Bolsa sobe mais de 4% após tombo histórico; dólar opera em queda, a R$ 4,65
A Bolsa operava em alta de mais de 4% hoje, após tombo histórico de mais de 12% na véspera, o maior desde 1998. Por volta das 15h30, o Ibovespa, principal índice da Bolsa Brasileira, subia 4.05%, a 89.556,16 pontos. As ações da Petrobras, que desabaram quase 30% ontem, subiam mais de 7,80%. No mesmo horário, o dólar comercial operava em queda de 1,22%, a R$ 4,649, após subir quase 2% ontem.
Os mercados hoje tentam se recuperar após um dia de forte turbulência no mundo todo, com a queda de mais de 20% nos preços do petróleo se somando aos temores de uma recessão causada pelo novo coronavírus. Há expectativa de que os governos e bancos centrais adotem medidas de estímulo para combater os impactos econômicos da disseminação do vírus. Países como Estados Unidos, Alemanha e Japão já anunciaram medidas.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
Queda histórica ontem
Ontem, a Bolsa chegou a ser suspensa pela manhã após uma queda de 10% acionar um mecanismo automático chamado de "circuit breaker". Quando voltou a operar, continuou despencando e fechou em queda de mais de 12%, a 86.067,20 pontos, mesmo nível de dezembro de 2018. Com o resultado, a Bolsa anulou em 46 dias todos os ganhos ocorridos durante a gestão Jair Bolsonaro.
As ações da Petrobras lideraram as perdas, com um tombo de quase 30%. Em um dia, a petroleira perdeu R$ 91 bilhões em valor de mercado.
O caos nos mercados ocorreu após uma guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia derrubar as cotações do petróleo. A disputa se seguiu a uma tentativa fracassada de acordo para cortar a produção de petróleo e conter a queda dos preços, que já vinha ocorrendo desde o início do ano por causa do coronavírus.
Bolsas dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia fecharam em forte queda. Nos EUA, assim como no Brasil, as negociações chegaram a ser interrompidas.
Governos preparam medidas de estímulo
Nesta terça, as Bolsas recuperam parte das perdas de ontem. As da Ásia fecharam em alta, e as da Europa operam com valorização. Os preços do petróleo também estão subindo.
Investidores começavam a sair do modo de pânico com os sinais de uma ação coordenada pelas maiores economias do mundo para conter o impacto do coronavírus.
O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu adotar "importantes" medidas para proteger a economia. O Japão disse que gastará mais US$ 4,1 bilhões para aliviar os efeitos do coronavírus.
"A perspectiva de maiores gastos dos governos está ajudando investidores a ignorar a ampliação nas medidas de contenção [ao vírus] que reduzirão a atividade econômica", disse o analista Jasper Lawler, chefe de pesquisa no London Capital Group, à agência de notícias Reuters.
Nesta semana, a Itália ampliou medidas de quarentena para o país todo.
BC intervém para tentar conter dólar
A disparada do dólar, que vem batendo recorde atrás de recorde, levou o Banco Central e o Tesouro Nacional a anunciarem medidas para tentar frear a valorização da moeda.
O BC realizou nesta terça-feira leilão de até US$ 2 bilhões em moeda à vista, em que vendeu o total da oferta. Na segunda-feira, o BC havia colocado US$ 3,465 bilhões nessa modalidade.
O Tesouro Nacional informou ontem o cancelamento do leilão primário de títulos prefixados (LTN e NTN-F) previsto para quinta, "em virtude das condições mais restritivas do mercado financeiro".
Bolsonaro minimiza turbulências
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro minimizou a turbulência no mercado financeiro, dizendo que os efeitos do coronavírus estão "superdimensionados".
O presidente também se dirigiu ao Congresso, afirmando que, se até o dia 15 de março os parlamentares desistirem da proposta de manter o controle sobre R$ 15 bilhões do Orçamento, as manifestações marcadas para aquele dia poderiam nem acontecer, ou não terem a mesma força.
*Com Reuters
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