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Fábrica de colchão que sobreviveu a incêndio oferece franquia por R$ 90 mil

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo (SP)

12/12/2013 06h00

Depois de quase fechar as portas por causa de um incêndio acidental, o empresário Claudinei dos Anjos, 45, dono da Anjos Colchões, resolveu diversificar a sua carteira de produtos e passou a oferecer, além de sofás, colchões. 

Raio-X da franquia

Investimento incialA partir de R$ 90 mil (taxa de franquia + instalação + capital de giro)
Faturamento médio mensalR$ 60 mil
Margem de lucro líquidoDe 18% a 20% (de R$ 10,8 mil a R$ 12 mil)
Prazo para retorno do investimentoA partir de 18 meses
  • Fonte: Anjos Colchões

Com a nova linha, segundo o empresário, a empresa conseguiu acelerar a recuperação após o acidente e expandir o negócio.

Hoje, os colchões representam 70% do faturamento da empresa e são comercializados em grandes varejistas como Casas Bahia, Marabraz e Tok & Stok.

Atualmente, a fábrica fatura R$ 126 mi por ano e tem 40 lojas, entre unidades próprias e franqueadas. A franquia iniciou em 2009.

O investimento inicial para abrir uma loja da rede é de R$ 90 mil e o faturamento médio mensal é de R$ 60 mil, com lucro de 18% a 20% (de R$ 10,8 mil a R$ 12 mil).

Acidente quase quebrou empresa

Segundo o empresário, o incêndio na fábrica ocorreu em 1999, quando o espaço, que fica em Capitão Leônidas Marques (PR), passava por obras de ampliação. O fogo começou quando faíscas de um equipamento de solda caíram sobre materiais inflamáveis.

“As chamas se alastraram rapidamente e perdemos 50% da produção em poucos minutos”, afirma. O estrago só não foi maior porque o empresário mantinha uma reserva de capital, que foi acionada imediatamente para repor os equipamentos danificados.

Além disso, a relação próxima com fornecedores possibilitou o pagamento parcelado dos novos pedidos em substituição ao material perdido no incêndio.

Em dois anos, as dívidas haviam sido liquidadas e a produção estava normalizada, de acordo com o empresário. A fábrica foi recuperada e continua em funcionamento nos dias de hoje.

“Se eu estivesse com dívidas ou com o caixa da empresa operando no limite, as consequências teriam sido maiores e talvez eu não conseguisse reerguer o negócio.”

Falha nas normas de segurança provocou incêndio

Segundo especialistas, as normas de segurança devem ser respeitadas por qualquer empresa, principalmente por fábricas que trabalham com material inflamável –como é o caso de sofás e colchões. 

De acordo com o engenheiro da Abimad (Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração) Marco Túlio Ferreira, as empresas são obrigadas a ter extintores, hidrantes e uma brigada de incêndio preparada para atuar.

Além disso, o engenheiro diz que é importante investir em outros mecanismos de prevenção como portas corta-fogo, sensores de fumaça, sistema de chuveiro automático, sinalização e saídas de emergência.

“Seguir as normas de segurança ajuda a evitar prejuízos e até mesmo a falência total do negócio. Dependendo da proporção do incêndio, a empresa pode ter perda de patrimônio, de produção, de clientes, sem falar na situação extrema, que é a perda de vidas humanas”, afirma.

De acordo com Claudinei, na época do incêndio, a empresa não dava tanta atenção para as normas de segurança.

“Antes não tínhamos muita preocupação. Hoje, a atenção é maior e contamos com uma equipe apenas para fazer vistorias na fábrica e checar se está tudo em ordem.”

Mercado tem poucos fornecedores e matéria-prima cara

Quanto ao mercado, o engenheiro da Abimad diz que os colchões de espuma e estofados dependem de uma matéria-prima chamada TDI (diisocianato de toluene), que é fornecida por pouquíssimas empresas no Brasil.

“Estes fornecedores, na maioria multinacionais, ditam as regras do mercado e os fabricantes de espuma sofrem com preços altos e com a dificuldade de encontrar o produto.”

Reserva de capital pode salvar negócio

Para o consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo) João Carlos Natal, formar uma reserva de capital é altamente recomendável para que empresários possam pagar despesas extras ou inesperadas, como no caso do incêndio na fábrica de colchões.

“Esse recurso pode ser utilizado em situações emergenciais, para cobrir os custos de demissão de um funcionário, 13º salário e férias da equipe. Trabalhar no limite do caixa é uma barreira para o crescimento da empresa”, diz.

Segundo o especialista, ter capital extra é importante também no momento de abrir o negócio. “O empreendedor precisa de uma sobra para cobrir os custos da empresa nos seis primeiros meses, quando ela fatura pouco e precisa atrair clientes”, declara.

O consultor afirma, ainda, que o ideal é o empresário guardar, pelo menos, um terço do lucro para capital de giro enquanto o negócio estiver em funcionamento.