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Empresas alugam games, bonecas e outros brinquedos por R$ 75; veja negócio

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

10/02/2014 06h00

Com um pagamento mensal que varia de R$ 75 a R$ 175, pais podem alugar brinquedos como videogames, motos e carrinhos elétricos, cama elástica, bonecas falantes e outros utensílios, como cadeirinhas, para seus filhos. A locação é válida pelo período de um mês e permite a renovação ou a troca por outro brinquedo ao término do prazo.

Esta é a proposta do Clube do Brinquedo, fundado por Wagner Heilman, 35, em São Paulo (SP), e da empresa Meu&Seu, de Vanessa Couto, 35, em São José dos Campos (97 km a nordeste de São Paulo).

A vantagem para os pais, segundo os empresários, é que eles não precisam pagar uma mensalidade contínua. A taxa é cobrada somente no mês em que retirarem um brinquedo.

Com R$ 500 mil de investimento inicial, Heilman comprou 200 brinquedos para crianças de 0 a 8 anos, fez o site, comprou um veículo e contratou um funcionário para fazer as entregas. O negócio foi lançado em abril de 2010. Atualmente, são 1.200 peças à disposição para aluguel.

“Quando tive meu primeiro filho, há seis anos, comprei muitos brinquedos. Com a minha segunda filha, de quatro anos, não quis repetir e comprar tudo de novo. Eles se desenvolvem muito rápido e usam por pouco tempo brinquedos que custam caro.”

Ele não revela o faturamento, mas diz que aluga de 800 a mil brinquedos por mês. As mensalidades variam de R$ 75 (para duas peças por mês) a R$ 175 (para até sete). De acordo com Heilman, todas as peças são higienizadas antes de serem enviadas para o cliente. Se o brinquedo quebrar, o cliente paga 80% do seu valor.

Crianças perdem interesse rápido por brinquedo, diz empresária

Na Meu&Seu, da empresária Vanessa Couto, as mensalidades variam de R$ 75 a R$ 150. A empresa começou as atividades em setembro de 2013 e atende a região do Vale do Paraíba. O capital inicial foi de R$ 200 mil, segundo Couto, para a compra de 300 brinquedos para crianças de 0 a 6 anos, um carro para entregas, um funcionário e o site.

“Sou tia de nove crianças e mãe de uma menina de três anos. Sempre observei que as crianças se desinteressam pelo brinquedo muito rápido. Eu também queria passar o conceito de sustentabilidade desde cedo para minha filha, por isso, achei interessante a ideia de alugar brinquedos e resolvi investir”, diz Couto.

Couto não revela faturamento, mas diz que já possui cerca de 120 clientes. Se algum brinquedo quebrar, os pais pagam uma taxa que varia de R$ 10 a R$ 50. "É um valor simbólico. Não tivemos nenhum caso ainda, em geral, os pais têm sido bem cuidadosos", afirma Couto.

Cadeirinhas e eletrônicos são os mais alugados

Os itens mais alugados variam de acordo com a idade, segundo eles. Para bebês de 0 a 12 meses, os que fazem mais sucesso são cadeirinhas e andadores. Entre as crianças maiores, os eletrônicos têm preferência, como notebook infantil, carrinhos e motos elétricas e videogames.

"A vantagem é que pais e filhos podem se divertir com brinquedos que, em alguns casos, eles não poderiam comprar. Temos brinquedos de até R$ 2.500, como uma casinha infantil de plástico", diz Couto.

Os dois empresários possuem contato com importadoras e compram os brinquedos do exterior com preços mais baixos por ser no atacado. As empresas pretendem lançar franquias do negócio. O objetivo da Meu&Seu é que isso aconteça no primeiro semestre de 2014 e, no Clube do Brinquedo, somente em 2015.

Falta de hábito de alugar brinquedos e variação cambial são dificuldades

Claudio Gonçalves, professor do MBA de gestão de riscos e compliance da Trevisan Escola de Negócios, diz que o negócio é interessante porque ajuda os pais a economizarem, já que os brinquedos estão cada vez mais caros por conta da maior tecnologia embutida neles.

No entanto, ele diz que será necessário desenvolver um novo hábito de consumo, já que não existe no país a cultura de aluguel de brinquedos. O apelo sustentável do negócio pode ajudar, segundo ele, pois muitas pessoas já têm consciência de que é necessário consumir menos e gerar menos lixo no planeta.

Para os empresários que priorizam os brinquedos importados, a variação cambial pode atrapalhar os negócios, diz Gonçalves. “Ele tem de avaliar a melhor hora para comprar brinquedos do exterior para não ter de reduzir sua margem de lucro, já que o valor da mensalidade é fixo.”

Para Reginaldo Gonçalves, coordenador de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, essas empresas podem, também, passar a concorrer com as companhias que alugam brinquedos grandes (escorregador, entre outros) para festas e eventos. “Elas já conhecem o mercado e, se perceberem que há outro filão lucrativo, elas podem passar a ser grandes concorrentes.” 

Serviço:

Clube do Brinquedo - www.clubedobrinquedo.com.br
Meu&Seu -  www.meueseu.com