Dólar sobe 1,7% e vai a R$ 2,258, maior valor desde abril de 2009
O dólar comercial fechou com alta de 1,69%, a R$ 2,258 na venda, mesmo depois de uma atuação do Banco Central. Os investidores temem o fim da ajuda do governo dos EUA à economia.
É o maior valor de fechamento desde o dia 1º de abril de 2009 (R$ 2,281). No ano, a moeda já acumula alta de 10,25%.
As principais Bolsas de Valores do mundo tiveram forte queda. A Europa registrou os piores índices em 19 meses. As Bolsas da Ásia também sofreram.
Pouco antes das 10h, o BC realizou um leilão de venda de dólares, que movimentou US$ 2,986 bilhões. Mesmo assim, a cotação continuou em alta. O leilão equivale a uma venda de dólares no mercado futuro, para tentar baixar o preço já.
Operadores afirmam que intervenções do BC terão efeito limitado sobre o mercado de câmbio. Os investidores estão preocupados com a possibilidade de redução do estímulo econômico nos Estados Unidos.
Na véspera, o Banco Central dos Estados Unidos (Fed) indicou que pode começar a reduzir seus estímulos econômicos em breve. Todo mês, a instituição compra US$ 85 bilhões em títulos, o que garante alta circulação de dólares no mercado.
O estímulo do Fed injeta dólares no mercado, e a possibilidade de redução preocupa investidores. Com menos moeda em circulação, a tendência é que o preço fique mais alto.
Mantega disse ter 'bala na agulha' para o câmbio
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta que o governo federal tem "muita bala na agulha" para evitar variações muito intensas no câmbio. "Muitas reservas, muitos dólares", completou.
Ao ser questionado sobre as ações do Fed (Federal Reserve, o BC americano) e o comportamento do câmbio brasileiro nos últimos dias, Mantega disse que o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão atentos para conter as oscilações.
Leilões de dólares
O Brasil adota um regime de câmbio flutuante, o que quer dizer que, na teoria, o Banco Central não pode impor limites para a variação do dólar em relação ao real.
Porém, há instrumentos que podem ser usados para controlar oscilações muito fortes. Um deles é o leilão de compra ou venda de dólares no futuro, chamados de swaps.
Quando o dólar se valoriza muito, o BC pode ofertar contratos equivalentes à venda de dólares no futuro; assim, mais moeda estrangeira passa a circular no mercado, e a tendência é que o preço do dólar recue.
Outras intervenções
Depois que o dólar subiu 7% em maio, o Banco Central e o Ministério da Fazenda adotaram uma política mais agressiva para conter a alta da moeda. No dia 4 de junho, o governo zerou a alíquota de 6% sobre investimentos estrangeiros em renda fixa, tentando atrair capital externo para o país.
Na semana passada, foram feitos quatro leilões de venda de dólares, dois na segunda-feira e dois na terça. Quando o BC vende dólares, a intenção é que o excesso de oferta faça a cotação da moeda cair. Por outro lado, quando quer que ela suba, o BC compra dólares no mercado.
Apesar das medidas, na quarta-feira o dólar atingiu o nível de R$ 2,15 pela primeira vez em mais de quatro anos. Depois do fechamento do mercado, o BC anunciou, então, mais uma medida: zerou a alíquota de 1% do imposto sobre operações de venda de dólares no mercado futuro.
Nesta semana, mais leilões de venda de dólares: na segunda-feira, a operação movimentou US$ 1,9 bilhão, e, na terça, US$ 3,4 bilhões foram negociados em outros dois leilões.
(Com Reuters)
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