Mercado vê sinais de alta de juros; poupança segue perdendo da inflação
Resumo da notícia
- Banco Central mantém juros em 2% ao ano, mas sinaliza que taxa pode voltar a subir em breve
- Mesmo que juros subam, alta não será suficiente para melhorar ganho na renda fixa tradicional, dizem analistas
- Ações e aplicações que acompanham inflação permanecem como recomendação de especialistas
O Banco Central manteve nesta quarta-feira (20) a taxa básica de juros na mínima histórica de 2% ao ano pela quarta vez seguida. Com isso, as aplicações tradicionais de renda fixa, com o risco mais baixo do mercado (como poupança, fundos DI e títulos Tesouro Selic) continuam perdendo da inflação.
Mas a alta da inflação nos últimos meses já preocupa o Banco Central. O comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária) sinaliza que que a alta dos preços deve levar o governo a aumentar os juros em algum momento já neste ano, afirmam profissionais de mercado. E se esse movimento se confirmar, aplicações que dependem da Selic poderão dar um rendimento maior que o atual.
Juros poderiam subir em março?
Levantamento da XP Investimentos com 79 investidores institucionais mostrou que 13% deles esperam a primeira alta de juros já em março, outros 37% acreditam que a Selic comece a subir em maio, enquanto 16% esperam a elevação em junho, 19% em agosto e 15% em outubro ou depois.
O problema para quem tem dinheiro em poupança, fundos DI e Tesouro Selic, dizem analistas, é que essa alta dos juros vai mexer pouco com a Selic. A taxa básica de juros poderia ir a 3,25% ao fim de 2021 e a 4,75%, ao fim de 2022, segundo projeções do mercado apuradas pelo Boletim Focus, do Banco Central.
E esse movimento de alta será realizado de forma muito lenta, enquanto os índices de preços devem seguir elevados por mais tempo. Ou seja: essas aplicações continuarão ficando atrás da inflação. Uma má notícia para quem colocou dinheiro na poupança em 2020, ano em que as captações do investimento bateram recorde.
Nossos juros ainda são baixos se comparados com as taxas que já tivemos no passado. Por isso, acredito que a migração de recursos de renda fixa para renda variável deve continuar acontecendo.
Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos
Renda fixa sem risco perde da inflação
Veja as perdas reais de aplicações, considerando um investimento de R$ 1.000 por um ano e uma inflação de 4,23% (IPCA de 2020) - lembrando que investimentos que pagam imposto são taxados em 17,5% para saques após 360 dias.
Poupança nova
- Rendimento bruto: R$ 14 (70% da Selic)
- Rendimento líquido: R$ 14 (não paga imposto)
- Retorno real após descontada a inflação: perda de R$ 28,30
Tesouro Selic
- Rendimento bruto: R$ 20
- Rendimento líquido: R$ 16,50 (desconta R$ 3,50 de imposto)
- Retorno real após descontada a inflação de 4,23%: perda de R$ 25,80
Fundo DI (com taxa de administração de 0,5%)
- Rendimento bruto: R$ 20
- Rendimento líquido: R$ 12,35 (desconta imposto e taxa de administração)
- Retorno real após descontada a inflação: perda de R$ 29,95
Investimentos em destaque
Renda fixa pós-fixada: Com uma possível a alta de juros no cenário, uma forma de proteger a carteira usando aplicação de renda fixa é optar por produtos pós-fixados em vez de prefixados, dizem gestores de recursos. Dessa forma, a aplicação acompanha a variação conforme os juros vão subindo no futuro.
Renda fixa protegida da inflação: No universo da renda fixa, a expectativa dos gestores de recursos é que siga aumentando mais a procura por aplicações que protejam o investidor da inflação, ou seja, investimentos cujo rendimento acompanhe o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Vejo uma procura crescente por produtos indexados ao IPCA, como CRAs e CRIs, debêntures e o papel do Tesouro IPCA+ por causa da alta recente dos preços.
Daniel Miraglia, especialista em mercados de capital global da Ohmresearch
Ações: Profissionais de mercado dizem que o movimento de migração de recursos de aplicações da renda fixa tradicional para renda variável também deve continuar mesmo que a Selic suba um pouco, com destaque para fundos de ações e multimercados, fundos imobiliários e ações na Bolsa.
Não acredito que essa elevação da Selic afete o atual cenário de investimentos, no qual as pessoas estão buscando opções na renda variável
Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora
Interesse em ações
Levantamento da Fliper, plataforma que agrega investimentos de bancos e corretoras que somam R$ 30 bilhões de patrimônio e 300 mil contas conectadas, mostra que o interesse por investimento em ações subiu de 33%, em outubro, para 36,04%, em dezembro, no universo das carteiras dos usuários dessa fintech.
Nosso levantamento indica que os investidores buscam manter uma carteira balanceada, combinando maiores riscos e potenciais de retornos inerentes às ações e fundos imobiliários com a segurança da renda fixa, além de diversificar com os fundos multimercados, que ficam na metade do caminho entre ousadia e conservadorismo.
Walter Poladian, sócio-fundador da Fliper. Walter Poladian
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