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Que fundos mais renderam na década? Conheça os top 10 e estratégias campeãs

João José Oliveira

do UOL, em São Paulo

29/12/2019 04h00Atualizada em 14/07/2020 10h39

Resumo da notícia

  • Melhor fundo da década rendeu mais de 539% comprando ações de empresas menos badaladas
  • Segundo colocado, fundo de renda fixa apostou em títulos de longo prazo protegidos da inflação
  • No Top 10 da década, maioria buscou papéis atrelados à inflação, na renda fixa, ou ações de segmentos, na Bolsa

Ações de empresas menos famosas na Bolsa e títulos de renda fixa que acompanham a inflação e com prazo bem longo. Esses foram os ingredientes que fizeram crescer o bolo dos dois fundos de investimentos campeões em rendimento na década. Entre os dez fundos que mais deram lucro aos investidores desde 2010, sete carteiras apostaram nessa receita.

O levantamento foi feito para o UOL pela empresa de informações financeiras Economatica, que considerou apenas a classificação Tipo Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) para Fundos de Investimento (Tipo I), com mais de 5.000 cotistas. Os Fundos Estruturados (Tipo II), que incluem os FII (Fundos de Investimentos Imobiliários), e os Fundos Off Shore (Tipo III) não entraram no levantamento porque os dados de rentabilidade não estão disponibilizados.

Veja o ranking com os dez primeiros colocados e conheça mais abaixo a estratégia dos dois líderes.

Fundo campeão apostou em "small caps"

O campeão da década foi o AZ Quest Small Mid Caps Fic Fia, da gestora de recursos AZ Quest, com ganho nominal (sem descontar inflação) de 539,14%. Para comparar, o Ibovespa, índice de ações mais tradicional da Bolsa e formado pelos papéis mais negociados, avançou 57,8% no período.

"A ideia por trás desse fundo é buscar oportunidades no segmento das small caps. Naquele momento, em 2009, a gente via um momento favorável, com crescimento da renda e do PIB, e distribuição de renda que vinha desde o ano 2003", disse o executivo-chefe de Investimentos da AZ Quest, Alexandre Silverio.

Em vez de investir em ações de grandes empresas mais conhecidas e mais negociadas na Bolsa —as chamadas blue chips, que têm maior peso no Ibovespa, caso de Petrobras, Vale, Bradesco e Itaú Unibanco—, a gestora foi garimpar ações de companhias menos badaladas, apostando no maior potencial de ganhos.

Como foram escolhidas as empresas

Entre as escolhidas do gestor nesse período estavam a então Kroton (agora Cogna), do setor de educação, e a rede de lojas Magazine Luiza. O valor de mercado da primeira saltou de R$ 6 bilhões para R$ 30 bilhões, enquanto a varejista dobrou, de R$ 3,5 bilhões para R$ 7 bilhões.

Investir na infância de uma empresa envolve mais riscos que colocar as fichas em uma gigante estabelecida, por isso o potencial de ganho é maior. Para reduzir o grau de incerteza, o gestor usa algumas estratégias —por exemplo, comprar ações de várias empresas para diluir o risco. O fundo da AZ Quest investe em ações de 20 a 30 empresas, e nenhuma companhia tem mais de 20% do patrimônio do fundo, que soma R$ 1,4 bilhão.

Durante o período da crise econômica, entre 2014 e 2017, o executivo da AZ Quest disse que o fundo buscou se proteger da recessão aumentando na carteira o peso de ações de empresas de receitas mais estáveis e boas pagadoras de dividendos, ou seja, que distribuem aos acionistas a maior parte dos lucros.

A lista das dez ações que mais subiram na década mostra diversos casos de companhias que cresceram apoiadas em um plano de negócios bem executado e tornaram-se líderes do setor em que atuam —como rede de farmácias, locadora de veículos, fabricante de calçados. Mas há também companhias que têm receita estável e contínua, como as elétricas ou de gás.

Na lista dos dez fundos que mais renderam na década, mais quatro carteiras apostaram em modelos que analisam características próprias de uma empresa ou de um setor, como consumo doméstico ou setor financeiro. Para os gestores de recursos, esse tipo de estratégia deve continuar valendo nos próximos anos. "O cenário é positivo. Os juros estão baixos, as empresas listadas na Bolsa estão mais sólidas e ganhando mercados", disse Silvério, da AZ Quest.

Renda fixa contra inflação

O segundo colocado na lista dos fundos que mais subiram na década é de uma carteira que aplica em títulos de renda fixa de longo prazo com foco em render mais que a inflação. O Icatu Vanguarda Inflação Longa FIC Firf LP acumula um rendimento de 286,95% na década até 4 de dezembro.

Para comparar, a inflação medida pelo IPCA variou 74,3% até novembro, e o CDI, referência para taxas de juros nos empréstimos e nos investimentos em renda fixa, avançou 153,5% no período.

O presidente da Icatu Vanguarda Gestão de Recursos, Bernardo Schneider, disse que essa carteira foi montada exatamente para quem está olhando o longo prazo. Por isso, o fundo é composto por títulos com prazo médio longo, com papéis de 11 a 12 anos de vencimento, todos indexados à inflação, ou seja, rendendo sempre mais que os índices de preços.

"Investimentos de longo prazo devem levar em conta os repiques da inflação. E, olhando o longo prazo, é necessário ter retorno acima da inflação", afirmou Schneider. Segundo ele, o fato de a inflação estar baixa hoje no Brasil é positivo para esse tipo de fundo. "Se as expectativas de inflação estão baixas, então está barato se proteger da inflação", disse.

Ou seja, comprar títulos do governo ou papéis de empresas que dão um rendimento corrigido por algum índice de preços está bem em conta hoje. Há no mercado tanto títulos do governo como debêntures que dão um rendimento calculado pelo IPCA mais uma taxa extra. Quanto mais longe o vencimento, maior o prêmio.

Outras quatro carteiras campeãs seguiram estratégia semelhante, buscando papéis de longo prazo atrelados a índices de preços.

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