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Versão fria do chimarrão, tereré ganha franquia em MS; veja negócio

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

30/01/2014 06h00

Acostumado a tomar tereré –versão fria do chimarrão– desde a infância, o sul mato-grossense Léo Wenoli, 34, sentiu falta da bebida quando se mudou para Minas Gerais, para cursar a faculdade de publicidade e propaganda. De volta a Campo Grande (MS) em 2007, resolveu criar a loja virtual, Tereré Shop.

Com R$ 500, ele adquiriu os primeiros produtos da loja, que vende para todo o Brasil. O empresário, que não revela números, afirma que após perceber que o volume de pedidos estava aumentando, resolveu criar uma loja física, em Campo Grande, em 2010.

No mesmo ano, um cliente manifestou o interesse em abrir uma loja semelhante e assim surgiu a franquia Tereré Shop. Apesar de o negócio ter sido formatado para franquia em 2010, as primeiras unidades serão abertas apenas neste ano. "Queríamos um tempo para avaliar o mercado e desenvolver melhor o negócio", diz.

Atualmente, a rede tem duas lojas próprias e está em busca de franqueados. A meta é chegar a 150 lojas em todo o Brasil até 2020. O investimento inicial para abrir uma unidade é de R$ 150 mil, incluindo custos de instalação e a taxa de franquia. O faturamento médio mensal é de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

De acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising), a margem de lucro para o segmento é de, no máximo, 20%, ou seja, de R$ 8.000 a R$ 12 mil, e o retorno do investimento é a partir de 24 meses. No entanto, o empresário afirma que o negócio atinge um lucro médio mensal é de 25% (de R$ 10 mil a R$ 15 mil).

A loja não oferece a bebida para consumo imediato, apenas vende os itens para que o cliente prepare em casa. O empresário diz que sempre trabalhou com erva-mate, a matéria-prima do tereré.

“Meu pai era veterinário e, quando voltava das fazendas, trazia sacos de erva-mate que eu preparava, peneirava, empacotava e vendia. Quando me formei, resolvei profissionalizar o negócio e abri a empresa”, declara.

A loja vende pacotes de erva-mate em mais de 30 sabores, como canela, menta, uva e limão. O produto mais vendido, segundo o empresário, é a Erva-Mate Natural Tradicional Tereré Shop, que custa R$ 10 o pacote de 500 g.

Também há acessórios para o consumo, como guampa (recipiente feito com chifre de boi, onde a bebida é consumida) , bomba (tipo de canudo que funciona como um filtro), garrafas térmicas e até o que empresário chama de “tereré wear” – roupas, calçados e acessórios para os fãs de tereré.

Segundo Wenóli, o tereré é muito consumido no Mato Grosso do Sul e no Paraguai, mas a sua meta é divulgar a bebida pelo país.

Público restrito limita o crescimento

Para Maurício Galhardo, sócio da Práxis Business, consultoria especializada em franquias, o negócio terá o crescimento limitado porque o público também é limitado.

“O consumo do tereré é cultural, mais difundido em algumas regiões do que em outras. Quem não conhece pode experimentar e, eventualmente, virar cliente, mas há pessoas que não vão nem experimentar. O ideal é que ele diversifique a oferta de produtos para oferecer outras opções para estas pessoas”, afirma.

O consultor cita como exemplo outras franquias dedicadas ao mate, mas que oferecem também outras bebidas e alimentos para aumentar as vendas.

“Se ele quiser focar na tradição do tereré, tem que ter em mente que leva tempo para mudar padrões de consumo das pessoas. No entanto, ele tem chances de sucesso, porque é o que já aconteceu com o açaí, típico da região Norte, mas que caiu no gosto dos brasileiros. Neste caso, o pioneiro no negócio leva vantagem”, afirma.

A loja virtual, segundo Galhardo, pode ajudar na expansão do negócio, indicando os locais com maior procura pelo produto e, consequentemente, uma boa opção para instalação de franquias.

Cuidados ao escolher uma franquia

Tempo de mercadoVerifique há quanto tempo a rede atua no mercado. Se a franquia for nova, veja o número de unidades próprias. É por meio delas que a franqueadora adquire experiência e conhecimento da área que irá transmitir aos franqueados
Pesquisa com franqueadosAs redes são obrigadas a apresentar a COF (Circular de Oferta de Franquia) para os interessados. O documento deve indicar endereço, nome e telefone de franqueados e ex-franqueados. É importante ligar para o maior número possível para saber sobre investimento, faturamento, tempo de retorno e lucro
FaturamentoDesconfie de número fantásticos. O ideal é avaliar mais de uma franquia do setor que deseja ingressar para ver se os números são similares. Segundo a ABF, o lucro varia de 10% a 15% sobre o faturamento
Prazo de retornoA ABF trabalha com o prazo de retorno de 18 a 24 meses para microfranquias, que exigem um investimento mais baixo, e de 36 meses para franquias, que necessitam de investimento maior
Assinatura de contratoO negócio só pode ser fechado após o prazo de 10 dias da entrega da COF. O objetivo é evitar a assinatura por impulso. A COF informa o número de franqueados ativos e inativos (nos últimos 12 meses), com telefone, ações judiciais contra a empresa e estimativa de investimento, faturamento etc.