Além da Sabesp: vale investir em ações de empresas na fila da privatização?
Além da Sabesp, quais são as empresas que estão mais adiantadas na fila da privatização nos estados? Vale a pena investir nelas de olho nesse processo?
A privatização dessas empresas pode render lucro para o investidor. "O foco no social fica menor, o poder politico perde peso nas decisões e isso destrava o potencial de lucro", diz Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, de São Paulo.
Quais ações estão na fila de privatização?
Sabesp - O governo paulista planeja finalizar a privatização da Sabesp até julho de 2024. O governo tem até o início de 2024 para definir o modelo da operação, e depois irá abrir audiências e consultas públicas. O objetivo é fazer uma oferta de ações ou leilão até julho do ano que vem.
Copel (CPLE6) - O processo, que começou em outubro do ano passado, teve um passo importante em julho deste ano. Os investidores da empresa aprovaram uma mudança que torna a companhia uma empresa de capital disperso e sem acionista controlador. O estado do Paraná tem 31% das ações e o BNDES, por meio da BNDESPar, tem 24% do capital da Copel - o restante está na Bolsa. A privatização consistirá em uma oferta de ações que diluirá o governo do Paraná para uma participação minoritária, e poderá ser concluída em julho ou outubro deste ano, segundo aposta o Bank of America (BofA).
Cemig (CMIG4) - A Companhia Energética de Minas Gerais é uma concessionária de energia elétrica brasileira de economia mista, em que o estado é o principal acionista. Ainda que o governador Romeu Zema sinalize a intenção de privatizar a estatal, ainda não se sabe como ou quando isso deve acontecer.
Copasa (CSMG3) - O governo mineiro deve enviar este ano ao Legislativo um projeto para viabilizar a privatização da Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa). O projeto pode ser barrado na Assembleia Legislativa. As desestatização das duas estatais mineiras ainda deve se estender por 2024 e até 2025.
Sanepar (SAPR4) - O processo de privatização da Companhia de Saneamento do Paraná ainda não começou. O governador Ratinho Junior, acredita que a privatização não deve acontecer nesse momento.
Em quais vale a pena investir?
É uma aposta de longo prazo. O segredo para ganhar dinheiro com ações de empresas que vão ser privatizadas é investir anos antes da privatização terminar, diz Ricardo Brasil, da Gava. "É uma aposta de longo prazo, de dois a três anos", diz ele. "Quem investe seis meses antes já perdeu a valorização", afirma ele.
As melhores oportunidades de ganho estão em Sabesp e Copel. É o que acredita André Sanson, diretor da TM3 Capital, de Curitiba.
O JPMorgan projetou que a ação da Sabesp pode bater R$ 100 em caso de privatização - bem acima do valor atual de R$ 53,91 (20 de julho).
Em relação a Copel, o Bank of America recomenda a compra de CPLE3 e elevou o preço alvo das units CPLE11 para R$ 51 em 2024. Em 20 de julho, a unit custava R$ 39,27. Para CPLE6, a projeção máxima do mercado é de R$ 11,30 e o preço atual é de R$ 7,97.
Eletrobras teve prejuízo no último ano
Apesar da expectativa de lucro com a privatização, não foi isso o que aconteceu com a Eletrobras (ELET3 e ELET6). Mais de 370 mil trabalhadores usaram o FGTS para investir na privatização há mais de um ano. Mas, no período, as ações da empresa tiveram desempenho abaixo do Ibovespa. Enquanto o índice rendeu 17,74% de 10 de junho do ano passado até 20 de julho de 2023, ELET3 desvalorizou 13,36% (para R$ 37,83) e ELET6 caiu 1,47% (para R$ 42,44), segundo dados da Economatica. .
Empresa diz que a culpa é da chuva. De lá para cá, a empresa iniciou um processo de enxugamento de pessoal - o que é positivo, ajuda na redução de custos. Mas faturou menos porque o preço da energia caiu - devido a chuvas acima do normal.
Teve também interferência política. Em maio, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com ação para contestar o modelo de privatização no Supremo Tribunal Federal (STF). Isso não foi bom para a empresa. "Gera insegurança e os investimentos ficam travados", diz Sanson.
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