Brasil é campeão de vacinação contra covid-19 em multinacionais
Quando a campanha de vacinação contra a covid-19 ganhou força no Brasil, na metade de 2021, a multinacional alemã de automação, softwares, energia e serviços Siemens se posicionou de forma objetiva: para se reencontrar de forma segura, os funcionários teriam que se imunizar.
Hoje, menos de doze meses depois, as operações no país atingiram 99,7% de completamente vacinados (com dose dupla ou única), o melhor percentual da empresa no mundo —a média global de funcionários vacinados na Siemens está entre 70% e 75%.
"Acomodamos todos os tipos de opinião, escolhas e formas de viver a vida, mas nossos valores são abertamente pró-ciência", afirma a diretora de pessoas e organização Caroline Zilinski. "E o primeiro passo para alcançarmos números tão legais foi sermos explícitos e diretos desde o começo."
Mesmo sem a pretensão de retomar o trabalho presencial em 2021, a empresa estimulou colaboradores a enviar seus comprovantes vacinais e manteve as informações seguras e restritas à equipe interna de saúde. Também colocou os ambulatórios a postos para esclarecer dúvidas e convidou médicos a falar sobre temas ligados à pandemia.
Nos meses seguintes, conforme os índices brasileiros de vacinação subiam e o retorno ao escritório começou a se tornar possibilidade, a Siemens pediu oficialmente os comprovantes para os funcionários que usariam os estabelecimentos da empresa, que participariam de eventos e que viajariam para encontrar clientes ou executar projetos. O número de vacinados, que estava na casa dos 70%, rapidamente ultrapassou 90%.
A partir de abril, a Siemens adotará o regime de trabalho híbrido, que propõe três dias presenciais por semana. Além de comprovar a vacinação, será necessário realizar um teste rápido por semana, manter o distanciamento em refeitórios e usar máscaras em áreas fechadas e frequentadas por mais do que um funcionário - a empresa reduziu recentemente postos fixos de trabalho para criar espaços mais abertos e colaborativos.
A ideia é frequentar o escritório quando realmente fizer sentido e for necessário. "É o caso de reuniões para discussões mais densas e longas, quando a 'fadiga de Zoom' pode atrapalhar", diz Zilinski.
A também alemã Merck, empresa de ciência e tecnologia, é outra que comemora a liderança brasileira. "No momento, é possível afirmar que o escritório Brasil está entre os que têm maior número de vacinados globalmente, com 99,9% dos colaboradores com duas doses da vacina", conta Edise Toreta, head de Recursos Humanos do Brasil e da América Latina.
Entre os fatores de sucesso para a taxa de vacinação, a executiva elenca a comunicação constante e transparente, a realização de encontros virtuais para sanar dúvidas sobre a doença e a imunização e ações voltadas à saúde mental.
Durante a pandemia, a Merck realizou ainda três pesquisas globais para entender como os colaboradores se sentiam e como avaliavam a assertividade da empresa nas medidas implementadas. O resultado brasileiro mostra que tanto as ações da liderança quanto a comunicação foram aprovadas.
Cultura brasileira em empresas internacionais
Mesmo as empresas que não possuem dados de vacinação de funcionários em outros países apresentam, em solo brasileiro, índices de causar inveja. A multinacional produtora de alumínio industrial Novelis, por exemplo, tem 100% de seus mais de 1.550 colaboradores vacinados. "Esse dado é espetacular", comemora Glaucia Teixeira, vice-presidente de recursos humanos para a América do Sul. "É um índice insuperável."
De acordo com a executiva, o número foi atingido graças a um combinado entre a campanha interna #nãobaixeaguarda, com lembretes e incentivos à vacinação, como um dia de folga de presente. O índice contribuiu, também, para a adoção, a partir da metade de março de 2022, do modelo híbrido de trabalho. A empresa oferece "open spaces", sem mesas fixas para os funcionários ou salas fechadas para executivos.
A adesão à vacina contra a covid-19 também é de praticamente 100% entre as divisões de saúde humana e animal na farmacêutica MSD no Brasil - a empresa, porém, não confirma se é a filial mais vacinada no mundo. Quando a política interna de demandar esquema vacinal completo para frequentar o ambiente corporativo foi divulgada, mais de 90% dos funcionários já haviam compartilhado seus comprovantes.
Presente em mais de 100 países, o grupo farmacêutico suíço Roche, que exige a comprovação da vacina para quem frequenta sua sede nacional, em São Paulo, conta com 94,5% dos colaboradores efetivos e estagiários vacinados. O ambulatório da companhia faz a atualização desses dados diariamente.
Para seguir com o índice crescendo, a empresa continua com campanhas de conscientização e orientação. "Uma das estratégias usadas é o 'vacinômetro', placar em que os colaboradores visualizam o processo dentro da empresa, e que estimula a apresentação voluntária do cartão de vacinação", diz Denise Horato, líder de pessoas e cultura. "Toda semana, o percentual é atualizado e divulgado aos times, por meio de nossa newsletter."
Lugares Incríveis para Trabalhar
O Prêmio Lugares Incríveis Para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da FIA para reconhecer as empresas que têm as melhores práticas em gestão de pessoas. Os vencedores são definidos a partir da pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), que mede a qualidade do ambiente de trabalho, a solidez da cultura organizacional, o estilo de atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. As inscrições para a edição 2022 estão abertas e vão até 30 de maio.
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