Pão de queijo ganha versão com chia e granola nas mãos de mineira
A empresária Elaine Aparecida Borges, 33, de Uberlândia (MG), resolveu investir na criatividade para profissionalizar a produção de seus pães de queijo caseiros e atrair mais clientes. Principalmente aqueles que estão cada vez mais preocupados com a saúde e buscando uma alimentação mais saudável.
Ela acrescentou sementes de chia, gergelim e até granola nas receitas dos seus quitutes. "Tudo para deixar a iguaria mais atrativa para quem vive de dieta”, diz.
Com isso conseguiu cobrar mais caro pelos produtos. Enquanto o quilo do pão de queijo tradicional sai por R$ 9, o de grãos sai por R$ 14. Entre os grãos estão: gergelim, granola e semente de chia.” Na linha saudável, o pão de queijo de gergelim é o que mais vende, 60% do total”, afirma.
Todos os quitutes são vendidos congelados. Junto com a nova linha de produtos ela decidiu formalizar o negócio e abriu a Pães de Queijo Congelados, há dois anos.
Hoje fatura a média de R$ 8.000 por mês –ela prefere contabilizar a média de R$ 2.000 por semana. Até então ela produzia os quitutes como autônoma para complementar a renda da casa.
Segundo ela, as vendas dos pães saudáveis representam 50% do total. "Todo cliente que vem comprar o tradicional acaba levando alguns da linha saudável também, por isso vendo praticamente a mesma quantidade das duas linhas."
O negócio, que começou com uma produção de 20 kg de pão de queijo por semana, atualmente produz 200 kg semanalmente.
A empresária faz pães de queijo tradicionais sob encomenda há 10 anos. No entanto, somente há dois lançou a linha saudável. Ela e o marido tocam o negócio sozinhos. Borges produz e ele faz as entregas.
O quitute é vendido por quilo e além de clientes de Uberlândia, Borges atende cidades vizinhas como Araguari e Uberaba.
Nos últimos três anos, a quantidade de encomendas aumentou em 900%. “Quem come indica para outras pessoas e assim aumentamos nosso rendimento”, diz.
A empresária afirma que a receita é praticamente a mesma do pão de queijo tradicional, com ovos, polvilho, óleo e sal, porém alguns ingredientes mais saudáveis são acrescentados, como por exemplo, o leite desnatado.
Empresa surgiu da necessidade de ajudar o marido
Borges teve a ideia de começar fazer a pão de queijo para vender para amigos, parentes e vizinhos para ajudar o marido com as despesas de casa. A empresária diz que ele é pintor e a renda familiar era de R$ 1 mil mensais.
"Um dia ele me disse que eu precisava aprender a fazer algo, não só para ajudar em casa, mas se algo acontecesse com ele eu conseguiria me sustentar", afirma.
Borges afirma que o negócio começou com R$ 20. O dinheiro foi usado para a compra dos ingredientes para fazer a massa.
Essa primeira experiência, no entanto, não foi tão fácil assim, segundo ela. Ainda que Borges tivesse conhecimento de produção de pão de queijo, a massa não deu certo.
“Para congelar é diferente e eu tive de fazer muitas outras para conseguir o ponto certo”, diz.
A microempresária começou a produção na cozinha da casa dela e a armazenar os pães de queijo na geladeira da família. Dois meses depois precisou comprar um freezer horizontal para dar conta de todas as encomendas.
“Hoje eu sai da cozinha de casa, construí três cômodos, tenho três freezers e uma máquina para fazer a massa”, declara.
Para trabalhar com a produção de alimentos é preciso obter licença com a prefeitura e com a Vigilância Sanitária.
Inovar nos recheios do quitute tradicional também não foi tarefa fácil, diz a empresária. Borges afirma que o pão de queijo exige certos cuidados na preparação e que achar o jeito certo de colocar o chocolate na massa demorou cerca de dois meses.
“Antes eu colocava e ele saía. Ficava difícil. Fui treinando e deu certo”.
Borges também tem uma linha com recheio doce. Os sabores são doce de leite, goiabada e banana com canela.
“Faço o doce de leite com a lata de leite condensado. A geleia de banana com canela também é de minha produção. Tenho a preocupação de não colocar conservantes e corantes na receita”.
Mudança pode agradar consumidores
Segundo Alessandro Henrique de Souza, consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a palavra da vez para empreendedores de todo o país é “inovação”. Ele afirma que cada ideia que se diferencie das demais deve ser aproveitada.
“Hoje as pessoas precisam buscar uma alternativa de inovação. Só se é competitivo quando se pensa lá na frente”, destacou.
Um dos fatores que pode contribuir para a aceitação do produto de Borges pelo mercado, segundo Souza, é o crescimento do poder aquisitivo dos brasileiros, que tem feito consumidores procurar produtos diferenciados. “Ela vende a sensação de experimentação e isso é muito importante”, diz.
A extensionista de bem estar social da Emater-MG, Áurea Maria dos Santos Mundin, diz que a microempresária alia o tradicional ao moderno e que o mercado pode ser promissor. Em todo o país existem cerca de 500 indústrias do quitute, sendo que 70% delas estão em Minas Gerais.
“Ainda que ela venda um pão de queijo mais saudável, ele continua calórico, em virtude dos demais ingredientes tradicionais da receita. Por isso, deve continuar sendo consumido de forma moderada.”
Divulgação em redes sociais e entre amigos é insuficiente
Hoje a microempresária tem divulgado os produtos apenas nas redes sociais e entre os amigos, essa estratégia de marketing, segundo o consultor, pode ser arriscada para a proposta de negócio de Borges.
“Como o produto dela é diferenciado, ela precisa de uma consultoria para tomar certos cuidados como divulgar e vender em estabelecimentos mais selecionados.”
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