incremento do nível de engajamento. Quando o colaborador se sente partícipando da criação das coisas e se sente escutado, isso muda tudo", afirma Mariana. Segundo as pesquisas, em uma escala de 0 a 5, a taxa de engajamento da companhia saltou de 3,95 em 2016 para 4,17 em 2019.
Metade das vagas de estágio foram para negros
Embora a Natura já tenha recebido prêmios por seu trabalho de inclusão com PcD, as pesquisas também serviram para mostrar que ainda há muito a fazer. "Alguns comentários de públicos minoritários diziam que não estávamos entendendo sua realidade", relata Mariana. "O fato de a pesquisa ser confidencial deixa essas pessoas confortáveis para falar coisas que não falariam presencialmente".
Por exemplo, os cadeirantes, "que tinham dificuldade para acessar alguns espaços", e os deficientes auditivos nas fábricas, porque "o alarme tocava, mas eles não entendiam". Ambos os problemas já foram corrigidos.
As sugestões para apoiar a diversidade também se tornaram frequentes nas avaliações internas. Segundo Mariana, esse feedback ajudou a motivar duas grandes mudanças nos processos de recrutamento: a seleção de 50% de universitários negros nas duas edições do programa de estágio de 2019 (a meta original era 33%); e o compromisso em garantir que 50% dos finalistas de todos os processos de seleção, de qualquer nível hierárquico, sejam mulheres (atualmente, mulheres são 61,9% dos funcionários, 55,6% dos gestores e 41% dos diretores e vice-presidentes).
Novos modelos de aprendizado e de trabalho
Outro alerta detectado foi sobre a educação corporativa: o nível de satisfação com os programas tradicionais de estudo tinham baixado. "As pessoas têm acesso à informação no Google. Elas aprendem de uma maneira diferente. Compreendemos que precisávamos implementar um modelo mais atual", explica Mariana.
A companhia então digitalizou suas ferramentas. "Fizemos um ecossistema de aprendizagem que conecta todos os serviços internos da Natura. O colaborador acessa quando quiser. Ele é o protagonista do próprio desenvolvimento".
Por fim, o espaço para que o trabalhador pudesse fazer comentários na pesquisa de clima revelou uma outra demanda, similar a de cases parecidos na Gerdau e na Seguros Unimed: um ambiente de trabalho mais colaborativo. "Começamos a implementar um modelo organizacional baseado em squads, mais ágil, para trazer um olhar de negócios diferente do que tínhamos", completa Mariana. "Tudo o que fazemos em termos de mudanças e evolução, tem a ver com o que escutamos [nas pesquisas]".
O Prêmio Lugares Incríveis para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da Fundação Instituto de Administração (FIA) que vai destacar as empresas brasileiras com os mais altos níveis de satisfação entre os seus colaboradores. Os vencedores serão definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience, que vai medir o ambiente de trabalho, a cultura organizacional, a atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. As inscrições estão abertas até o dia 12/9 e podem ser feitas, gratuitamente, no site da pesquisa FIA Employee Experience.
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