Saiba por que o voluntariado corporativo faz bem para sua carreira
Há quase vinte anos, Elisabete Flores Pagliusi iniciou sua carreira na empresa de papel e celulose Suzano como secretária, depois de tirar um período sabático para cuidar do filho recém-nascido. Muitos amigos ficaram surpresos com a decisão, afinal, apesar de ser técnica em secretariado, ela também já tinha o diploma de psicologia. Mas seus propósitos de vida e carreira se alinhavam aos da companhia, e a profissional não pensou duas vezes.
Em pouco tempo, já vivenciava os valores-chave da companhia, como transparência, respeito confiança, empreendedorismo e liderança, não apenas dentro de suas atribuições diárias como também ao participar de ações de voluntariado corporativo.
"A cada atividade fui desenvolvendo mais competências: empatia, resiliência, criatividade, inovação, comunicação, planejamento", conta Elisabete. "Até que fui convidada a atuar como analista na área de responsabilidade social."
O passo seguinte na carreira da psicóloga foi assumir, em 2010, a coordenação dos programas de voluntariado e de formação de toda a empresa, cargo que ocupa até hoje.
"Quando se pensa no perfil ideal de um profissional dentro das organizações, estamos falando de alguém que seja hábil justamente nas soft skills, nas quais o voluntariado oferece oportunidade de desenvolvimento", acredita ela. "Funciona como uma espécie de plano de desenvolvimento pessoal e eu sou prova fiel disso."
A teoria confirma o que Elisabete tem vivido na prática. Na última década, estudos vêm comprovando que atuar como voluntário, ajudando outras pessoas, melhora a saúde física e mental, a capacidade de estabelecer relacionamentos e também competências que podem ser úteis para o desenvolvimento da carreira, trazendo benefícios para profissionais e, consequentemente, para as empresas.
"No Bradesco, encaramos o voluntariado como uma situação de ganha-ganha", confirma Ednei Fialho Lopes, coordenador de responsabilidade socioambiental do banco, que tem presenciado um engajamento crescente de funcionários em seu programa (em 2019, antes da pandemia, eram 22 mil colaboradores, número que saltou para 38 mil em 2021). "Em primeiro lugar está nossa responsabilidade com a sociedade em que estamos inseridos, mas também enxergamos essa dimensão do engajamento com a empresa e do desenvolvimento de competências e relações entre colegas."
"Ao tratar de negócios com meus clientes, eu percebo a mudança que o trabalho voluntário trouxe para a minha vida", diz Leandro da Silva Sales, gerente de agência no Bradesco e voluntário que liderou uma ação para levar alimentos em embarcações para comunidades ribeirinhas no Pará durante a pandemia de covid-19. "Eu passei a entendê-los um pouco mais, e minha escuta se tornou mais ativa."
Autoconhecimento e diversidade
Atuar em ambientes diversos e com pessoas de diferentes perfis permite ainda que o profissional se entenda melhor e até consiga agir e tomar atitudes e decisões de forma mais eficiente.
"É uma virada de chave", acredita Marco Aurélio Fonseca, vice-presidente de sustentabilidade da Ocyan, do setor de óleo e gás, que organiza programas de voluntariados corporativo, como o Pedala Macaé, de utilização de bicicletas para empreendedorismo e mobilidade urbana. "Já vi pessoas tímidas e introspectivas que passaram a se posicionar melhor e se tornaram até mesmo mais ativas depois de atuarem como voluntárias e isso é tudo o que queremos para nossa empresa."
Nesse contexto, o apoio à diversidade também sai ganhando. "Ao trabalhar com diferentes tipos de pessoas e causas, o profissional adquire experiência para vivenciar a diversidade", diz Felipe Barreiro, vice-presidente da Medtronic Brasil, que atua no Projeto 6, programa da empresa focado em ações para pessoas em vulnerabilidade social.
"O respeito às diferenças é uma das habilidades mais importantes trabalhadas em ações de voluntariado e que contribuem para o aperfeiçoamento da execução do trabalho do colaborador no dia a dia da empresa", afirma Ronaldo Dalcin, diretor comercial regional Nordeste da Tokio Marine, voluntário no programa interno Sementes do Brasil, para facilitar o ingresso no mercado de trabalho de jovens em situação de acolhimento.
Rede colaborativa
Além do desenvolvimento de habilidades pessoais, os programas de voluntariado corporativo também contribuem para a formação de uma rede colaborativa dentro da organização. "Potencializa o espírito de trabalho em equipe, afinal, fazer o projeto andar não depende só de você, e incentiva o comprometimento, já que, como qualquer trabalho ou projeto, as ações voluntárias contam com cronogramas e entregas", reforça Rebeca Andrade, responsável por voluntariado da Siemens.
Isso facilita o trabalho de resolução de problemas e acelera a capacidade de mobilização interna.
"No final de 2021, quando enchentes devastaram o sul da Bahia, queríamos ajudar e, para isso, realizamos, com sucesso e agilidade, uma série de tarefas, como credenciar estabelecimentos para que aceitassem VR", conta João Altman, diretor-executivo de pessoas, marketing e cultura da VR. "Essa ação desenvolveu senso de urgência e mobilização de diversas áreas, características importantes não apenas em voluntariado, e que certamente farão diferença em atividades futuras."
Outro benefício dessa rede é permitir que colaboradores de diferentes áreas e níveis hierárquicos, normalmente com pouco contato, troquem ideias e façam networking, inclusive com a possibilidade de descobrirem novos interesses para suas próprias carreiras.
Por fim, contar em seu quadro de funcionários com profissionais que têm desenvolvidas habilidades de empatia e resiliência e que sabem se comunicar de maneira eficaz e humana dá às empresas as condições ideais para fomentar mudanças e melhorias de clima e na cultura organizacional e também para promover lideranças mais humanizadas, pontos cada vez mais valorizados na hora de atrair e reter talentos.
Lugares Incríveis para Trabalhar
O Prêmio Lugares Incríveis Para Trabalhar é uma iniciativa do UOL e da FIA para reconhecer as empresas que têm as melhores práticas em gestão de pessoas. Os vencedores são definidos a partir dos resultados da pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), que mede a qualidade do ambiente de trabalho, a solidez da cultura organizacional, o estilo de atuação da liderança e a satisfação com os serviços de RH. A pesquisa já está na fase de coleta de dados das empresas inscritas e as empresas vencedoras devem ser anunciadas em agosto.
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