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Bolsa salta 7% e dólar cai a R$ 4,646, após véspera tensa e com ação do BC

Cris Fraga/Estadão Conteúdo
Imagem: Cris Fraga/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

10/03/2020 17h05Atualizada em 10/03/2020 17h52

O mercado brasileiro reagiu nesta terça-feira (10), após uma véspera tensa, com o colapso dos preços do petróleo somando-se ao surto de covid-19 e arrastando as Bolsas pelo mundo todo. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 7,14%, aos 92.214,47 pontos, na maior valorização diária desde 2009. Com isso, recupera-se parcialmente do tombo histórico de mais de 12% registrado ontem.

As ações da Petrobras também mostraram melhora, após tombo de quase 30% na véspera, mas foram os papéis da Vale que se destacaram, com salto de mais de 18%.

O dólar comercial fechou em queda de 1,69%, cotado a R$ 4,646 na venda, com o alívio no mercado externo e mais um dia com intervenção do Banco Central. É a maior queda diária em seis meses, desde 4 de setembro de 2019 (-1,79%). No ano, o dólar acumula valorização de 15,77% frente ao real.

O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.

Intervenção do BC

A disparada do dólar, que vem batendo recorde atrás de recorde, levou o Banco Central e o Tesouro Nacional a anunciarem medidas para tentar frear a valorização da moeda.

O BC realizou nesta terça-feira leilão de até US$ 2 bilhões em moeda à vista e vendeu o total da oferta. Ontem, o BC havia colocado US$ 3,465 bilhões nessa modalidade.

O Tesouro Nacional informou ontem o cancelamento do leilão primário de títulos prefixados (LTN e NTN-F) previsto para quinta, "em virtude das condições mais restritivas do mercado financeiro".

Dia de ajustes e alívio geral

O dia foi de ajustes e alívio depois do caos da véspera, quando o tombo histórico do petróleo arrastou para baixo Bolsas e moedas pelo mundo. Notícias sobre a disposição dos principais bancos centrais do mundo para adotar mais estímulos, e negociações entre autoridades de governos sobre pacotes de ajuda econômica ajudaram a trazer alguma calma aos mercados.

Na segunda à noite, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que tomará importantes medidas para proteger a economia do país contra impactos da disseminação do coronavírus. O governo do Japão afirmou que planeja gastar mais de US$ 4 bilhões em um segundo pacote de ações para lidar com o vírus.

Agentes financeiros também estão na expectativa da reunião de política monetária do Federal Reserve (BC dos EUA), na próxima semana, com grande parte apostando que o banco central voltará a cortar o custo do dinheiro nos EUA, em um esforço para apoiar a economia contra crescentes incertezas globais.

No Brasil, onde o BC também se reúne na próxima semana para definir os juros, a aposta é de que não haverá cortes, para evitar que o país se torne menos atraente a investidores estrangeiros que outros mercados emergentes.

Queda histórica das Bolsas na véspera

Ontem, a Bolsa chegou a ser suspensa pela manhã após uma queda de 10% acionar um mecanismo automático chamado de "circuit breaker". Quando voltou a operar, continuou despencando e fechou em queda de mais de 12%, a 86.067,20 pontos, mesmo nível de dezembro de 2018.

Com o resultado, a Bolsa anulou em 46 dias todos os ganhos alcançados durante a gestão Jair Bolsonaro (sem partido).

O caos nos mercados ocorreu após uma guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia derrubar as cotações do petróleo. A disputa se seguiu a uma tentativa fracassada de acordo para cortar a produção de petróleo e conter a queda dos preços, que já vinha ocorrendo desde o início do ano por causa do coronavírus.

Bolsas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia fecharam em forte queda. Nos EUA, assim como no Brasil, as negociações chegaram a ser interrompidas.

Bolsonaro minimiza turbulências

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a turbulência no mercado financeiro, dizendo que os efeitos do coronavírus estão "superdimensionados".

O presidente também se dirigiu ao Congresso, afirmando que, se até o dia 15 de março os parlamentares desistirem da proposta de manter o controle sobre R$ 15 bilhões do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou não terem a mesma força.

*Com Reuters

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Errata: este conteúdo foi atualizado
A queda de 1,69% registrada hoje pelo dólar é a maior desde 4 de setembro de 2019, e não 31 de janeiro de 2019, como escrito anteriormente. A informação foi corrigida.