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Dólar acumula alta de 15,1% em 2013, maior ganho desde 2008

Do UOL, em São Paulo

31/12/2013 12h35Atualizada em 31/12/2013 12h55

dólar comercial fechou estável a R$ 2,358 na venda nesta terça-feira (31), a última sessão de operações cambiais no ano.

Ao longo de 2013, a moeda acumulou alta de 15,11% --a maior variação anual desde 2008, quando o dólar disparou 31,3% após o estouro da crise econômica mundial.

2013 também é o terceiro ano seguido em que a moeda acumulou ganhos; em 2011 a alta anual foi de 12,15%, e, em 2012, de 9,61%.

O ano foi marcado por uma forte instabilidade na cotação e pelas atuações do Banco Central no mercado de câmbio.

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Trajetória de alta

Nos primeiros meses do ano, o dólar era negociado em torno de R$ 2 na venda, o que parecia não incomodar o Banco Central. Entre janeiro e maio, o BC fez apenas sete intervenções, ficando completamente ausente do mercado durante todo o mês de abril.

Neste período inicial, a percepção dos investidores era de que o BC julgava que esse patamar de câmbio não pressionava a inflação --por meio do encarecimento de bens importados-- nem a atividade econômica.

Para preservar esse nível, o banco chegou a realizar três ofertas de swap cambial reverso --equivalentes a compra futura de dólares-- quando a moeda operava perto de R$ 1,95.

A partir de maio cresceu a pressão sobre o dólar à medida que ganhou força a perspectiva de que o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, daria início à redução de seu programa de compra de títulos, que injetava US$ 85 bilhões por mês na economia norte-americana.

Parte desses recursos tende a migrar para mercados emergentes em busca de rendimentos elevados. A moeda norte-americana passou a subir consistentemente ante o real, avançando 7,04% apenas em maio --maior ganho mensal no ano.

O BC, então, voltou a intervir fortemente no câmbio, por meio de swaps cambiais tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, e leilões de dólares com compromisso de recompra.

Mesmo com as intervenções do BC, o dólar manteve a trajetória de alta, levando o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, a afirmar que o Brasil teria de conviver com uma taxa de câmbio mais fraca se a então valorização da moeda norte-americana estivesse em linha com outras moedas.

Além das intervenções do BC, foram tomadas outras medidas de incentivo à entrada de recursos no país. Em junho, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente sobre posições cambiais vendidas e sobre investimentos estrangeiros em renda fixa.

Duas semanas depois, o BC zerou o recolhimento compulsório sobre posições vendidas em câmbio. Mesmo com injeção de um equivalente a US$ 40 bilhões pelo BC nos mercados, o fortalecimento da moeda norte-americana não deu sinais de trégua e atingiu o maior valor do ano em agosto, chegando a R$ 2,451 no dia 21.

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Intervenções do BC

Um dia depois que a cotação do dólar bateu o recorde do ano, o BC anunciou que daria início a um programa de intervenções diárias no câmbio com potencial equivalente a US$ 60 bilhões, atuando em todas as sessões por meio de leilões equivalentes à venda de dólares no futuro e leilões de linha até pelo menos o fim do ano.

As cotações da moeda norte-americana tiveram algum alívio com o anúncio do BC e após o Fed, em setembro, surpreender o mercado ao manter inalterado seu estímulo econômico. Com isso, a moeda voltou a operar em torno de R$ 2,20.

O câmbio voltou a ser alvo de turbulências nos meses seguintes, com questionamentos a respeito da postura de intervenções do BC. No fim de setembro, o BC vendeu apenas parte da oferta total diária de swaps tradicionais e no mês seguinte, não rolou o lote integral de contratos que venceram em novembro.

Com isso, cresceram as especulações de que o BC poderia não ser tão incisivo nas intervenções dali em diante. Mas à medida que voltaram a crescer as expectativas de redução no estímulo do Fed e o dólar retomou a trajetória de alta, o BC voltou a rolar todos os swaps e a vender os lotes integrais nas atuações diárias.

Em dezembro, o Fed anunciou o início da retirada do estímulo econômico, reduzindo as compras mensais de títulos em US$ 10 bilhões, para US$ 75 bilhões.

No entanto, o Fed sinalizou que manteria as taxas de juros quase zeradas por mais tempo do que o esperado, dando algum alento para os investidores. A moeda norte-americana teve uma reação contida ao anúncio, avançando apenas 0,33% na sessão seguinte. 

Também neste mês, o BC brasileiro anunciou que estenderá o programa de ações diárias até junho do próximo ano, mas reduzindo a oferta de swaps cambiais, de 10 mil contratos ao dia para 4 mil, e eliminando os leilões de linha.

Ainda assim, deixou aberta a porta para mais intervenções, se necessário. Incluindo as intervenções anteriores neste ano, o montante de swaps cambiais ofertados pelo BC deve atingir US$ 120 bilhões até junho de 2014.

(Com Reuters)