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Poupar para aposentadoria: juros baixos exigem mais tempo, esforço e risco

Natalia Gómez

Colaboração para o UOL

12/10/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Juntar dinheiro para se aposentar está ainda mais desafiador devido aos juros baixos
  • Com queda de juros, retorno dos investimentos em renda fixa, considerados mais seguros, também cai
  • É preciso investir em produtos que trazem maiores retornos, mas têm mais riscos, como a renda variável
  • Também é preciso economizar mais e por um tempo mais longo com aumento da expectativa de vida e a reforma da Previdência
  • Uma dica é começar a experimentar investimentos de maior risco, mesmo que com pequenos valores
  • Outra dica é começar a pensar em economizar para a velhice o quanto antes

As pessoas estão vivendo cada vez mais, mas preparar uma velhice confortável ainda é privilégio de poucos: só 21% dos brasileiros se planejam financeiramente para a aposentadoria, segundo pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) com o Datafolha. E juntar dinheiro para se aposentar está ficando ainda mais desafiador devido aos juros baixos.

Com a queda da taxa de juros, o retorno dos investimentos em renda fixa, considerados mais seguros, também cai. Hoje, a Selic está a 5,5% ao ano, mas o mercado financeiro acredita que ela deve cair para 4,75% no final do ano, uma nova mínima histórica.

Já não é possível fazer um bom colchão para a velhice sem olhar para as alternativas de maior risco, segundo o consultor financeiro André Massaro. "A rentabilidade da renda fixa não dá mais. Os retornos hoje inviabilizam a criação de um patrimônio de longo prazo."

É preciso correr mais riscos

Nesse cenário, será preciso investir em produtos financeiros que trazem maiores retornos, porém têm mais riscos, como é o caso da renda variável.

"No Brasil, alguns produtos que já foram considerados superagressivos, como ações, fundos de índices, fundos de ações e fundos imobiliários, terão que fazer parte da carteira de investimentos da pessoa comum, como ocorre em outros mercados mais desenvolvidos", afirmou.

Ele cita como exemplos EUA e Europa, onde é comum a recomendação de investir 60% do patrimônio em renda variável e 40% em renda fixa, algo que no Brasil seria considerado quase uma "loucura".

Outras opções de investimentos para diversificar a carteira da aposentadoria são fundos de gestão de crédito privado, fundos multimercados e fundos de previdência, segundo a Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). A escolha vai depender do perfil do investidor, dos objetivos e das necessidades ao longo do tempo.

"A carteira de investimentos para a aposentadoria deve ponderar produtos de investimento com pelo menos três objetivos: superar a inflação, crescer mais aceleradamente e cobrir eventuais necessidades sucessórias", disse Eliane Tanabe, planejadora financeira certificada pela Planejar.

Economizar mais e por mais tempo

Além do maior apetite a risco, os investidores que pretendem poupar para a aposentadoria precisarão economizar mais e por um tempo mais longo. Um dos motivos é que a expectativa de vida deve continuar aumentando, e é difícil saber quanto tempo vamos viver a mais que os nossos pais.

"Hoje a gente pensa em viver 75 a 80 anos, mas, daqui a 20 anos, podem surgir curas para doenças que nos permitam viver 120 anos", disse Massaro.

Outro fator a ser considerado é a reforma da Previdência, que estabelece uma idade mínima para se aposentar: 62 anos, para mulheres, e 65 anos, para homens.

Segundo a especialista da Planejar, neste contexto é importante fazer um esforço maior para economizar ao longo da vida, procurando fazer escolhas inteligentes, principalmente para cortar os gastos pontuais ou supérfluos.

"Tudo isso para que quando a pessoa não quiser ou não puder mais trabalhar, ou quiser reduzir o seu ritmo de trabalho, possa viver de renda com equilíbrio e tranquilidade, preferencialmente, de forma independente", disse Eliane.

Arriscar aos poucos e começar cedo

Os especialistas consultados pelo UOL recomendam começar a experimentar investimentos de maior risco, mesmo que com pequenos valores. Dessa maneira, o investidor pode perder o medo de arriscar mais. "Muitas vezes o que paralisa as pessoas não é o medo de perder, mas o medo do desconhecido", disse Massaro.

Outra dica é começar a pensar em economizar para a velhice o quanto antes. Isso porque quem dá os primeiros passos mais cedo pode se beneficiar dos juros compostos e escolher os produtos com maiores retornos esperados no longo prazo, pois terá tempo para recuperar eventuais perdas de curto prazo, segundo Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama.

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