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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Alta de juros e da inflação: boa notícia para quem investe em renda fixa?

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto
Juliana Mello

14/03/2022 04h00

Kiev, capital da Ucrânia, pode estar a mais de 10 mil quilômetros de distância do Brasil, mas as implicações da invasão russa à Ucrânia são e serão sentidas pelos brasileiros.

Desde que Vladimir Putin, presidente da Rússia, direcionou suas primeiras investidas em território ucraniano, os mercados andam tumultuosos. E os resultados econômicos vão além do sobe e desce da Bolsa, do dólar e das commodities (matérias-primas).

Um primeiro efeito sobre a economia global é a inflação. Como resposta à guerra, diversos países do Ocidente já impuseram embargos a produtos vindos da Rússia. O problema é que a Rússia está entre um dos grandes produtores globais de petróleo e gás, grãos, fertilizantes, metais e produtos siderúrgicos.

No mercado internacional, o petróleo chegou a ser negociado acima de US$ 110 por barril, maior patamar desde 2008 —isso se traduz não apenas no preço do petróleo, mas de alimentos e dos mais variados bens.

Como a economia brasileira é afetada

E o Brasil, como fica? O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou recentemente sobre os impactos da guerra sobre o futuro da nossa economia. Ele se diz preocupado com a inflação e o crescimento da economia global —que já vinha em um processo de alta de preços.

Mas Guedes, no entanto, defende que o Brasil já estava caminhando em outra direção. Com a aceleração da inflação no ano passado, o Banco Central brasileiro foi um dos primeiros do mundo a iniciar um processo acelerado de alta de juros.

Nossa taxa Selic subiu mais de oito pontos porcentuais, enquanto as demais autoridades monetárias demoraram mais para iniciar seus ciclos de aperto monetário. Guedes chegou a afirmar que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) está "dormindo ao volante".

Só esse diferencial de taxas de juros já atrai investidores estrangeiros. Além disso, segundo o ministro, muitos analistas olham para o Brasil como um país exportador de commodities e que pode se beneficiar do aumento dos preços.

Mesmo assim, a mediana das estimativas para o IPCA, índice oficial da inflação no Brasil, já sobe há mais de oito semanas no relatório Focus.

Em 7 de março, estava em 5,65%, já acima do teto da meta definida pelo governo para 2022 (5%), mas bem abaixo dos 10,06% de 2021. Afinal, a inflação global tem também efeitos aqui. E nossos produtores rurais são dependentes de fertilizantes russos.

Impactos em investimentos

Além dos impactos óbvios ao bolso dos brasileiros, é preciso olhar com atenção para a carteira de investimentos. Mesmo quando pensamos nos investimentos em renda fixa, que tendem a se beneficiar em um primeiro momento do aumento das taxas de juros e inflação, a preocupação vem em um prazo não muito longo.

Lembre-se que do outro lado dos seus investimentos estão empresas que precisam continuar saudáveis. E a alta da inflação e da Selic significa um aumento do custo das dívidas —mesmo daquelas contraídas anteriormente. Isso pode afetar a saúde financeira das empresas.

É preciso, contudo, colocar uma exceção nesse cenário: os investimentos em companhias ligadas ao agronegócio é um exemplo. A maior demanda por commodities deverá aquecer essa indústria, e possivelmente veremos muitas emissões de CRAs e captações de FIagros, que farão bastante sentido nesse novo cenário.

O que esperar

Mas não podemos acreditar que o aumento de inflação irá nos beneficiar como investidores, nem uma possível estagnação da economia com juros altos.

Segundo Guedes, o nosso alívio vem do fato de que o Brasil continuará crescendo, beneficiado pela transição de uma economia dirigida pelo Estado para uma economia dirigida pelo mercado.

Para reconstruir a Europa, o Plano Marshall foi de US$ 100 bilhões (em valores corrigidos até 2020). Em comparação, até o final do ano teremos US$ 200 bilhões em contratos assinados de compromisso de investimentos privados, gás natural, petróleo, cabotagem, concessão de estradas e portos marítimos para os próximos dez anos.

O foco não são incentivos fiscais, monetários e aumento dos gastos públicos. A pauta não será de novos programas de crédito nem de imprimir dinheiro, segundo ele.

Não há pressão fiscal, o Brasil reduziu seu déficit fiscal de 10% do PIB para zero em um ano. E são todos estes fatos combinados que nos deixarão distantes de uma estagflação.

Dentro dessa perspectiva desenhada e sabendo que toda crise vem combinada com boas oportunidades, fique de olho nos investimentos locais, que certamente aparecerão ótimas opções de remunerar seu capital.

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