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Banco e minério estão entre ações que devem bombar no ano, dizem analistas

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

16/02/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Analistas apontam setores com empresas negociadas na Bolsa que devem se destacar este ano
  • Retomada da economia no exterior vai ajudar companhias exportadoras
  • Ritmo da vacinação no Brasil é fundamental para setores que dependem do consumo interno

O desempenho da Bolsa brasileira em 2020 mostrou que sempre há oportunidades de pescaria mesmo em mares revoltos, dizem profissionais de mercado. Apesar da montanha russa que foi a trajetória ano passado do Ibovespa, principal índice acionário do país, algumas empresas atravessaram a temporada da pandemia com desenvoltura para entregar aos investidores ganhos interessantes.

Para sete especialistas em renda variável, o comportamento da Bolsa em 2021 tende a ser menos volátil. Mas como ainda persistem dúvidas este ano, alguns setores devem andar mais que outros.

Dois fatores que vão influenciar a Bolsa em 2021

Profissionais de mercado apontaram setores de ações negociadas na Bolsa que podem se destacar em 2021, mas alertaram que essas apostas dependem de alguns fatores que vão influenciar a economia este ano.

Alguns negócios que já foram destaques em 2020 devem sustentar essa tendência positiva em 2021.

Considerando que algumas condições de 2020 continuam valendo em 2021, podemos ver o efeito momentum, em que um conjunto de ações que subiram ao longo de 12 meses tende a continuar subindo. Levando em conta esse efeito, existe uma tendência grande de que as ações que mais subiram em 2020 sigam em alta em 2021.
Rodrigo De Losso, economista Ph.D pela Universidade de Chicago e professor da FEA-USP e pesquisador da Fipe

Veja duas das condições que os analistas consideram as mais relevantes para que as recomendações deles se concretizem.

  1. Vacinação: Quanto mais rapidamente a vacinação acontecer, mais cedo o isolamento sai de cena, permitindo que a atividade econômica possa voltar ao normal. A imunização em grandes economias, na América do Norte, Europa e Ásia, vai destravar o consumo e nossas exportadoras do Brasil vão se beneficiar.
  2. Liquidez global: Os governos em todo o mundo vão gastar mais em programas de auxílio às famílias e em crédito subsidiado para as empresas. Com mais dinheiro circulando, os investidores vão se sentir mais à vontade para aplicar em ativos de risco - ou seja, em Bolsa e outros negócios de países emergentes, incluindo o Brasil.

Dinheiro em circulação e juros baixos vão manter a migração de recursos dos aplicadores para renda variável. E esse fluxo de dinheiro leva investidor a buscar boas empresas na Bolsa, que deve manter uma tendência de alta, especialmente no segundo semestre.
Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora

Setores que sete analistas sugerem para Bolsa

Exportadoras de commodities: A recuperação da economia no exterior deve ser mais rápida que no Brasil, com destaque para a China, que é um grande comprador de minérios, como o cobre produzido pela Vale, e de grãos, como a soja. Por isso, a expectativa é a de que os setores exportadores sigam em 2021 apresentando o desempenho positivo já verificado em 2020.

A demanda vai continuar forte por minério e não temos previsão de aumento da oferta, então esse setor vai continuar performando muito bem.
Felipe Coelho, sócio e integrante da mesa de renda variável da Inove Investimentos

Exportadoras de alimentos: Além de metais e grãos, a China e outros mercados que estão se recuperando mais rapidamente que o Brasil no pós-pandemia também estão comprando alimentos. E isso favorece os setores que dependem de vendas de carnes, por exemplo, para o mundo.

Acreditamos que deveremos conviver com juros baixos nos Estados Unidos por mais tempo. Temos assim, cenário de expectativa de desvalorização do dólar ante outras moedas e valorização das commodities, que também se favorecem da atuação chinesa, compradora em larga escala.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos

Bancos: As ações de grandes bancos do setor financeiro sofreram em 2020, em especial no primeiro semestre, por causa do impacto da crise econômica provocada pela pandemia sobre o crédito. Essas instituições tiveram que aumentar o volume de dinheiro reservado para cobrir calotes e cortar distribuição de lucros.

Mas os balanços do último trimestre de 2020 já mostram uma recuperação que deve se firmar ao longo de 2021. As ações desse setor então têm espaço para recuperar o terreno perdido em 2020.

Vejo oportunidades em 2021 para setores mais cíclicos e que subiram bem menos em 2020, como o setor de bancos.
Erminio Lucci, ceo da BGC Liquidez Corretora

Varejo: O desempenho de ações de companhias que dependem da demanda doméstica vai depender bastante do ritmo da vacinação aqui no Brasil. Por isso, há uma incerteza maior. Mas companhias líderes de setores de varejo devem recuperar a desvalorização apurada em 2020 e isso representa um ganho maior em 2021 que a média do mercado.

Ações com exposição à economia local poderão ter um desempenho melhor, mas isso depende da vacinação.
Alexandre Sabanai, sócio gestor da Perfin Asset

Segundo analistas, há segmentos de empresas que dependem de vendas para o mercado doméstico que estão prontos para decolar assim que a economia der sinais de aceleração, com retomada do emprego e do consumo.

Empresas muito impactadas pela crise, por exemplo, aquelas do setor de serviços, ficaram muito para trás em 2020, então podem apresentar um desempenho mais forte este ano. Mas o investidor tem que ter em mente a necessidade de checar o fundamento da companhia que justifique essa recuperação em ações de empresas aéreas, de turismo e construção.
Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos

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