Quando uma pessoa vai investir em previdência privada, ela precisa fazer algumas escolhas na hora de escolher o melhor plano: VGBL ou PGBL? Tributação regressiva ou progressiva? Em qual fundo de investimento investir?
No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, a planejadora financeira Lorena Pires fala sobre o que você deve considerar antes de contratar um plano de previdência. E faz um alerta: A previdência privada não serve apenas para a aposentadoria. "Esse tipo de investimento é recomendado para outros objetivos de longo prazo", afirma.
Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido semanalmente, às quintas-feiras, das 16h às 17h.
Para também ter sua dúvida respondida no programa, envie sua questão para o Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br.
O que é uma previdência privada?
É um fundo de investimento. O investidor delega as escolhas sobre aquele dinheiro para um gestor profissional. Ele é o responsável por coletar dinheiro de várias pessoas e decidir onde investir.
Ao entrar em um fundo de investimento, o cotista precisa concordar com a estratégia do gestor, que tem um regulamento a seguir. E, exatamente por ser um fundo, você está sujeito a ganhar e a perder dinheiro, declara Lorena.
Em nenhum caso e em nenhum tipo de previdência privada, você terá promessa de rentabilidade. O que há é expectativa, mas nem sempre se concretiza. Pode ser melhor ou pior.
Lorena Pires, planejadora financeira
Previdência privada não precisa ser só para a aposentadoria. É um investimento de longo prazo, então é comumente associada à aposentadoria.
"Mas esse produto pode ser para outros objetivos de longo prazo, como bancar a faculdade do filho ou o intercâmbio dele, entre outros", afirma.
Como escolher a melhor previdência privada para mim? Quais as opções?
Proteja-se contra emergências do presente antes de olhar para o futuro. Para Lorena, antes de investir em uma previdência privada, é importante que você já tenha a sua reserva de emergência. Assim, você não vai precisar tirar dinheiro dos investimentos de longo prazo, em caso de dificuldades. "Ela é a primeira camada da construção do nosso patrimônio", declara.
A previdência privada não deve ser seu único investimento. Ela deve compor parte do seu patrimônio. Portanto, o primeiro ponto é escolher um fundo que esteja adequado com o seu balanço de carteira de investimento.
A depender do seu perfil de investidor, você pode ter investimentos de várias modalidades. São fundos de renda fixa, de produtos atrelados à inflação, de multimercado, de renda variável, de ativos globais, etc. E a previdência privada deve chegar para complementar isso. Ela pode ser de renda fixa ou variável, indexada à inflação ou multimercado, por exemplo.
Veja como escolher sua previdência privada.
É melhor escolher VGBL ou PGBL? Tributação progressiva ou regressiva?
VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): No momento de resgatar o dinheiro, o Imposto de Renda vai incidir somente sobre o valor que rendeu e não sobre todo o valor resgatado. É uma previdência adequada para quem faz a declaração simplificada do IR.
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): No momento de resgatar o dinheiro, o Imposto de Renda vai incidir sobre o valor total investido. É uma previdência adequada para quem faz a declaração completa do IR. O dinheiro feito ao longo do tempo pode ser deduzido do Imposto de Renda. Mas existe um limite de até 12% do valor da sua renda tributável para abater o valor. "Se você colocar mais que isso na previdência, não consegue abater do IR", diz Lorena.
Tributação regressiva: Diminui a alíquota de Imposto de Renda ao longo do tempo. Começa em 35% (para quem faz o resgate em até dois anos) e chega a 10% (para resgate acima de dez anos).
Tributação progressiva: A alíquota do Imposto de Renda vai de zero a 27,5%, de acordo com a renda no momento do resgate.
Passo a passo para escolher a previdência privada:
- Escolher entre VGBL e PGBL
- Escolher o fundo
- Escolher entre tributação regressiva ou progressiva
Por que investir em previdência privada?
Esse tipo de investimento tem algumas vantagens em relação a outros investimentos pensados no longo prazo.
1) Alíquota de 10% do IR dentro da tabela regressiva, no momento do resgate.
Essa taxa é mais baixa que outros investimentos. Em investimentos da renda fixa que pagam IR, a menor taxa é para os investimentos deixados mais de dois anos, de 15%.
"Importante ter em mente que, caso você precise sacar o dinheiro em pouco tempo, esse produto, que é pensado para o longo prazo, deixa de ser interessante. A tributação a ser paga neste caso é muito alta", diz.
2) Inexistência do come-cotas. É uma forma de a Receita Federal antecipar a cobrança do IR em determinados fundos de investimento. Ocorre duas vezes por ano (maio e novembro). Nos fundos de previdência, isso não existe.
Esse dinheiro que você deixa de pagar a cada seis meses rende mais e mais dentro do fundo. Isso faz muita diferença no longo prazo.
Lorena Pires, planejadora financeira
Há outros investimentos de renda variável que também não têm o come-cotas.
3) Não passa por inventário. No momento da contratação da previdência privada, o titular pode indicar quem é o beneficiário. Em caso de morte do titular, a previdência não leva muito tempo para ser liberada.
"As características sucessórias são muito mais interessantes do que de outros produtos de investimento", afirma.
Ela diz, no entanto, que em alguns estados já é feita a cobrança do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) sobre a transferência dessa previdência privada.
Posso mudar minha previdência privada no futuro?
Não é possível transferir o investimento de uma PGBL para uma VGBL, e vice-versa. "São dois investimentos diferentes", afirma.
Mas a sua situação pode mudar. Lorena diz que, para quem faz a declaração simples do Imposto de Renda, o ideal é ter uma previdência privada do tipo VGBL. Agora, imagina esse cenário: no futuro, você terá filhos e mais gastos para serem descontados, como os de saúde e educação. Neste caso, vale mais ter a previdência privada PGBL.
Dá para você ter os dois. "Nos anos em que você precisar fazer a declaração completa do Imposto de Renda, aporte no PGBL. Já nos anos em que você fizer a declaração simplificada, aporte no VGBL. E fique atento para não deixar passar essas oportunidades de utilizar o benefício fiscal da melhor forma possível.
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