Apesar de todas as dificuldades, a reforma da Previdência foi aprovada em primeiro turno na Câmara, em julho, com um placar mais folgado do que o previsto inicialmente, sinalizando que o resto da tramitação seria mais fácil. Ficava claro que o projeto dificilmente seria rejeitado nas etapas seguintes.
Ainda assim, o calendário não estava imune a atrasos. Praticamente ao longo de todo o processo, desde que chegou ao Congresso, as votações tiveram atrasos nas datas inicialmente marcadas. O segundo turno na Câmara ficou para agosto, após o recesso parlamentar, enquanto o fim da tramitação no Senado, previsto para 10 de outubro, foi postergado por quase 15 dias.
Se praticamente não havia mais margem para rejeição do texto como um todo, no Senado ele seria alterado mais do que o governo gostaria.
Os senadores se comprometeram a não fazer grandes alterações no projeto, caso contrário ele teria de voltar para nova análise da Câmara. Eles poderiam, porém, retirar alguns pontos no texto principal, e foi o que fizeram.
Uma das mudanças mais emblemáticas aconteceu no primeiro turno no Senado. Os parlamentares retiraram mudanças no abono salarial, reduzindo a previsão de economia em R$ 76,4 bilhões, o que foi considerada uma derrota para o governo, que não conseguiu os votos necessários.
A vitória maior do governo, porém, estava garantida, e a reforma foi aprovada mesmo em meio à ruptura interna do partido de Jair Bolsonaro, o PSL, apontada como a maior crise política em seu primeiro ano de governo.
Mais mudanças em PEC paralela
Apesar da aprovação final, a discussão sobre mudanças na aposentadoria ainda não acabou.
Como parte do acordo para que os senadores não mudassem o texto, ficou decidido que eles criariam um projeto paralelo, com mais alterações na Previdência, entre elas a inclusão de servidores de estados e municípios na reforma. Ela ficou conhecida como PEC paralela e ainda vai tramitar no Congresso.
Além disso, a reforma dos militares também deve ser discutida pelas duas Casas.