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Máquina instalada em loja troca moeda por cupom de compra e dá bônus de 10%

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 06h00

A falta de troco no comércio foi a fonte de inspiração para o administrador Victor Levy, 41, fabricar a CataMoeda, em Florianópolis (SC), e começar o próprio negócio. As máquinas são instaladas em supermercados e lojas para estimular as pessoas a tirarem suas moedas do cofrinho.

O faturamento do empresário vem de uma taxa mensal que ele cobra dos estabelecimentos. Ela varia de R$ 1.100 a R$ 2.000. O valor pode ser menor para uma rede com muitas lojas de pequeno porte, ou maior para uma rede ou única loja de grande porte, pois aumenta o desgaste da máquina

A troca de moedas, no entanto, não é feita por cédulas de Real, mas por cupons emitidos na hora a serem usados no estabelecimento. Para tornar a operação mais atraente, diz Levy, além do valor depositado, o cliente ganha um bônus que varia de 2% a 10%. Se ele troca R$ 20 em moedas, por exemplo, pode ganhar a mais de R$ 0,40 a R$ 2, dependendo da loja.

“No início, esperávamos que o valor médio de depósito dos consumidores seria de R$ 4, mas é de R$ 19,80, ou seja, gera muito mais moedas do que imaginávamos porque a adesão está grande. Isso também acaba aumentando o fluxo de clientes no estabelecimento”, diz Levy

A vantagem das lojas, segundo o empresário, é que, com a máquina em operação, elas podem recorrer ao CataMoeda sempre que necessitarem de troco para abastecer seus caixas.

Atualmente, as lojas têm de fazer um planejamento prévio de quantas moedas precisam para determinado período e solicitá-las ao banco com antecedência, segundo Claudio Felisoni, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo).

Outra opção é recorrer a estabelecimentos próximos para que troquem cédulas por moedas. Existe, ainda, a possibilidade de pagar uma taxa de urgência para empresas que realizam o transporte de valores. "Essa prática não é recorrente, é exceção, e o preço da taxa varia de acordo com o contrato do estabelecimento e da empresa", diz Felisoni.

Para Marcos Manea, gerente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), as empresas precisam colocar na ponta do lápis quais são seus custos para conseguir moedas e avaliar se um equipamento desse tipo pode ajudar a diminuí-los antes de investir na aquisição.

Empresário espera instalar 400 máquinas até o fim do ano

A empresa está em operação desde outubro do ano passado, mas o projeto-piloto foi instalado em maio, em uma rede de supermercados do Paraná (PR).

Atualmente, há três máquinas disponíveis em Curitiba (PR), uma em Maringá (PR), uma em Araucária (PR), uma em Florianópolis (SC) e uma em São Paulo (SP). Até o fim do ano, serão 400 pontos de troca, segundo o empresário.

O investimento inicial foi de cerca de R$ 700 mil, de um dos sócios de Levy e de investidores-anjo. No fim do ano passado, um fundo de investimentos colocou mais R$ 1,8 milhão no negócio. Ainda não há um faturamento consolidado, segundo Levy.

Ele diz que a ideia foi inspirada numa empresa norte-americana, mas adaptada à realidade brasileira. “Nos Estados Unidos, o consumidor paga uma taxa para trocar suas moedas por dinheiro. Aqui, ele recebe um cupom mais um bônus para trazer suas moedas”, declara.

Depósito de outros objetos prejudica funcionamento da máquina

A principal dificuldade, segundo o empresário, é a manutenção da máquina, pois muitas pessoas colocam outros objetos como papel de bala, papel dobrado, chave e, até, parafuso, além de moedas. “Estamos desenvolvendo novas tecnologias para que a máquina não pare quando isso acontecer”, afirma. Segundo ele não há registro de fraude.

O presidente do Ibevar diz que a falta de moedas para troco é um problema que prejudica os varejistas. “Se falta troco para o consumidor, a loja é obrigada a arredondar o preço para baixo, o que, em grande volume, prejudica os negócios. Esta parece ser uma solução que beneficia o varejista e o consumidor”, diz Felisoni.

Para Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina, o CataMoeda só é vantajoso para grandes estabelecimentos porque a mensalidade a ser paga é muito alta para pequenos comerciantes.

"Por outro lado, o equipamento é interessante porque fideliza os consumidores com o bônus oferecido, o que estimula os consumidores a gastarem no próprio estabelecimento", diz.