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Mídia e Marketing #84: Viviane Duarte, CEO do Plano Feminino

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Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/05/2021 14h00

Diversidade e equidade racial não são obras de assistencialismo, são condições essenciais para as empresas se manterem vivas. Mas como mostrar isso para o mercado? E as agências de publicidade: elas têm olhado de verdade para a diversidade ou ainda estão sobrevoando o mundo das ideias?

Nesta semana, o podcast Mídia e Marketing recebe Viviane Duarte, CEO e fundadora do Plano Feminino. O Plano Feminino, que nasceu em 2010, é uma consultoria especializada em estratégias de marketing com foco em gênero e diversidade. Atualmente, trabalhas com empresas como Unilever, Ambev, Hershey's, Bayer e Raízen, entre outras -confira a entrevista, na íntegra, no vídeo acima.

Viviane conta que um dos principais desafios da consultoria é mostrar os benefícios reais de se trabalhar com diversidade. Para a executiva, diversidade não é assistencialismo: é, sim, parte da estratégia de negócios das empresas.

"Temos uma elite que costuma associar diversidade com assistencialismo, principalmente no mundo corporativo. As pessoas que não olham para o pilar de diversidade como inovação estão realmente obsoletas. Empresas que não têm diversidade estão fadadas ao fracasso", afirma (a partir de 8:08).

"São poucos os executivos que entendem isso. O problema, muitas vezes, passa pela seleção. Num país com 54% da população negra, com 1% da população falando outra língua, a gente vê uma vaga de estágio exigindo dois idiomas. Vocês estão contratando onde? Na Suécia? Ser honesto neste momento é muito importante: se você realmente quer diversidade, precisa adequar o escopo, precisa ser uma empresa consciente e honesta", declara (a partir de 11:10).

Viviane também conta sobre o 'Plano de Menina', instituto que nasceu em 2015 para conectar meninas e ajudá-las a colocar planos pessoais e profissionais em prática.

"Criamos o Plano de Menina para construir um terceiro setor mais saudável, com jornadas que são patrocinadas por marcas e aulas de educação financeira, tecnologia, comunicação verbal e mentorias online. No último ano, impactamos mais de 10 milhões de meninas, com 2 milhões de meninas presentes do começo ao fim nos cursos. Hoje também temos um banco de talentos. Na pandemia, mais de 100 meninas foram contratadas por empresas como Ambev e Unilever", afirma (a partir de 3:18).

Trabalhar de forma 'honesta' com diversidade

Ela ainda fala sobre a recente polêmica de um projeto de lei, na Assembleia de São Paulo, que pretendia proibir a presença de pessoas LGBTQIA+ em comerciais "voltados a crianças". Na época, mais de 300 pessoas e empresas assinaram um manifesto contra a aprovação da lei.

"É muito legal, mas a gente precisa caminhar de forma mais rápida e mais honesta em relação a diversidade. A gente precisa de empatia para a causa, de honestidade para os negócios, para além desse 'storytelling' que a gente é bom de contar na publicidade", afirma (a partir de 24:38).

"Dentro das empresas, de 80 a 90% de tudo que a gente fala no mercado sobre diversidade é 'histoirinha'. Estamos emocionando as pessoas sem efetividade fazer nada. Isso é honesto? É honesto a gente continuar com isso? Muitas agências de publicidade não têm diversidade -e, quanto tem, são só vagas 'de entrada'", declara.

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