Quer comprar ações, mas tem medo de investir na Bolsa? É preciso ter muito dinheiro pra entrar no mercado? Preciso acompanhar o sobe e desce todo dia?
No Papo com Especialista, programa ao vivo do UOL, a planejadora financeira Vivian Rodrigues fala sobre como encaixar a renda variável (ações e outros produtos) dentro da sua estratégia de investimentos.
Leia abaixo a análise da planejadora financeira e assista ao programa completo do dia 6 de outubro, que é um tira-dúvidas sobre investimentos exclusivo para assinantes e transmitido semanalmente, às quintas-feiras, das 16h às 17h. Para também ter sua dúvida respondida no programa, envie sua questão para o Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br.
O que é investir na Bolsa?
Ao investir na Bolsa, você está comprando pequenos pedaços de grandes empresas, que são as ações.
Quando você faz isso, está assumindo o risco daquele negócio como um todo. Quando a empresa vai bem, é provável que as suas ações se valorizem, e vice-versa. Também assume o o risco da própria estrutura da Bolsa de Valores, pois há momentos de muita especulação do mercado. "E quem faz o preço de cada uma dessas ações é esse mercado", afirma.
Quanto dinheiro preciso investir na Bolsa?
Muita gente pensa que, para investir na Bolsa, você precisa de muito dinheiro. Mas não é assim, diz Vivian. "Você pode investir valores altos e baixos também", afirma. Segundo ela, você pode comprar uma ação única, mas em geral são negociados lotes de cem ações.
Apesar de ser possível comprar ações individuais - há ações que custam menos de R$ 10 - é preciso ver se vale a pena. Não compensa comprar de pouquinho em pouquinho porque, sempre que a gente compra ou vende uma ação, existe uma taxa de corretagem. Algumas corretoras e bancos têm essa taxa zerada. "Mas em geral há uma taxa envolvida, e aí não viabiliza muito se você compra picadinho demais", afirma.
Vale comprar ações baratas? Mesmo que existam ações baratas, que custam R$ 2, R$ 5 ou R$ 10, é preciso olhar para a empresa para saber se vale a pena comprar.
Vivian faz o seguinte questionamento: você ficaria sócio de uma empresa por ela ser barata ou porque acredita que ela vai crescer e ter melhores resultados?
"Tome cuidado para não tomar decisões simplesmente por conta do preço daquela ação naquele momento específico. Antes de investir, analise por que você quer se tornar sócio daquela empresa", declara.
Ela diz, no entanto, que naturalmente essa decisão não pode ser tomada no seu "feeling". Há outras questões que precisam ser respondidas e analisadas.
Preciso acompanhar a Bolsa todos os dias?
A depender da sua estratégia, sim, segundo Vivian. Mas a gente precisa entender as nossas limitações enquanto analistas dessas empresas. A análise que precisa ser feita é complexa.
Muitos estudos mostram que essas escolhas de 'comprar agora e vender quando subir um pouquinho' ou 'comprar e vender no mesmo dia' são estratégias que, para a maior parte dos investidores, não têm se mostrado muito eficientes.
"Existem outras formas [de investir na Bolsa] para você que não tem tempo nem quer ficar ali todos os dias olhando o sobe e desce das ações, com uma visão de curto prazo", afirma.
Uma forma é investir por meio de fundos, que têm gestores profissionais que olham e estudam o mercado diariamente, ou ainda acompanhar carteiras recomendadas.
"Acredito que uma equipe de analistas que recomendam essa carteira vai ter melhores análises do que de um investidor leigo, que tem menos conhecimento técnico e menos tempo para fazer isso", afirma.
Para ela, se você está investindo na Bolsa pensando de uma forma mais diversificada e com objetivo de longo prazo (10 anos ou mais), há outro caminho além de comprar e vender uma ação: investir via ETFs (Exchange Traded Fund), nos quais você consegue investir em muitas empresas ao mesmo tempo.
ETFs copiam índices, como o Ibovespa, índices de bolsas internacionais, ou índices de ações de determinados setores.
