Com juros baixos, cuidado ao investir para taxa não 'zerar' seu rendimento
Resumo da notícia
- Taxa de administração alta cobrada pelas instituições pode diminuir e até zerar ganho dos investimentos
- Especialistas dizem que, quanto mais complexo o investimento, maior será a taxa cobrada
- O ideal é pagar em torno de 0,5% de taxa em fundos mais simples, como renda fixa
- Para os mais complexos, é aceitável pagar até 3% ao ano, no máximo
- É importante pesquisar diversas instituições para comparar taxas de produtos similares
Promessas de bons ganhos podem fazer investidores esquecerem outro fator importante na hora de decidir onde colocar seu dinheiro: as taxas cobradas. Dependendo de quanto o banco ou corretora cobra para gerir seu dinheiro, os ganhos podem diminuir muito —ou até sumir.
Isso se torna ainda mais importante num cenário de juros baixos, já que o retorno de diversos investimentos, principalmente de renda fixa, tendem a ser menores também. Nesta semana, por exemplo, após o Banco Central anunciar mais um corte na taxa básica de juros (Selic), alguns bancos foram cobrados nas redes sociais para diminuir suas taxas.
Especialistas ouvidos pelo UOL falam qual a taxa de administração "aceitável" para cada tipo investimento.
Quanto mais complexo o investimento, maior a taxa
O valor da taxa de administração está diretamente ligado à complexidade do investimento. A taxa é cobrada em troca de um serviço ao investidor, disse Bernardo Pascowitch, fundador do buscador de investimentos Yubb.
Ou seja, o gestor administra o dinheiro do cliente que, muitas vezes, não tem o tempo ou conhecimento para operar sozinho. Como em qualquer serviço, se ele exige mais do profissional, faz sentido ele ser mais bem remunerado, afirma.
"Quando a gente olha para o serviço, precisa entender que existe uma pessoa trabalhando para o seu dinheiro", diz Pascowitch. "Não faz sentido usufruir sem pagar nada."
Investimentos mais complexos exigem mais do gestor. Nesses casos, a tendência é que o retorno seja maior, mas a taxa de administração também.
Que taxa é aceitável?
Na outra ponta, produtos que tenham retornos menores, como renda fixa, devem ter taxas mais baixas, segundo Ricardo Teixeira, coordenador do MBA de Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Se é fácil de ser gerenciado, não tem por que pagar taxa maior."
Ele recomenda que o investidor procure taxas que fiquem abaixo de 1% ao ano. Idealmente mais perto de 0,5%. Entre esses produtos, os especialistas citam os títulos públicos, fundo DI ou o CDB.
"Taxas mais elevadas só são aceitáveis para investimentos com alto potencial de ganho, mas que também implicam riscos mais elevados", afirma. Entre esses mais complexos, Bernardo Pascowitch cita debêntures, que exigem trabalho maior do gestor, e ele considera aceitável pagar taxas como 1% a 1,5% ao ano.
Já fundos multimercados ou fundos de ações podem ter taxas ainda maiores. "Até 2,5%, 3%, no máximo, de administração ao ano é aceitável, desde que o trabalho do gestor justifique essa taxa", afirmou Pascowitch.
Dica: pesquisar sempre
Para saber se a taxa de administração de um determinado produto é boa, faça o mesmo que é recomendado para qualquer compra: pesquise em várias instituições diferentes.
"[Ao pesquisar, o investidor] vai perceber que todas as taxas das instituições, sejam grandes ou pequenas, vão estar dentro de uma determinada faixa para aquele tipo de investimento", afirmou Teixeira. "Toda vez que o que está sendo oferecido foge completamente das práticas de mercado, é um sinal de alerta."
Encontrar um valor muito diferente do praticado não quer dizer, necessariamente, que há algo errado. Pode ser que o banco ou corretora esteja tentando atrair mais clientes. "Mas é melhor se informar mais" antes de investir, ele recomenda. Promessas de muito ganho, com custo e risco baixos, podem ser golpes.
Procurar bancos grandes ou pequenos?
Bancos menores podem oferecer taxas de administração mais atraentes como forma de conseguir mais clientes.
Ainda assim, Ricardo Teixeira considera natural que investidores menos experientes procurem instituições maiores, por causa da confiança. Ele diz que grandes bancos também oferecem produtos que se encaixam na margem de 0,5% a 1% ao ano de taxa.
"É natural que pessoas que estão entrando no mercado agora procurem instituições mais conhecidas, para reduzir a exposição ao risco", afirma. "À medida que vão conhecendo melhor [sobre o mercado], têm mais informações, podem partir para outros investimentos."
E a taxa zero?
Algumas corretoras oferecem taxa de administração zero em determinadas aplicações.
Bernardo Pascowitch afirma que, nesses casos, o cliente costuma estar diante de um produto de investimento, não de um serviço. Ou seja, não há necessidade de um gestor para administrar o dinheiro. É um investimento direto, em aplicações de baixa complexidade e retorno.
"Não faz sentido no mercado de hoje pagar taxa para operar sozinho, independentemente do tipo de produto", afirma.
Ele considera essa tendência de zerar taxas como "interessante e saudável", mas lembra que "são empresas, não ONGs". "Elas precisam ganhar dinheiro de alguma forma. Se estão zerando taxas, de que forma estão ganhando dinheiro?", pergunta. Por isso é importante se informar sobre o produto, para saber se há outras taxas aplicadas.
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