Depois de lingerie com GPS, marca lança sutiã com diamante por R$ 100 mil
Uma corrente de ouro com um pingente de diamante de 1,79 quilate são os detalhes que fizeram de um conjunto de sutiã e calcinha de renda e microfibra custar R$ 100 mil. A peça única, criada pela marca Lindelucy e batizada de Joia Rara, é uma estratégia de marketing.
Após lançar o modelo original de luxo, a empresa de Juruaia, polo produtor de lingerie no Sul de Minas, espera emplacar a venda de réplicas feitas com bijuteria no lugar da joia. Em 2008, a grife já usou tática semelhante, ao lançar um corpete com um GPS. A peça também foi única e serviu para atrair a atenção para a marca.
Em uma semana, foram vendidas 50 peças, segundo Lúcia Iório, 45, fundadora da empresa. Inicialmente, foram produzidas cem réplicas, mas a empresa já trabalha na confecção de novos lotes. “A aceitação do produto tem sido muito boa. Esperamos que passe a fazer parte da nossa linha fixa”, diz. As réplicas custam de R$ 300 a R$ 500 no varejo.
Segundo a empresária, alguns clientes demonstraram interesse também em comprar a lingerie de R$ 100 mil. No entanto, ela aguarda crescimento na venda das réplicas antes de negociar a peça única. “Esse é um produto-conceito, pode ou não ser vendido”, afirma. Caso não venda o sutiã, ela pensa em negociar somente a joia para não ficar no prejuízo.
De acordo com a lojista, cerca de 90% da receita do negócio vem do atacado. Os outros 10% vêm da loja da marca em Juruaia (413 km de Belo Horizonte). Por mês, a empresa vende, aproximadamente, 20 mil peças. Em 2014, o faturamento foi de R$ 1,9 milhão.
Empresa já fez lingerie com GPS
Essa não é a primeira vez que a Lindelucy investe em peças únicas como estratégia de marketing. A empresa já criou em 2013 um modelo de corpete com detalhes em ouro, inspirado no período barroco. A peça foi avaliada em R$ 17 mil e continua em posse da marca. As réplicas foram vendidas a R$ 200.
Em 2008, a empresa desenvolveu um corpete com GPS, que podia ser rastreado a distância. No ano seguinte, foram lançadas duas cuecas com a mesma tecnologia, que foram vendidas a R$ 750 cada. Não houve venda de réplicas.
“Criar peças como essas é um investimento em marketing. Você não imagina que muitas pessoas queiram usar uma lingerie com GPS, mas quando você vai lá e faz, as pessoas gostam e falam de você”, declara.
Empresária era professora
Antes de ser empresária, ela já foi professora e vendia lingeries por catálogos para complementar a renda. Em 1994, ao notar que alguns fornecedores atrasavam a entrega, resolveu produzir lingeries por conta própria. Pegou emprestada uma máquina de costura da mãe e comprou outra no valor correspondente ao de um salário-mínimo da época.
No início, a venda era feita para sacoleiras. Depois, a empresa começou a vender para lojistas. Em 1996, a marca abriu a loja própria. Hoje, a fábrica ocupa um espaço de 800 m² e o negócio emprega 50 funcionários.
Vender réplica é ‘tiro no pé’, diz especialista
Para Silvio Passarelli, diretor do MBA em gestão do luxo da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), criar um produto de luxo para vender réplicas é um “tiro no pé”. Segundo ele, a própria marca se desvaloriza ao oferecer cópias de um produto feito por ela.
“Como estratégia de marketing pode até funcionar, mas, se a empresa quer se posicionar como uma marca de luxo, não vai dar certo”, afirma. “O público que compraria o produto por ele ser único se sentiria menosprezado ao ver cópias muito mais baratas no mercado.”
Passarelli diz, ainda, que um item de luxo precisa ter design, elegância, conforto e outros elementos que vão além de um diamante. “No caso da lingerie, se tirar o diamante, ela vira uma peça convencional. O empresário precisa ter cuidado porque a linha que separa o luxo do excêntrico é muito estreita.”
Onde encontrar:
Lindelucy Lingerie: www.lindelucy.com.br
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