Franquias nos EUA têm sete vezes mais unidades do que no Brasil; compare
Nos Estados Unidos, cada franqueador possui a média de 280 unidades, enquanto no Brasil a média é de 40 lojas por marca, ou seja, os americanos têm sete vezes mais lojas do que os brasileiros.
O dado faz parte de um estudo elaborado pelo Grupo Bittencourt, consultoria especializada em franquias, publicado com exclusividade pelo UOL, que compara o sistema de franquias brasileiro com o americano e o europeu.
Segundo Lyana Bittencourt, diretora de marketing e desenvolvimento do Grupo Bittencourt, os EUA são referência no segmento de franchising devido ao pioneirismo.
“Desde 1978, os EUA possuem uma lei federal sobre franquias. A economia mais desenvolvida e redes com presença internacional também contribuem para que o país seja referência no sistema”, afirma.
Ainda segundo o estudo, do total de marcas americanas (3.000), cerca de 25% (750 empresas) têm entre 51 e 500 lojas e 6% (180), de 501 a mil. Apenas 2%, ou seja, 60 marcas, têm mais de mil unidades.
No Brasil, atuam 2.426 marcas. Desse total, 8% (187 redes), têm entre 51 e 500 lojas e 0,5% (13 franquias), de 501 a mil unidades. Apenas 0,4% (10 empresas) têm mais de mil lojas.
Para Bittencourt, mesmo com a diferença no número de unidades das redes, o Brasil está bem posicionado no cenário do franchising. Segundo a consultora, o país vem amadurecendo de forma consistente no mercado de franquias porque importa boas práticas das redes estrangeiras.
“São muitas as redes brasileiras que participam de delegações internacionais e buscam esse aprendizado, o que pode ser um grande diferencial na hora de lidar com o franqueado e com a rede como um todo”, afirma.
Brasil e União Europeia crescem mais que EUA
O número de unidades franqueadas no Brasil cresceu 42% de 2007 a 2011, de acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Na União Europeia, os sete principais países do bloco no mercado de franquias (Alemanha, Espanha, França, Itália, Noruega, Polônia e Reino Unido) cresceram 17,5%, em média, no período. O dado é da Fundação Europeia de Franchise.
Já os EUA registraram retração de -0,5% de 2007 a 2011, segundo a IFA (sigla em inglês para Associação Internacional do Franchise). Isso aconteceu devido à crise financeira que assolou o país a partir de 2008.
Este número só voltou a ficar positivo em 2012, com aumento de 1,5% no número de estabelecimentos. No Brasil, o crescimento foi de 12% em 2012. A Fundação Europeia de Franchise não divulgou dados do período.
“O franchising nacional tem tido crescimento sustentável frente a outros mercados mais antigos como a Europa ou mesmo com sistema mais maduro, como os EUA”, diz Bittencourt.
Falta de leis unificadas dificulta atuação do setor em outros países
Do ponto de vista legal, a relação entre franqueado e franqueador no Brasil se beneficia da experiência e aprendizados vindos de outros mercados.
“A regulamentação do sistema de franquias no Brasil aconteceu apenas em 1994 e pudemos nos apropriar de algumas boas práticas do exterior para compor a nossa legislação. É importante ter uma única lei regendo todo o sistema para que o setor fale a mesma língua”, declara a diretora do Grupo Bittencourt.
Nos EUA, apesar de existir uma regulamentação federal desde 1978, 14 Estados do país possuem sua própria lei de franquias.
De acordo com Bittencourt, isso significa que o sistema é complexo e cheio de especificidades para as marcas locais que desejam expandir além das fronteiras de seu próprio Estado e, muitas vezes, se torna ininteligível para marcas estrangeiras.
“Esse fato aliado à dificuldade de adaptar a marca ao gosto dos americanos e à alta concorrência fazem com que a barreira se torne ainda maior para entrar no país”, afirma.
No caso europeu, não existe uma regulamentação da União Europeia que estabeleça as regras das relações entre franqueado e franqueador.
Apenas França, Espanha, Romênia, Itália e Bélgica possuem políticas formalizadas para acordos de pré-venda de franquias, que contemplam direitos e obrigações das partes, condições financeiras, definição clara do objeto do contrato, entre outros.
Porém, segundo o estudo do Grupo Bittencourt, a maioria dos países se autorregulam pelo código de ética da EFF (sigla em inglês para Federação Europeia de Franchise).
Mercado brasileiro é o terceiro em número de marcas
No cenário global, ao analisar o número de franquias, a liderança do ranking é da China, que totaliza 4.000 marcas. EUA aparecem em segundo lugar, com 3.000 redes.
O Brasil é o terceiro, com 2.426 marcas. Na sequência aparecem Coréia do Sul (2.400), Turquia (1.843), Índia (1.800), França (1.569), Filipinas (1.300), Japão (1.233) e Canadá (1.200).
Cuidados ao escolher uma franquia
Tempo de mercado | Verifique há quanto tempo a rede atua no mercado. Se a franquia for nova, veja o número de unidades próprias. É por meio delas que a franqueadora adquire experiência e conhecimento da área que irá transmitir aos franqueados |
Pesquisa com franqueados | As redes são obrigadas a apresentar a COF (Circular de Oferta de Franquia) para os interessados. O documento deve indicar endereço, nome e telefone de franqueados e ex-franqueados. É importante ligar para o maior número possível para saber sobre investimento, faturamento, tempo de retorno e lucro |
Faturamento | Desconfie de número fantásticos. O ideal é avaliar mais de uma franquia do setor que deseja ingressar para ver se os números são similares. Segundo a ABF, o lucro varia de 10% a 15% sobre o faturamento |
Prazo de retorno | A ABF trabalha com o prazo de retorno de 18 a 24 meses para microfranquias, que exigem um investimento mais baixo, e de 36 meses para franquias, que necessitam de investimento maior |
Assinatura de contrato | O negócio só pode ser fechado após o prazo de 10 dias da entrega da COF. O objetivo é evitar a assinatura por impulso. A COF informa o número de franqueados ativos e inativos (nos últimos 12 meses), com telefone, ações judiciais contra a empresa e estimativa de investimento, faturamento etc. |
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