Veja cinco investimentos para proteger seu dinheiro da inflação
Os índices de inflação estão acelerando desde o ano passado, alimentados pelo dólar valorizado e por preocupações de empresários e investidores com os gastos do governo. O Brasil já teve momentos de inflação muito mais elevada que os padrões atuais, mas há uma novidade que tem tornado mais complicada a vida dos aplicadores que buscam proteger seu patrimônio.
A taxa básica de juros, a Selic, está em 2% ao ano, recorde histórico de baixa, e derrubou o ganho garantido que havia em muitas aplicações, como caderneta de poupança e fundos DI. Considerando a inflação, esses produtos estão entregando ao investidor uma perda real, em vez de ganho.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, a inflação oficial) vai fechar 2020 em 4,38%, acima dos 4,3% de 2019 e dos 3,8% de 2018, segundo uma pesquisa semanal feita pelo Banco Central com analistas.
O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), usado para calcular reajustes de contratos, como aluguéis e escolas, por exemplo, fechou em 23,14% em 2020.
Ter investimento em produtos que seguem a inflação deve ser parte importante da carteira em qualquer situação, mas especialmente no longo prazo, porque é uma forma de ter um ganho real e manter o poder de compra com o passar dos anos.
Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos
Veja cinco aplicações que podem ajudar o investidor a se proteger da inflação:
1. Tesouro IPCA+
Também conhecido como NTN-B, é o investimento mais conhecido e seguro para proteger seu dinheiro da inflação. O título público, que pode ser comprado no Tesouro Direto, tem rentabilidade igual ao IPCA mais uma taxa, que é prefixada, ou seja, definida no momento em que o investimento é feito.
É uma forma conservadora de investir —o rendimento é baixo, mas os riscos são baixíssimos.
Consultores financeiros recomendam que o investidor mantenha o título até o vencimento, para conseguir o rendimento contratado, ou fique atento ao preço de mercado do momento, pois são produtos que têm oscilação alta no mercado secundário.
2. Títulos privados de renda fixa indexados ao IPCA
Há títulos de renda fixa emitidos por bancos ou outras empresas privadas que também entregam o rendimento no formato de IPCA mais uma taxa prefixada. É o caso de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), CDBs e debêntures.
As taxas de retornos são mais altas que as dos títulos do Tesouro para prazos parecidos, mas eles apresentam um risco de crédito maior que o do governo.
Se a empresa ou banco tiver dificuldades financeiras, pode optar por não pagar aos investidores de seus títulos.
É sempre importante olhar a classificação de crédito das empresas. Se não tiver esse tempo, busque os fundos, onde o gestor faz esse trabalho.
Pedro Barbirato Rosa, diretor de produtos do banco digital Modalmais
Alguns títulos, como CRIs e CRAs, ainda têm ainda a vantagem de não pagar Imposto de Renda, destaca Rosa.
"São boas opções para o médio e longo prazos, já que há papéis com vencimentos de cinco a dez anos", disse o executivo do Modalmais.
3. Fundos de investimento e ETFs
Entrando em opções que oferecem mais risco, e por isso devem ser vistas como alternativas de médio e longo prazos, aparecem os produtos de renda variável.
É o caso de fundos que investem em renda fixa indexada à inflação, tanto títulos públicos como privados, buscando justamente render sempre acima da inflação.
Em geral, esses fundos colocam como meta superar índices como o IMA-B, que acompanha o rendimento dos títulos públicos de inflação com vencimento em até cinco anos, ou o IMA-B 5+, com os vencimentos a partir de cinco anos.
Também existem os fundos listados em Bolsa, os ETFs, que replicam o movimento desses mesmos índices, como o IB5M11 e o IMAB11.
4. Fundos imobiliários com contratos ligados ao IGP-M
Alguns tipos de fundos imobiliários possuem imóveis com contratos de aluguel ajustados pelo IGP-M. Investir nesses fundos é uma forma de aproveitar a aceleração da inflação.
Economistas apontam que os contratos de aluguel não seguem exatamente o IGP-M, pois esse índice é uma referência. Em anos de crise econômica, os aluguéis costumam ser reajustados com variações inferiores a ele.
Ainda assim, é uma forma de proteger o investimento, especialmente se o fundo tiver na carteira participação em imóveis com contratos de aluguel chamados atípicos, em que a oscilação do IGP-M é quase sempre aplicada integralmente aos reajustes.
5. Ações
Para alguns consultores, investir em ações também pode ser uma forma de proteger seu patrimônio da inflação, especialmente no longo prazo. Empresas líderes em seus setores, bem administradas, com uma ampla base de clientes e bem organizadas nas suas estratégias têm poder de aumentar os preços de seus produtos e serviços junto com a inflação.
Com isso, a receita da empresa cresce, e o seu valor também. Tudo isso pode levar a altas nas ações.
Segundo gestores de renda variável, não dá para garantir que o investimento em ações vai render acima da inflação no curto prazo. Mas escolher boas empresas pensando em longo prazo é uma forma de proteger o dinheiro.
Quando começar o investimento protegido da inflação?
Depende do perfil do investidor, do tamanho e do prazo da carteira, dizem profissionais de mercado. Para quem não tem nenhum produto com essa característica, a sugestão é ir aplicando aos poucos, sem fazer movimentos bruscos.
É importante não ter pânico, ter calma e não tirar o dinheiro dos investimentos de longo prazo por causa de fatores de curto prazo.
Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos
Se uma aplicação de renda fixa chegou ao vencimento, uma opção seria reaplicar o dinheiro em um produto protegido da inflação. Ou usar uma renda extra que tenha entrado no orçamento, como uma parte do 13º salário.
Inflação deve ser parte importante da carteira em qualquer situação, mas especialmente no longo prazo.
Há ativos que podem ser muito bons em determinado momento, e em outros, se tornam muito ruins. Se a inflação disparar [e o investimento não for atrelado a ela], o que era bom pode se tornar muito ruim, porque o ganho real desaparece.
Marcelo Cincão, sócio-fundador da Ável Investimentos
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