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Dólar pode subir com guerra na Ucrânia: é hora de investir?

Incertezas geopolíticas tornam o dólar um ativo interessante para compor a carteira dos investidores em renda variável - Yuriko Nakao/Reuters
Incertezas geopolíticas tornam o dólar um ativo interessante para compor a carteira dos investidores em renda variável Imagem: Yuriko Nakao/Reuters

Paula Pacheco

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/03/2022 04h00

O dólar vinha em queda desde o início do ano, o que tornou a sua compra atraente. Assim que o território ucraniano foi invadido, em 24 de fevereiro, a moeda começou a recuperar o valor e foi para R$ 5,105 —mas ainda está em baixa em relação às cotações registradas no começo de janeiro, em que chegou a R$ 5,71.

A moeda americana está entre os ativos que poderão ser impulsionados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, de acordo com especialistas ouvidos pelo UOL. Mas, então, é hora de investir em dólar para compor a carteira? Analistas respondem a essa e outras dúvidas sobre o tema logo abaixo.

Moeda ganha força com guerra

O mês de janeiro começou com a moeda americana negociada na casa dos R$ 5,7056, chegando à mínima do ano no dia 23 de fevereiro, cotada a R$ 5,004 —um dia antes da invasão à Ucrânia. Na quarta-feira (2), uma semana depois do início da guerra, a moeda americana fechou em R$ 5,107.

Alexandre Netto, head de Câmbio na Acqua-Vero, avalia que a expectativa em um cenário de guerra declarada é o fortalecimento do dólar.

O conflito, como explica Netto, gera um sentimento de aversão a risco entre investidores, com fuga de capital de mercados emergentes para investimentos considerados mais seguros, ainda que com menor retorno esperado, em um movimento denominado flight to quality.

Traduzido para "voo para a qualidade", flight to quality é como o mercado financeiro se refere a um movimento coletivo de busca por ativos mais seguros, comum em momentos de crise e incerteza econômica.

Analista de investimentos do Andbank, Fernando Bresciani também acredita que ainda há espaço para o dólar recuperar valor. Por isso, ainda é possível investir na moeda americana com a expectativa de obter ganhos. Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, concorda.

Como os investidores não sabem o que pode ocorrer a partir de agora, é natural que ocorra a busca por ativos considerados seguros. O dólar é um desses ativos e tende a ganhar força neste primeiro momento. Agora é um bom momento para comprar a moeda americana.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

Como investir em dólar

Segundo Bresciani, do Andbank, quem tem perfil moderado pode chegar a 20% a 30% do total destinado à renda variável atrelado ao dólar, seja por meio de fundos cambiais ou ações de empresas com receita na moeda americana.

"Particularmente, prefiro os investimentos em ações dessas companhias exportadoras, porque, além do ganho em moeda estrangeira, é possível ganhar por meio do pagamento de dividendos. O cenário para commodities [matérias-primas, como petróleo, minério de ferro, milho etc.] é positivo, o que vai favorecer as exportadoras", diz o analista do Andbank.

Mesmo com a expectativa de alta gerada pelos ataques russos à Ucrânia, a economista-chefe da CM Capital alerta para o fato de não ser possível "cravar" que o dólar vai permanecer em recuperação ao longo do ano.

"Esse fluxo de recursos rumo ao Brasil aconteceu por um motivo muito específico: a escalada das tensões entre Ucrânia e Rússia", afirma Carla.

Dólar não é para todo mundo

Apesar de se esperar por uma valorização da moeda americana, investir em câmbio não é uma alternativa para todos os investidores. Quem tem um perfil conservador —avesso a riscos e grandes oscilações—, deve ficar longe do dólar, seja qual for a expectativa quanto à valorização.

Como declara Carla Argenta, "investir em moeda é comprar risco". Por isso, esse tipo de posição deve ser condizente com o perfil do investidor e não com a percepção sobre a evolução futura das variáveis macroeconômicas.

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