Bolsa cai 6,75% no ano; o que esperar para outubro? Veja o que diz analista
Setembro foi um tanto quanto conturbado para os mercados. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou o mês com uma queda de 6,57%. No ano, o recuo já é de 6,75%. Será que os fatos que afetaram o mercado em setembro podem "assombrar" a Bolsa em outubro?
O economista Felipe Bevilacqua, analista da casa Levante Ideias de Investimentos, afirma que alguns fatos podem, sim, "respingar" em outubro. Leia abaixo os três acontecimentos que afetaram o mercado no mês passado e entenda o que esperar para outubro, segundo o especialista.
1. Evergrande
O caso da incorporadora chinesa Evergrande ainda "respinga" nos mercados. O receio, segundo o analista, é de que o governo chinês não socorra a incorporadora, causando uma crise de crédito no país, o que não se limitaria somente à China.
"Dias antes do primeiro vencimento de parte da dívida, a volatilidade esteve em alta nos mercados, em decorrência do silêncio por parte do governo chinês. Mas, depois de todo o mistério, fontes afirmaram que o governo assumiu a dívida, causando alívio nos mercados, o que trouxe o 'respiro' de volta aos investidores", afirma.
2. Cenário político: a "briga" dos Poderes
As manifestações do dia 7 de Setembro trouxeram alta volatilidade para o mercado interno, com uma grande preocupação de que o desentendimento entre os Poderes Executivo e Judiciário pudesse instaurar um grande caos no país.
Isso se refletiu na Bolsa já na volta do feriado, no dia 8, com o Ibovespa encerrando em queda de mais de 3%.
"Ruídos políticos sempre afetam o mercado no curto prazo, por isso eu sempre destaco a importância de saber separar o que é ruído do que é algo realmente estrutural, avaliando o real impacto na economia e consequentemente nas empresas", diz.
3. Inflação e juros em alta
O Comitê de Política Monetária (Copom) já havia anunciado, em seu último comunicado, o aumento de mais um ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic. Em setembro, a Selic passou de 5,25% ao ano para 6,25% ao ano.
"Além disso, a ata do Copom reforçou que na próxima reunião, em 27 de outubro, cabe mais um aumento de igual magnitude, podendo levar, assim, a Selic para os 7,25% ao ano. Isso, sob a ótica do objetivo da política monetária, é visto de diferentes maneiras pelo mercado", diz.
Segundo o analista, o mercado enxerga o aumento dos juros como a decisão certa para conter a inflação.
"A grande questão aqui é sobre o ritmo da subida. Se feita de maneira muito intensa, ela pode causar um efeito colateral, que é reduzir o crescimento potencial de uma economia", afirma o economista.
O segundo aspecto é que juros maiores deixam a renda fixa mais atrativa. Quanto maiores os juros, menor o valor dos ativos em renda variável.
"Muitas vezes, o processo de tentativa e erro é constantemente criticado, e a reação do mercado, que cria expectativas sobre a dose e intensidade ideal do aumento ou redução de juros, traz reflexos de preços agudos nas cotações das ações de empresas negociadas em Bolsa", afirma.
O que esperar para outubro?
A expectativa para outubro é de que aparentemente os principais riscos já estão sendo considerados nos preços das ações na Bolsa e já foram conhecidos no último mês, afirma o analista.
"Evidentemente que, no cenário local, a falta de coalisão entre os Poderes permanece no radar, somada aos ruídos de curto prazo como os da CPI, ou falta de moralidade e ética em cargos públicos. Além disso, permanecem no radar a preocupação com a crise hídrica e o aumento dos combustíveis, afetando o poder de compra da população e inibindo a retomada econômica", diz Bevilacqua.
O cenário externo também deve influenciar a Bolsa por aqui. Lá fora, também há preocupação com a inflação, com os preços de commodities e discussões sobre "teto" de gastos também nos Estados Unidos.
"Problemas econômicos que sempre estiveram presentes e, em um cenário de retomada pós-pandemia, parecem ser intensificados", afirma o analista.
O analista reforça as empresas recomendadas aos assinantes do UOL. Para quem ainda não pegou as recomendações de investimentos, elas estão aqui. O investidor deve considerar que Magalu sai das carteiras e é substituída pela Via —ex-Via Varejo. Além disso, agora, a Raízen entra na lista das indicações.
- Carteira quem não aceita risco algum;
- Carteira para quem tem perfil mais conservador, mas aceita um pouquinho de risco;
- Carteira para quem é mais moderado;
- Carteira para quem aceita mais risco;
- Carteira para quem aceita alto risco.
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Este material foi elaborado exclusivamente pela Levante Ideias e pelo analista Felipe Bevilacqua (sem qualquer participação do Grupo UOL) e tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar o investidor a tomar decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta de valor mobiliário ou promessa de retorno financeiro e/ou isenção de risco . Os valores mobiliários discutidos neste material podem não ser adequados para todos os perfis de investidores que, antes de qualquer decisão, deverão realizar o processo de suitability para a identificação dos produtos adequados ao seu perfil de risco. Os investidores que desejem adquirir ou negociar os valores mobiliários cobertos por este material devem obter informações pertinentes para formar a sua própria decisão de investimento. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, podendo resultar em significativas perdas patrimoniais. Os desempenhos anteriores não são indicativos de resultados futuros.
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