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Arquiteta, bioquímica e decoradora largam carreira para fazer bijuterias

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte (MG)

06/03/2014 06h00

Fazer bijuterias foi a maneira de ganhar dinheiro encontrada pela arquiteta Juliana Lóes, a bioquímica Ana Maria Fuentes e a decoradora Loli Colpa depois de abandonarem suas carreiras. As três criaram coleções especiais para a Copa, de olho nos turistas que viajarão pelo país durante o evento.

Arquiteta e urbanista de formação, Lóes deixou de projetar prédios residenciais –carreira que seguiu por dez anos– para fazer bijuterias em São Paulo (SP). Em 2011, ela abriu o ateliê La Forme Bijoux na Vila Mariana, zona sul da capital paulista.

Na tentativa de vender mais durante a Copa do Mundo, ela criou uma coleção especial de pulseiras de miçangas com as cores da bandeira do Brasil. "A clientela gosta de produtos ligados aos acontecimentos. Não há como fugir”, diz.

Segundo o consultor do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) Marcelo Suzana, a expectativa é que 7 milhões de turistas estrangeiros e 60 milhões de brasileiros circulem pelas cidades-sede. "A maioria deve procurar 'lembrancinhas' para levar dos locais que visitou; as empresas devem investir em produtos diferentes e de qualidade", diz.

O preço das peças da coleção da Forme Bijoux varia de R$ 20 a R$ 50, dependendo do tamanho e dos detalhes. Lóes espera ampliar o faturamento em até 33% neste ano, de R$ 60 mil para R$ 80 mil. 

Lóes afirma que já fazia bijuterias e miçangas para si mesma quando trabalhava como arquiteta. Ela percebeu a oportunidade de negócio quando amigos e pessoas próximas começaram a lhe pedir para que fizesse peças para eles.

“Não queria mais trabalhar como arquitetura e as peças que usava chamavam a atenção das pessoas. Assim, descobri um jeito de mudar de atividade e ganhar dinheiro”, afirma. A empresária produz entre 150 e 200 peças por mês, com preços que variam de R$ 15 (pulseira de miçanga) a R$ 350 (gargantilha).

De acordo com a empresária, cerca de 60% das vendas são feitas para lojas multimarcas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. O restante é comercializado por meio da página da empresa no Instagram.

Bioquímica se recusa a ir para os EUA e abre loja em SP

A espanhola Ana Maria Fuentes mudou-se para o Brasil com a família aos seis anos. Por aqui, formou-se em bioquímica e se tornou doutora em biotecnologia pela USP (Universidade de São Paulo). Porém, largou a carreira para montar a Virô Brasil, em 2009, loja de bijuterias no shopping Frei Caneca, na capital paulista.

Com vendas de 2.500 a 3.000 itens por mês, a empresa espera dobrar o número neste ano por conta da Copa do Mundo.

Segundo Fuentes, a coleção de bijuterias para o evento têm forte apelo à brasilidade. São pulseiras de miçangas com as cores da bandeira nacional e colares com sementes típicas da região Norte, como açaí e jupati. Os preços variam de R$ 5 (brinco de semente) a R$ 50 (colar de semente e pedra).

“Esperamos vender bem com a Copa. São 80 hotéis na região, além de um público cativo e um ambiente que, com certeza, vai atrair também os turistas brasileiros que virão a São Paulo para ver os jogos”, afirma a empresária.

Fuentes diz que abandonou a carreira de bioquímica por não aceitar se mudar para os Estados Unidos, onde fica a sede da indústria farmacêutica para a qual trabalhava. Para abrir a empresa, ela se associou ao artista plástico Dimi Coleta, que detém 30% do negócio.

Após doença, decoradora abre empresa para fazer bijuteria

Também em São Paulo, a Loli Colpa, empresa de bijuterias de miçangas de papel, planeja dobrar o faturamento em 2014 com a Copa. A expectativa é de que a receita mensal suba de R$ 3.000 para R$ 6.000 durante o evento, segundo a proprietária, que empresta seu nome à empresa.

Para dar conta das vendas, a produção passou de 500 para 1.000 peças por mês. Os preços variam de R$ 5 (anel de tecido sintético) até R$ 150 (colar de miçanga de papel). A coleção para a Copa inclui colares, pulseiras e chaveiros com alusão à bandeira brasileira. A empresa terá pontos de venda nos aeroportos das 12 cidades-sede do torneio.

Colpa fazia bijuterias como hobby até 2003, quando descobriu ter doença celíaca (intolerância ao glúten) e teve de ficar de repouso em casa por três meses. Foi aí que o passatempo se tornou a atividade principal, e ela abandonou a carreira de decoradora de interiores. "Na época, mal conseguia subir uma escada. Mas, recuperei minha saúde e consegui me reposicionar no mercado", diz.