Coronavírus faz Mandetta ir de ilustre desconhecido a estrela nacional
A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade.
Aristóteles
Nessa época de coronavírus só dá Mandetta. Ele está em todas. Há uma quase unanimidade a respeito do excelente trabalho desenvolvido pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Exceto aqueles que têm a ideologia acima de qualquer avaliação ponderada, todas as pessoas elogiam os pronunciamentos do ministro. E olha que ele fala muito. Parece onipresente. É só ligar um aparelho de TV e lá está o ministro.
Mesmo falando horas seguidas, Mandetta não comete erros. Fala de improviso e, pela fluência da sua comunicação, demonstra que se prepara o tempo todo antes de se apresentar. Ele se vale de algumas poucas anotações para garantir a sequência de suas exposições, e se certificar de que não se esquecerá de nenhuma informação relevante.
Não se furta a responder a perguntas dos ouvintes, por mais ácidas e capciosas que sejam. Se, por acaso, o questionamento for agressivo, Mandetta não recua, nem foge da contenda. Enfrenta o arguidor com altivez e personalidade, retrucando no mesmo nível do ataque recebido. Algumas de suas respostas são tão brilhantes que viralizam rapidamente na internet.
Todos gostam de ouvi-lo
Independentemente de posições políticas, de maneira geral, as pessoas gostam de ouvi-lo, pois sabem que serão orientadas de maneira clara e correta com relação às medidas tomadas pelo Ministério da Saúde. Os elogios são abundantes. Não é difícil deduzir que, se o ministro continuar se comportando com essa mesma seriedade e competência, sairá dessa empreitada com o passaporte carimbado para voos mais altos na história da política brasileira.
Houve quem dissesse que Bolsonaro havia ficado enciumado com o protagonismo e sucesso do seu ministro. Lorota. Se observarmos bem, todas as vezes que um ministro se sobressai, essa conversa vem à tona. Aconteceu com Sérgio Moro, quando os níveis de criminalidade despencaram no país. Com Paulo Guedes, quando os números da economia passaram do vermelho para o azul. Com Tarcísio Gomes de Freitas, quando quilômetros e quilômetros de estradas foram pavimentados em todos os cantos do país.
Mandetta era um ilustre desconhecido
O interessante dessa história toda é que a fama do ministro Mandetta se circunscrevia à região do Mato Grosso do Sul. Nesse estado, ele foi secretário de Saúde de Campo Grande e se elegeu como deputado federal por duas legislaturas. No restante do país, pouca gente havia ouvido falar no seu nome. Era um ilustre desconhecido.
De família de políticos e filho de médico, Mandetta possui sólida formação acadêmica. Ele se formou em Medicina pela Universidade Gama Filho, fez especialização em Ortopedia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e subespecialização em Ortopedia Infantil pelo Scottish Rite Hospital de Atlanta (EUA). Além de ter sido secretário da Saúde de Campo Grande, exerceu diversas funções, como conselheiro e presidente de conselho de importantes instituições no campo da medicina.
Bolsonaro teve de bancar sua indicação
Já em novembro de 2018 foi indicado pelo Presidente Bolsonaro para ser o ministro da Saúde. O presidente teve de bater o pé e acreditar muito na indicação que fazia, já que o ministro escolhido sofria algumas investigações do período em que foi secretário da Saúde. Bolsonaro afirmou que, enquanto não houvesse uma acusação robusta, ele estaria mantido.
Provavelmente, Bolsonaro não tinha ideia que essa sua defesa enfática teria tanta utilidade em seu governo. Mandetta segura com pulso firme essa que é uma das mais graves crises de saúde já enfrentada no mundo e, consequentemente, no Brasil. Qualquer deslize, qualquer decisão equivocada pode ser fatal para o controle do coronavírus.
Em todas as áreas afetadas pelo coronavírus, Mandetta se apresenta para dar opiniões e sugerir caminhos. Até nas questões econômicas, uma das mais afetadas pela pandemia, ele não foge das discussões. E todos ouvem suas recomendações com respeito e admiração.
É ótimo orador
Mandetta fala muito bem. Com voz sonora e bem timbrada, que passa sempre a ideia de equilíbrio e ponderação, nunca se apressa. Fala de maneira pausada, cadenciada, pronunciando corretamente as palavras, sem afetação. Todas as vezes que usa um ou outro termo mais técnico da área médica, tem o cuidado de traduzir o que acabou de dizer para que toda a população possa compreender.
Os gestos são moderados. O semblante, compenetrado, mas simpático, é o espelho da sinceridade com que transmite suas mensagens. Ouve com atenção e permite que todos os que o acompanham possam também se manifestar. Só altera a voz quando se sente atacado injustamente, ou nos casos em que precisa ser mais enfático devido à gravidade das informações que precisa comunicar. É um líder, na acepção do termo.
Imagino que outros profissionais pudessem fazer um trabalho com a mesma competência que ele, pois temos pessoas muito qualificadas no país, nas mais diferentes áreas de atuação. Dificilmente, porém, alguém conseguiria superá-lo. Sua formação técnica e experiência em funções que o credenciam a ocupar esse tão importante ministério chega a ser uma sorte para nós, brasileiros, independentemente de preferências ideológicas.
Superdicas da semana
- Não devemos almejar posições importantes antes de nos prepararmos para elas
- Quanto mais preparados formos, mais dependeremos da comunicação
- Quando chegarmos ao topo, só o conhecimento nos apoiará
- Precisamos nos dedicar ao máximo no aprendizado da atividade que abraçarmos
Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: "29 Minutos para Falar Bem em Público", publicado pela Editora Sextante. "Como falar de improviso e outras técnicas de apresentação", "Oratória para advogados", "Assim é que se Fala", "Conquistar e Influenciar para se Dar Bem com as Pessoas" e "Como Falar Corretamente e sem Inibições", publicados pela Editora Saraiva. "Oratória para líderes religiosos", publicado pela Editora Planeta.
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