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Em vídeo, Parente defende reajustes diários dos preços dos combustíveis nas refinarias

31/05/2018 16h52

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A frequência diária de reajustes dos combustíveis nas refinarias da Petrobras é fundamental para que a empresa defenda sua participação de mercado no Brasil, disse o presidente da petroleira estatal, Pedro Parente, em um vídeo que está sendo disseminado na internet por executivos da companhia.

A afirmação vem em meio a pressão sofrida com a paralisação de caminhoneiros contra os valores do diesel, que provocou um desabastecimento generalizado e afetou diversos setores da economia.

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Diante da greve, que o governo disse nesta quinta-feira ter chegado ao fim após acordo com a categoria, a Petrobras concordou em reduzir a frequência dos reajustes do combustível por um determinado período, contando que a União pague pelos prejuízos causados à empresa.

"Em primeiro lugar, quero dizer para vocês que a frequência não foi uma escolha caprichosa da diretoria, a frequência diária desses reajustes é fundamental, porque ela nos dá a chance de poder lidar melhor com a nossa participação no mercado", diz Parente, no vídeo.

"Quando a gente faz reajustes mensais, a gente corre o risco, fica exposto a uma perda de participação de mercado, que foi ruim para a empresa quando a gente observou nos últimos meses de 2017."

Sobre o diesel, o executivo ressaltou que, no fim do ano passado, a participação de mercado de diesel da Petrobras no país chegou a cair para 67 por cento, apesar de a empresa ter quase 100 por cento da capacidade de refino no Brasil, diante de um recorde de importações.

O efeito veio ainda em meio a uma redução da utilização da capacidade de refino do parque pela Petrobras.

Parente declarou no vídeo que a empresa tem "técnicos muito bem preparados? para tratar das taxas de utilização das refinarias e que ele não interfere nessas decisões.

"Eu não tenho o poder de definir a carga nas refinarias, isso é um sistema bastante complexo, uma coisa que foi feita na empresa, que procura otimizar a nossa produção em todas as refinarias em função da demanda, em função do tipo de óleo, em função do que a gente consegue vender no mercado interno, o que a gente então exporta, portanto essa historia que eu defino a carga na refinaria, pessoal, não acredita não", afirmou.

A política de preços da Petrobras, com reajustes diários, teve início em meados do ano passado, em busca de rentabilidade, ao seguir as cotações dos valores internacionais. Em anos passados, em outras gestões, a Petrobras registrou prejuízos bilionários devido ao controle governamental dos preços, que inclusive buscavam o controle da inflação, dentre outros aspectos.

Defesa da gestão

A Petrobras teve de enfrentar, ainda, paralisação de petroleiros prevista para durar 72 horas, que se iniciou na madrugada de quarta-feira, mas que foi encerrada nesta quinta-feira. Os petroleiros anunciaram a paralisação contra o que afirmam ser um processo de privatização da Petrobras, assim como contra a política de preços adotada pela estatal, além de reivindicarem a demissão de Parente. No vídeo, Parente demonstrou otimismo ao afirmar esperar que a empresa deixe para trás a atual crise e defendeu as realizações de sua gestão a frente da Petrobras.

O executivo declarou que a atual gestão tem tranquilidade com a direção escolhida e aprovada pelo Conselho de Administração. Ressaltou melhorias nos indicadores de segurança, de endividamento, redução de custos, dentre outros.

Além de Parente, outros executivos da companhia também gravaram vídeos para a força de trabalho da Petrobras, que também estão sendo disseminados, defendendo a política de preços da Petrobras.

A Petrobras informou, em nota, que a iniciativa visa esclarecer certos temas, como política de preços da empresa, comparativo de preços em outros países e carga processada nas refinarias. "Considerando os temas que estão sendo amplamente discutidos pela sociedade e que tiveram sua exposição potencializada em função da greve dos caminhoneiros, a Petrobras está realizando também esclarecimentos específicos para seu público interno", afirmou a empresa.

(Por Marta Nogueira)