Gigante do comércio esportivo virtual começou com fracasso em loja física
Ao abrir a loja de calçados Netshoes na região central de São Paulo (SP) em 2000, o então recém-formado economista Marcio Kumruian, 40, não imaginou que se tornaria uma gigante entre as lojas virtuais de artigos esportivos, segundo a consultoria americana Internet Retailer.
A companhia é um exemplo de negócio que pode começar pequeno, com uma loja no centro, e virar um grande negócio.
A transição da loja física para o comércio eletrônico foi gradativa, segundo ele. Em 2002, depois de ter uma má experiência com a abertura e o fechamento de uma segunda loja física, Kumruian teve seu primeiro contato com o mundo virtual. Ele foi convidado por um banco para participar de um projeto de comércio eletrônico.
“Naquela época, não era fácil ter uma plataforma para vendas online, processamento de pagamento e até mesmo uma câmera digital de qualidade para ter boas fotos dos produtos. Precisava do apoio de alguém grande”, diz.
O shopping virtual criado pelo banco tinha poucas categorias de produtos e, por vender tênis, entre outros calçados, a Netshoes foi colocada junto com artigos esportivos.
“No primeiro mês, não vendemos nada. No segundo mês, vendemos um par de sapatos. No terceiro, três pares. Fomos crescendo aos poucos. As pessoas tinham receio de comprar pela internet, principalmente calçados, porque elas têm o hábito de experimentar antes”, declara.
Para alavancar as vendas, foram instalados totens com acesso à loja virtual em academias. Kumruian diz que, em dois anos, as vendas cresceram dez vezes pela internet, enquanto a loja física crescia ao ritmo de 7% ao ano. Entre 2004 e 2005, o faturamento da empresa já era de R$ 14 milhões.
Internet possibilitou concorrência "de igual pra igual"
Na internet, o empresário afirma que podia concorrer de igual para igual com grandes lojas, ao contrário da loja física, onde o tamanho do estabelecimento é importante para chamar a atenção do cliente.
Por isso, em 2007, resolveu investir exclusivamente no comércio eletrônico. Kumruian diz que já vinha acompanhando as tendências de compras pela internet no exterior e observando o início do movimento no Brasil e identificou um potencial no negócio.
“O brasileiro gosta de tênis e este mercado têm marcas fortes, o que é interessante do ponto de vista comercial. Já a decisão de migrar para o online foi polêmica. Nos almoços de domingo, a família achava que eu estava quebrando por fechar a loja.”
Em 2009, fundos de capital estrangeiro investiram no negócio. Atualmente, a empresa possui mais de 2.000 funcionários e são despachados de 25 mil a 30 mil pedidos (que podem conter mais de um item) por dia nos três centros de distribuição, sendo dois em São Paulo e um em Recife.
O faturamento foi de R$ 1,1 bilhão em 2012. Mas a lucratividade, no entanto, permanece um desafio. Cinco anos depois de criada, a Netshoes ainda não gerou lucro.
“A partir de 2012, passamos a buscar a racionalização do negócio. É necessário encontrar o preço correto do frete, já que o Brasil é um país de dimensões continentais, e o valor certo para oferecer parcelamento no cartão, que é algo muito típico do nosso país."
Segundo ele, há um consenso entre pessoas da área de que é necessário melhorar estes pontos da operação para ter negócios que durem. Kumruian diz que considera a Netshoes uma empresa de tecnologia, e não de varejo, porque o objetivo é facilitar a vida das pessoas. A inovação, segundo ele, está no DNA do negócio.
Ele cita como pontos fortes da empresa a inclusão de uma agência dos Correios dentro do centro de distribuição para agilizar as entregas e a criação de um aplicativo que identifica um tênis. "Ao implementar o atendimento online 24 horas, temos de saber que, se o cliente pode comprar a qualquer hora, ele precisa ser atendido a qualquer hora também.”
Para Kumruian, investir em inovação é fundamental para a empresa que quer ganhar espaço na internet. Segundo ele, saber sobre tendências tecnológicas e conhecer o mercado é o desafio para se destacar.
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