Com Selic baixa, Bolsa é opção e chegou a subir 12%, mas não é lucro certo
Resumo da notícia
- Manutenção da Selic reforça necessidade de investidor correr mais riscos para ter rendimento maior
- Apesar de toda a valorização registrada, a Bolsa continua promissora para 2019, mas prepare-se para quedas também
- Investidores inexperientes na renda variável devem aplicar por meio de fundos de ações ou multimercados
- Além da Bolsa, investidor deve diversificar com títulos de renda fixa privada, como CDBs, LCIs, LCAs e debêntures
- Debêntures incentivadas têm isenção de IR para pessoa física e pagam taxas atraentes, mas apresentam risco maior
O Ibovespa chegou a acumular alta de 11,8% neste ano até terça-feira (5). Ou seja, em apenas 36 dias, a Bolsa rendeu o que uma aplicação de renda fixa atrelada à taxa Selic levaria quase dois anos para entregar ao investidor. Os especialistas afirmam que a Bolsa continua promissora para o resto deste ano. Porém, o ganho não deverá ser contínuo como nas últimas semanas, mas sujeito a altos e baixos, como nesta quarta-feira (6), em que o Ibovespa recuou 3,7%, maior queda em 8 meses.
A manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano, confirmada na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) desta quarta-feira (6), apenas reforça a avaliação dos especialistas de que o investidor terá que correr mais riscos se quiser obter um rendimento maior nas aplicações financeiras.
"Com os juros muito baixos e a economia em processo de recuperação, o fluxo de recursos dos investidores naturalmente vai migrar da renda fixa para a renda variável", disse o economista André Perfeito, da Necton Investimentos.
Caminho é a diversificação
Investimentos como a poupança ou os títulos pós-fixados do Tesouro Direto deverão ter uma fatia cada vez menor dentro do patrimônio do investidor. Entretanto, a renda fixa não deverá ser completamente abandonada.
Segundo os especialistas, a receita é diversificar os investimentos de forma a obter um ganho mais elevado, sem se expor demais ao risco. Será preciso colocar parte dos recursos em ações na Bolsa, parte em títulos de renda fixa emitidos por bancos, como CDBs, e outra parte em debêntures (títulos de renda fixa emitidos por empresas), entre outros produtos.
"Não dá mais para se limitar à poupança ou ao Tesouro Direto. O investidor precisará ser mais criativo, se expor a produtos com maior risco e buscar aplicações com prazos mais longos", disse Joelson Sampaio, coordenador do curso de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP).
"Como a inflação está abaixo da meta do Banco Central e a atividade econômica ainda está em recuperação, a tendência é que a Selic se mantenha estável ao longo de 2019. Se for confirmada a expectativa de aprovação das reformas, como a da Previdência, os juros ainda podem cair um pouco mais", afirmou Perfeito.
Bolsa continua como principal recomendação
Apesar de toda a valorização acumulada em 2019, ainda há espaço para ganhos com ações neste ano. Porém, os especialistas alertam que a alta não será linear. Haverá altos e baixos pelo caminho, dependendo dos acontecimentos no exterior e também do andamento das reformas no Brasil. Por isso, o investidor deve manter as aplicações com objetivo de resgatá-los no longo prazo, ou seja, em um prazo acima de dois anos.
Perfeito, da Necton, recomenda que o investidor procure ações de empresas que atuam em setores que deverão reagir mais rapidamente à recuperação da economia brasileira. Entre as apostas estão os segmentos de varejo de alimentos, roupas e eletrodomésticos e o setor de educação, que engloba as companhias que administram redes de escolas e universidades.
Entretanto, Perfeito sugere evitar ações de empresas do setor de construção, por enquanto. "Embora a construção civil seja um setor que costuma reagir à melhora da economia, no Brasil o setor é muito dependente de recursos subsidiados pelo governo. O atual governo tem sinalizado que é menos favorável à manutenção da política de subsídios ao setor."
Investidor inexperiente deve optar por fundos
Como o investimento em ações implica em riscos maiores e requer conhecimento tanto sobre o mercado financeiro como sobre as empresas listadas na Bolsa, os especialistas orientam que os investidores que ainda não têm experiência com renda variável façam suas aplicações por meio de fundos de ações ou multimercados.
"Quem não tem tempo ou condições de se manter informado sobre o mercado deve deixar o dinheiro aos cuidados de profissionais. Os gestores de fundos são treinados para lidar com riscos e administrar a volatilidade (oscilações de preços)", afirmou Sampaio.
Além disso, o investidor deve destinar apenas uma parcela do seu patrimônio para aplicações de maior risco, como a renda variável. "O ideal é colocar o dinheiro que esteja realmente sobrando, que a pessoa não vai precisar contar com ele no curto prazo", disse o professor da FGV.
A orientação dos especialistas é procurar fundos de gestores renomados, com bom histórico de rentabilidade e que cobrem taxas de administração de até 2% ao ano. Os melhores produtos não estão nos grandes bancos, mas são encontrados nas plataformas de investimento de corretoras.
Renda fixa privada pode render mais que o Tesouro Direto
Além da renda variável, o investidor também deve colocar parte do seu capital em títulos de renda fixa privada. Neste grupo estão incluídos os papéis emitidos por bancos, como CDBs, RDBs, LCIs e LCAs, que podem oferecer rendimento prefixado (você fica sabendo na hora quanto vai receber no futuro) ou pós-fixado. Nesse caso, a taxa é equivalente a um percentual do CDI (hoje em 6,40% ao ano).
Prefira os papéis emitidos por bancos menores, que pagam taxas melhores que os grandes bancos. Esses títulos contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para depósitos de até R$ 250 mil por pessoa, o que minimiza o risco de um eventual calote. As LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário ou Agrícola) contam ainda com a vantagem de isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas.
"Quanto mais tempo o investidor puder deixar o dinheiro aplicado nesses papéis, melhor será a taxa que ele encontrará no mercado", afirmou Sampaio. O especialista lembra que algumas aplicações só permitem saque no vencimento, portanto procure conciliar o prazo do produto com suas necessidades financeiras. Caso precise de dinheiro no curto prazo, procure produtos com liquidez diária, como fundos DI ou alguns CDBs oferecidos no mercado.
Ainda na renda fixa privada, outra alternativa são as debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas. Há um tipo específico, conhecido como debênture incentivada, que é destinada a financiar projetos de infraestrutura das companhias. Esse tipo conta com isenção de Imposto de Renda para investimentos de pessoas físicas.
"Além da isenção de IR, a debênture incentivada costuma oferecer uma taxa vantajosa, mas é preciso ficar atento porque ela apresenta mais riscos, pois não conta com a proteção do FGC. Para escolher uma boa debênture, o investidor deve avaliar a companhia que emitiu o papel, procurar empresas com baixo risco de calote", afirmou Francis Wagner, presidente do APP Renda Fixa.
Para investidores inexperientes, a sugestão do especialista é procurar fundos que aplicam em debêntures incentivadas. Além de ter profissionais habilitados para escolher os melhores papéis, o fundo consegue comprar diversas debêntures ao mesmo tempo, diluindo o risco do investimento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.