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Faliram 2 vezes, criaram empresa de frappuccino e hoje faturam R$ 22 mi

Os empresários Lucas Moreira e Brunna Farizel são sócios da Splash Bebidas Urbanas - Divulgação
Os empresários Lucas Moreira e Brunna Farizel são sócios da Splash Bebidas Urbanas Imagem: Divulgação

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/08/2021 04h00

A gerente comercial Brunna Farizel, 35, e o consultor comercial Lucas Moreira, 33, tiveram que deixar para trás Vila Velha (ES) rumo a São Paulo em 2010, levando na bagagem uma dívida de R$ 13 mil. Esse foi o fruto de dois negócios que possuíam, mas que não deram certo. Na capital paulista, o casal trabalhou no mundo corporativo e, em 2018, decidiu empreender de novo.

Os dois criaram a Splash Bebidas Urbanas, que vende principalmente frappuccinos. Hoje, o negócio é uma rede com 66 unidades e faturou R$ 22 milhões em 2020. Mas o primeiro ano da nova empresa não foi fácil. O casal teve que vender um carro para pagar o 13º salário dos cinco funcionários.

Em 2020, o negócio ganhou um sócio: Rogério Salume, sócio-fundador da Wine Vinhos. Ele é um conselheiro estratégico na expansão da rede.

O frappuccino de Ovomaltine é o mais vendido na Splash Bebidas Urbanas - Divulgação - Divulgação
O frappuccino de Ovomaltine é o mais vendido na Splash Bebidas Urbanas
Imagem: Divulgação

O cardápio da Splash é baseado principalmente em frappuccinos, bebidas de alta cremosidade em diversos sabores (à base de frutas, brigadeiro, paçoca, Leite Moça, KitKat e Ninho com Nutella, entre outros). O frappuccino de Ovomaltine (R$ 16,90, 500ml) é o mais vendido na rede. Há também salgados, doces, cafés e opções veganas.

Com seis meses de namoro, casal criou 1ª empresa

"Nós tínhamos apenas seis meses de namoro quando decidimos empreender. Éramos muito novos e não tínhamos noção do que seria um negócio de fato. Não sabíamos nem mesmo o que significava capital de giro e outras coisas que são essenciais a quem está começando", afirmou Brunna.

Em 2008, o casal abriu a Chip Comunicação. "Com a leviandade dos amadores, a gente pensava: 'se eu vou ser um empresário, preciso ter um escritório'. Logo de cara, nós alugamos uma sala comercial, montamos um escritório bonito, mas, sem saber qual seria o retorno financeiro daquele negócio", disse ela.

Como a Chip não dava lucro, eles passaram a revender roupas no mesmo espaço. Criaram a Imperial, um showroom fechado dentro do escritório. Resultado: dívida de R$ 13 mil.

"Toda essa inexperiência culminou então nessa dívida que acumulamos, pela falta de capital de giro e realização de investimentos que depois não tínhamos como pagar", disse Brunna.

Foi quando decidiram fechar as duas empresas e tentar a vida em São Paulo, em 2010.

Frio na barriga de empreender novamente

Hospedados inicialmente na casa de uma amiga, os dois logo estavam empregados. Entre algumas experiências, Lucas trabalhou na SMZTO, holding de franquias. Brunna conseguiu emprego na Artefacto, uma marca de móveis de luxo. Nessa empresa, ela fez carreira: foi de vendedora a gerente geral.

No primeiro ano em São Paulo, o casal pagou a dívida. "Trabalhávamos insanamente para pagar essa dívida. A partir daí, todo ano a gente traçava um objetivo", disse Brunna.

Apesar de empregos estáveis e bons salários, o casal tinha um ritmo frenético de trabalho e vida muito corrida. Foi quando Brunna engravidou.

Veio de novo a vontade de empreender. Tinha aquele frio na barriga de tentar novamente algo que não tinha dado certo no passado.
Brunna Farizel

Em 2018, após estudar o mercado e o segmento de cafeterias, o casal desenhou um modelo de negócio que pudesse virar franquia e abriu a Splash Bebidas Urbanas, na região da avenida Paulista. O investimento inicial foi de R$ 250 mil.

O casal teve dificuldade já no primeiro ano de operação da Splash. No final de 2018, a empresa não tinha dinheiro para pagar o 13º salário dos cinco funcionários da unidade.

"Com a situação bem apertada, tivemos que vender o carro para arcar com essas despesas de fim de ano", afirmou Lucas Moreira, CEO da rede.

35% do faturamento vem do delivery

Hoje, a rede tem 66 unidades (sendo 65 franquias) nas regiões Sul e Sudeste. O investimento inicial da loja é a partir de R$ 120 mil. Nenhuma loja possui cozinha. Doces e salgados chegam prontos e congelados, e as bebidas, em pó.

O faturamento foi de R$ 22 milhões no ano passado —o delivery representa 35% disso. O lucro não foi revelado.

A meta é chegar a 100 unidades em operação até o final do ano e expandir para as demais regiões do país em 2022.

Inovar e tomar cuidado com a concorrência

Flávio Augusto da Silva, consultor do Sebrae-SP, diz que o combo falta de planejamento e desconhecimento de gestão financeira, como a necessidade de capital de giro, é o principal motivo que leva uma empresa a fechar.

"A quebra de uma empresa é um processo natural de aprendizado. O empreendedor tem que entender os erros e partir para novas oportunidades, mas se preparar antes para isso", afirmou.

Segundo ele, a Splash está dentro das tendências do mercado de alimentação: delivery, refeição pronta, pequenas porções, consumo individual e alimentos para comer em trânsito, que cresceu muito durante a pandemia.

"A empresa está dentro da 'tendência da tendência', ao oferecer o que o consumidor procura: produtos saudáveis, como bebidas à base de frutas e a linha vegana", disse.

O consultor diz, no entanto, que é preciso sempre investir em inovação e tomar cuidado com a concorrência, já que o modelo de negócio é relativamente fácil de ser copiado. "E também ficar atento às mudanças dos hábitos de consumo dos clientes."

Onde encontrar:

Splash Bebidas Urbanas: https://www.bebasplash.com.br