Camelô cria personagem com humor e vende até 1 tonelada de castanha por mês
Bom humor é o segredo do vendedor de castanha-de-caju Inaldo Lucas de Farias, 45, para conquistar a clientela e driblar a concorrência na Praia de Pirangi (RN), onde fica o maior cajueiro do mundo (registrado no Guiness Book de 1994).
Farias viu o movimento da sua barraca aumentar quando criou o Dr. Castanha, um personagem que conta os benefícios da castanha à saúde, em novembro de 2011.
Com a ação, ele afirma que as vendas praticamente triplicaram, passando de 167 kg para 500 kg por mês. Entre os meses de dezembro e fevereiro, de alta temporada no turismo, ele chega a negociar de 700 kg a uma tonelada de castanha-de-caju por mês, devido ao aumento do número de visitantes no local.
É a mesma quantidade comercializada por uma loja de cerca de 30 metros quadrados e com quatro funcionários, localizada no complexo do cajueiro, de acordo com o Sebrae-RN (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte).
"As vendas do Dr. Castanha são muito boas, já que ele não possui a mesma infraestrutura de uma loja. O segredo dele está no humor", diz João Hélio Cavalcante, diretor técnico do Sebrae-RN.
O quilo da castanha-de-caju sai por R$ 25. Por mês, ele diz faturar de R$ 12,5 mil (na baixa temporada) a R$ 25 mil (na alta temporada). Ele não revelou o lucro.
A ideia de criar o personagem surgiu ao assistir um programa de televisão em que um nutricionista revelava os benefícios da castanha. Ele diz que, com a reportagem, aprendeu que a amêndoa do caju possui proteínas, carboidratos, amido, açúcares, potássio, magnésio, cálcio, selênio, ferro, zinco e outras substâncias que fazem bem ao organismo.
Farias afirma que, logo no primeiro dia, o personagem começou a fazer sucesso. Segundo o vendedor, o jeito irreverente de falar e os acessórios extravagantes, como megafone e óculos gigantes do personagem, caíram na graça do público.
“Busco no humor a forma de agradar e conquistar os meus clientes. Troco energia com as pessoas, o que me proporciona alegria e contagia os outros”, declara Farias.
Há seis meses, o vendedor se formalizou como MEI (Microempreendedor Individual) e criou um site para vender castanhas-de-caju também pela internet, para todo o país. Pela internet, os principais pedidos vêm de São Paulo e Paraná.
De acordo com a legislação, para estar enquadrado no MEI, o empreendedor não pode ultrapassar o faturamento anual de R$ 60 mil, o que dá uma média de R$ 5.000 por mês.
Farias afirma, no entanto, que já está entrando com a papelada para migrar para o Simples Nacional, que permite o faturamento anual de até R$ 360 mil.
É que o vendedor tem planos de ampliar o negócio, contratar um funcionário e adquirir uma loja física na feirinha que fica ao lado do cajueiro de Pirangi, no litoral sul do Rio Grande do Norte e distante 12 quilômetros da capital, Natal. “Tenho uma fórmula para o sucesso. Reinvestir parte do que faturo no negócio”, afirma.
Sazonalidade do produto pode prejudicar vendas
O diretor técnico do Sebrae-RN diz que, apesar de o sucesso com o público, o personagem não é garantia de alto faturamento o ano todo, pois a venda de castanha-de-caju sofre com a sazonalidade.
“Nos últimos dois anos, o Nordeste passou por uma grande estiagem, que fez o preço da castanha subir. A falta do produto é um risco inerente ao negócio e, para diminui-lo, é importante ter parcerias com vários fornecedores”, declara.
Por outro lado, Cavalcante diz que Farias trabalha muito bem conceitos de marketing e de relacionamento com o cliente.
“No local onde ele vende, há muitos outros vendendo o mesmo produto. Com o personagem Dr. Castanha, ele encontrou uma alternativa para se diferenciar e superar a concorrência”, afirma.
Ele também destaca a característica de Farias de pensar à frente e de maneira global, com a criação do site que permite vender para todo o Brasil.
“O MEI tem de ter uma veia empreendedora muito forte, pois ele é o cabeça de tudo no negócio. Ele é quem compra, vende, faz marketing”, afirma.
Serviço:
www.drcastanha.com.br
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