Concorrência e falta de investidor desanimam empreendedor do setor de games
Concorrer com empresas do mundo todo e conseguir investimento para manter o negócio são as maiores dificuldades no mercado de criação de games, segundo especialistas no setor.
O tema foi discutido na última quarta-feira (29), na Campus Party, em São Paulo (SP). Entre os espectadores do debate estava o empreendedor Felipe Lomeu, 29, que pretende lançar um game de zumbis em março.
Com o jogo, ele e os sócios Magnum Candido, 26, e Oswaldo Carvalho, 35, esperam faturar R$ 1 milhão até o fim do ano.
“Quando uma empresa desenvolve um jogo para celular, ela não vai disputar espaço somente com games nacionais, mas também do mundo inteiro”, afirma o cofundador da aceleradora de negócios Aceleratech Pedro Waengertner.
Segundo ele, o desenvolvimento tecnológico em outros países como Japão, Coreia do Sul e Canadá é maior do que no Brasil, o que aumenta a dificuldade do empreendedor nacional.
“A empresa deve nascer com uma mentalidade global, ter maturidade e uma equipe qualificada para competir com o pessoal de fora”, declara.
Para o diretor da Abragames (Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais), Sandro Manfredini, conseguir investimento para bancar a criação de jogos é outra barreira para o empreendedor.
De acordo com Manfredini, o dinheiro é necessário para a aquisição de computadores mais avançados, contratação da equipe e para cobrir outros custos do negócio. O valor de investimento inicial para este mercado, no entanto, não foi mencionado.
“O ‘cara’ que faz um jogo sozinho em casa até pode dar certo uma vez e ganhar algum dinheiro. Mas, o ideal é que esse negócio seja sustentável, que cresça e faça novos jogos ainda melhores do que o primeiro”, afirma.
Manfredini diz, ainda, que faltam incentivos governamentais para impulsionar a indústria de games. “Quase não há incentivos do governo ao setor e, comparado com outros países, estamos muito atrasados. A maior parte dos investimentos vem de grupos privados estrangeiros.”
Segundo o diretor da Abragames, o mercado brasileiro de jogos movimenta cerca de US$ 2 bilhões (R$ 4,8 bi) anualmente. No entanto, os dados incluem também a venda de games físicos nas lojas.
Empresas de games precisam melhorar gestão do negócio
Para a coordenadora nacional de games e softwares do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Rosana Cristóvão de Melo, afirma que a dificuldade de conseguir investimento está ligada à falta de profissionalismo e capacidade de gestão das produtoras de jogos.
“Nossas start-ups de games são muito amadoras ainda. Elas são mais voltadas para a diversão e o entretenimento e não se enxergam como um negócio. Isso afasta o investidor”, diz.
De acordo com a coordenadora do Sebrae, muitas empresas iniciantes se perdem no caminho por não terem um plano de negócios.
“Na criatividade, os brasileiros são campeões, mas na hora de gerir o negócio ainda deixamos a desejar. Se essas empresas se estruturarem melhor e criarem metas, há potencial para crescerem nesse mercado”, declara.
Melo diz que, no Brasil, há dois tipos de games pouco explorados: os educativos e os voltados à propaganda de produtos e marcas dentro do jogo. “São nichos que apresentam oportunidades para novos negócios.”
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