Óculos retrô e armação de madeira fazem empresa faturar R$ 50 mil por mês
Com o mercado de carros, roupas, móveis e eletrodomésticos de tendência vintage e retrô em expansão no Brasil, segundo especialistas, empresários estão diversificando produtos para alavancar novos negócios.
A Notiluca, de São Bernardo do Campo (SP), por exemplo, criou uma linha de óculos de sol com armações em madeira e uma coleção inspirada nos anos 60,70 e 80 voltada para o público jovem. Outra aposta da empresa será o lançamento de modelos de óculos de grau.
Com um investimento de R$ 250 mil (equipamentos, matéria-prima e instalações), a empresa fatura R$ 50 mil por mês.
Segundo estudo da Abióptica (Associação Brasileira da Indústria Óptica), as classes B e C representam 86,9% do mercado consumidor de óculos no país. Armações de óculos (incluindo óculos de sol) representam 66% ( R$ 13 bilhões).
A Notiluca produz 800 peças por mês e os preços variam de R$ 350 a R$ 490. Seu público é o jovem das classes A e B. As lojas multimarcas são o maior canal de vendas da empresa –representam 78% das vendas. O restante (22%) é feito pela internet.
“O jovem busca novidade e a pegada retrô é um atrativo forte”, diz Fernando Rodrigues, 27, um dos sócios da empresa.
São os próprios donos os responsáveis pela coleção de seis modelos: Villas Boas (estilo vintage), Brigadeiro (aviador), Sinhá (formato gatinho), Linho (clássico), Mindu (máscara) e Andrea Marques (redondo).
O modelo Andrea Marques é uma parceria com a estilista carioca, que divulgou na Fashion Rio, realizada em abril, a linha de produtos da Notiluca quando apresentou a coleção primavera-verão 2013-2014.
Além da estilista, a consultora de moda Glória Kalil e a crítica de moda Lilian Pacce receberam os óculos da empresa.
Presente para namorada inspira negócio
Na reta final do curso de design gráfico e de produto, da Faap (Fundação Álvares Penteado), em setembro de 2012, Fernando Rodrigue e Leonardo Valente, 23, apaixonados por madeira, presentearam as namoradas Tatiana Fernanda, 25, e Petrina de Souza Alves, 23, com dois óculos de madeira modelo Ray-Ban.
A novidade, produzida durante oficinas de madeira, atraiu os primeiros consumidores da futura empresa: os colegas de faculdade. Segundo Fernando Rodrigues, 20 amigos encomendaram o produto, que foi entregue gratuitamente.
“Na época, a gente fez um produto que tinha falhas no acabamento, mas isso não foi problema para os nossos primeiros consumidores”, diz Rodrigues.
O passo seguinte foi planejar a empresa e chamar o colega e amigo Fábio Willers, 28, para fechar a parceria. Após um ano de pesquisa, o trio definiu a linha de produtos da empresa: retrô de alta qualidade e acabamento.
Com seis funcionários, a indústria usa lentes Carl Zeiss (tecnologia alemã) e madeiras brasileiras certificadas, como imbuia e marfim.
Concorrência com produtos chineses preocupa empresas
De acordo com especialistas, a concorrência de produtos chineses e a falta de conhecimento do funcionamento do comércio varejista, atrapalham os empresários que investem no mercado retrô.
Segundo o diretor de projetos de empreendedorismo e novos Negócios, da FGV (Fundação Getulio Vargas), Renê José Rodrigues Fernandes, para evitar o problema, o empresário precisa fazer a divulgação eficiente de sua linha e mostrar ao cliente que está vendendo um produto original e de qualidade.
Fernandes diz que outro problema corriqueiro está na exposição dos produtos nas lojas. Segundo ele, muitos varejistas não sabem diferenciar peças com alto valor agregado de outras sem a mesma sofisticação. Com isso, acabam deixando todas misturadas em uma mesma prateleira.
“Sem a diferenciação, o produto perde o seu valor e fica estagnado”, diz.
Preço e improvisação podem atrapalhar negócio
A consultora Beatriz Micheletto, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), afirma que a falta de planejamento é o principal problema do fabricante nessa área. Ela dá como exemplo a falta de uma pesquisa para definir o seu mercado.
Segundo Micheletto, sem planejar, o fabricante pode encalhar com a produção porque o grande atacadista, que faz parcerias nesse mercado, tem preço inferior. “Não adianta produzir um óculos retrô sem pesquisar o tamanho e a receptividade do mercado”, afirma.
Outra falha grave é centralizar as ações, desde a administração até a divulgação. De acordo com Micheletto, a divisão de tarefas é o melhor caminho para obter eficiência em todas as áreas.
“A falta de divulgação desse produto é um problema recorrente nessa área”, diz.
Onde encontrar
Notiluca: Rua Álvaro Alvim, 306 – São Bernardo do Campo – São Paulo - SP - Telefone: (11) 4317-2055
www.notiluca.com.br
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