Pequenas empresas faturam com pré-sal; veja oportunidades do setor
Pequenos negócios da Baixada Santista, no litoral de São Paulo (SP), estão faturando como fornecedores de grandes empresas da cadeia do petróleo, óleo e gás. A exploração do pré-sal na região traz boas oportunidades, segundo consultores ouvidos pelo UOL.
A costureira Rosa Maria Conceição Muratori, 55, dona da confecção Kabataon, em Cubatão (56 km a sudeste de São Paulo), viu seu faturamento aumentar 67% desde que passou a produzir uniformes industriais. A Help Marine, empresa de manutenção de embarcações, de Santos (72 km a sudeste de São Paulo), também cresceu depois que passou a ter como clientes as indústrias de petróleo óleo e gás.
As áreas com mais oportunidades, segundo especialistas, estão focadas na produção de material elétrico, válvula, uniformes, serviços de hotelaria (arrumação, limpeza e alimentação) em alto-mar e até medicamentos.
Em 2012, a Kabataon faturou R$ 30 mil e, em 2013, o número, apesar de ainda não estar consolidado, deve ser de R$ 50 mil, segundo Muratori.
“Fornecemos uniformes para escolas, hospitais, supermercados e indústrias. Desde meados de 2013, estamos buscando certificação para produzir uniformes com tecido antichama, que pretendemos vender para a Petrobras e outras empresas do ramo de petróleo”, declara.
A Help Marine existe desde 2005, mas, de três anos para cá, segundo o gerente de vendas Jackson Pedrosa, 30, precisou contratar mais oito funcionários e se adequar às exigências de grandes petroleiras como Petrobras, Shell e Ipiranga.
“Foi um processo trabalhoso, tivemos de nos adequar bastante. Vender para uma indústria tradicional é totalmente diferente do que fazer uma entrega em alto-mar. Mudamos nossos sistemas de informática, financeiro e de gestão do estoque. Treinamos o pessoal e passamos a trabalhar com peças específicas para atender às exigências técnicas das empresas”, declara.
Poucas empresas estão investindo no setor, diz consultora
Apesar de empresas como a Kabataon e a Help Marine estarem se preparando para crescer com a exploração do pré-sal, este não é o movimento geral das pequenas empresas do litoral, de acordo com Glaucia Ferreira, consultora do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) da Baixada Santista.
Dicas para atuar no setor
Não há espaço para informalidade, portanto, esteja com a documentação da empresa em dia |
Atenção para critérios técnicos: obtenha certificações que assegurem a qualidade de seus produtos e serviços |
Implemente políticas de gestão em saúde, meio ambiente e segurança do trabalho |
Obtenha certificação que ateste o quanto da sua mão de obra e matéria-prima é nacional. Esta é uma exigência do governo federal para a cadeia do petróleo, óleo e gás, com o objetivo de gerar mais emprego e renda no país |
Fonte: Antonio Batista, coordenador do projeto de Petróleo e Gás do Sebrae-RJ |
“Os empresários da região precisam acordar para a grande oportunidade que está surgindo. Há cursos gratuitos para buscar mais informações sobre o ramo”, declara.
O campo de Libra, leiloado no dia 21 de outubro de 2013, fica na Bacia de Santos e, segundo o Ministério de Minas e Energia, tem pico de produção estimado em 1,4 milhão de barris por dia.
Atualmente, a produção nacional chega a 2 milhões por dia. O investimento chegará a US$ 181 bilhões, em 35 anos.
Petroleiras exigem certificação
De acordo com a consultora, o setor exige diversas certificações, conforme a atividade da empresa. Uma delas é para comprovar a qualidade dos produtos ou serviços da empresa e outra para demonstrar qual a participação da mão de obra e da matéria-prima nacional no negócio.
A formalização das empresas que desejam atuar na área também é imprescindível, segundo Ferreira. As petroleiras exigem a emissão de nota fiscal eletrônica.
Entretanto, um levantamento feito pelo Sebrae mostra que menos de 50% das empresas da região da Baixada Santista estão habituadas a emitir nota fiscal.
O mesmo mapeamento mostra que somente 45% das empresas da região estão preparadas para aproveitar o potencial do ramo petroleiro.
No Rio de Janeiro, no entanto, a realidade das empresas é outra. “O Estado é referência em boas práticas nesta cadeia e muitas empresas de lá estão vindo para a Baixada Santista com o intuito de abrir filiais”, diz Ferreira.
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