Segundo a planejadora financeira, é preciso tomar cuidado ao tentar acompanhar a Bolsa diariamente. "Será que a gente vai tomar decisões com base no resultado de um dia? Quando você olha a volatilidade em um prazo muito curto, isso pode até te atrapalhar, porque a Bolsa é um investimento que exige um olhar de longo prazo", diz.
Como comprar ações e vender com lucro?
A compra de ações é feita via o home broker da corretora ou banco. Nesta plataforma, você coloca o nome da ação ou do ETF que quer comprar e consegue ver o valor que a ação está sendo negociada naquele dia.
"É o movimento do mercado que define por quanto aquela empresa está sendo comprada ou vendida naquele momento", declara.
Como funciona a compra e venda de ações? Vivian diz que é possível fazer negociação de compra e venda de ações na Bolsa todos os dias. "Você pode comprar e vender ações quando quiser, desde que, no momento em que você está comprando, tenha alguém vendendo, e vice-versa", afirma.
Portanto, diz ela, se você investir em empresas menores, tome cuidado com a questão da liquidez. "Todo dia há pessoas comprando e vendendo ações daquela empresa? Fique atento a isso", afirma.
Como vender ações com lucro? Vivian diz que, na teoria, é simples: você compra a ação mais barata, espera ela subir e a vende com lucro.
"Mas o ponto é: quando você se torna sócio de uma empresa, não é possível fazer uma projeção com essas características, como ter lucro daqui a um ano. A estratégia de se tornar sócio de uma empresa precisa acompanhar um período mais longo", afirma.
Quais são as taxas para investir na Bolsa? Pago IR?
Vivian diz que a primeira taxa é a da corretagem: você paga no momento da compra e da venda. Algumas corretoras e bancos têm essa taxa zerada. "A taxa é a mesma independente do valor investido", diz Vivian.
Imposto de Renda: Você paga uma alíquota de 15% do Imposto de Renda em cima do que você ganhar, ou seja, em cima do lucro (no caso das ações).
Mas há isenção. Esse limite de isenção não é em cima do seu lucro; é em cima do total que você está vendendo. Se você vender, dentro do mesmo mês, até R$ 20 mil, você não paga o Imposto de Renda", afirma.
Segundo ela, na maior parte dos investimentos, você paga Imposto de Renda em cima do que ganhou (e não em cima do valor total). Há algumas exceções e também investimentos que são isentos de Imposto de Renda.
Dividendos podem garantir renda extra
Dividendos são a divisão do lucro de um determinado período daquela empresa entre os cotistas. A periodicidade e o valor da distribuição depende de cada empresa - nem todas pagam dividendos.
Vivian diz que os investimentos podem ser divididos em duas fases: acúmulo de patrimônio (você investe para acumular patrimônio) e retirada para complementar a renda (você reduz ou deixa de fazer aportes e passa a usufruir o dinheiro investido).
"Se você está em fase de acúmulo, a minha sugestão é: não retire os dividendos. Reinvista. Evite retirar lucros e dividendos nessa primeira fase de acúmulo, porque dessa forma você desacelera o ritmo de acúmulo de capital", declara.
Juros compostos: Se você não precisa desses dividendos, no momento, é melhor reinvestir. Isso por causa do poder dos juros compostos: juros em cima de juros. Assim, o capital vai acumulando de forma mais expressiva.
Portanto, diz ela, se os dividendos são uma parte da sua rentabilidade dos seus investimentos e você saca o valor, você acaba "tirando força" dos juros compostos.
Papo com Especialista é semanal
O programa Papo com Especialista é transmitido às quintas-feiras, semanalmente, das 16h às 17h, na página inicial do UOL, no UOL Economia e no UOL Investimentos, e é exclusivo para assinantes. Reveja programas anteriores aqui.
Você pode enviar perguntas ao Papo pelo email uoleconomiafinancas@uol.com.br —elas podem ser respondidas no programa.
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